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BESSARABIA

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O PILAR E O ELEFANTE

O pilar e o elefante
Conta uma lenda que 5 cegos se encontraram com um elefante.Cada um tateando-o o descreveu de uma maneira.O primeiro disse –este animal é comprido como uma cobra.O segundo disse –é grande como uma montanha o outro disse –seus pés são imensas toras ,o terceiro diz_êle tem asas gigantes ,o qurto possui chifres pontudos,o quinto diz sua pele é tão grossa como a madeira e assim por diante...Todos o descreveram segundo uma parte doa animal mas não tinham noção do todo
O todo desta película só pode ser entendido pela última frase de Saramago onde no caos há uma ordem que pode se tornar visível.Este filme não é somente um documentário sobre a vida de Saramago.Tampouco sobre sua companheira Pilar ele se torna visível a partir de cada espectador
Com certeza aqueles que o realizaram não tinham a mínima idéia do que seria a obra e o significado deste ELEFANTE (não “a viajem do elefante” último obra de Saramago que se refere ao elefante Salomão, que no século XVI cruzou metade da Europa, de Lisboa a Viena, por extravagâncias de um rei e um arquiduque. Dom João III, rei de Portugal e Algarves, casado com dona Catarina d’Áustria, que o havia presenteado ao arquiduque austríaco Maximiliano II, genro do imperador Carlos V) O Elefante é o peso da celebridade e só uma mulher com a resistência de sua companheira pode sustentá-lo como um pilar.
Este filme realizado por tantos e mais inúmeros atores espontâneos em cenários tão diversos como Lanzarote ou Helsinque.
Saramago conheceu Pilar quando começou a se dedicar a escrita e acompanhou a “elefantíase” de um sucesso que Saramago não suportaria sozinho.
Pilar organiza aquilo que parece superficial e duro para o doce Saramago a ponto de quase destrui-lo
Saramago é um homem de muitas letras e poucas palavras.Poucas mas de tal maneira poéticas que seu próprio silencio transforma em sentido situações prosaicas.
Pilar fala muito e como espanhola e mulher expõe suas idéias e sentimentos tão entusiasticamente que as vezes é difícil compreende-la.
Este filme deve muito à paciência dos dois.As palavras recorrentes de Saramago referentes a Montanha Branca em Lazarote podem ser entendidas só no fim quando há espaço para o reconhecimento de que num só momento tiveram uma diferença.Quando o escritor deseja e consegue subir até o topo da montanha e Pilar não o contem revelando neste momento não ser dona de vontades simples de seu amado mestre.Esta cena filmada numa precária câmera é que amarra e dá sentido a obra final .A realidade é precária ,turva e só a editoração do filme pode nos dar um sentido para esta relação de amor com o mundo
Os pés do elefante como fala a obra literária transformado em vasos que poderiam conter objetos inúteis como bengalas e guarda-chuvas é o único pesar do autor;não ter a vida ,o tempo necessário para escrever,ter cortado uma de suas partes.
A dúvida no fim de um materialista ateu se resume tão somente em observar os ossos do pé do elefante num museu.Esta é uma de suas poucas dúvidas.

sábado, 20 de novembro de 2010

VENCERE,uma versão teatral futurista de um fenômeno psicótico

Vencere,uma versão teatral futurista de um fenômeno psicótico

Há duas cenas no filme que poderíamos dizer que estão próximas da verdade.
As palavras do psiquiatra dizendo que somos todos atores e que o fascismo também passará e a outra é a cena quando a criança chora quando é separada de Charles Chaplin .O resto é puro teatro filmado
Um dos maiores fenômenos na historia da arte foi o Futurismo na Itália fascista .Nomes como o escritor Marinnetti, o arquiteto Sant’Ellia e pintores que se utilizavam da colagem e do grafismo para expressar a dramaticidade do momento.
O filme é uma colagem de cenas onde jorram lágrimas por todos os lados.O uso de documentários e dos recursos de filmagem da filmagem na verdade querem contar uma estória arquetípica recorrente na cultura pagã latina.O romance é o filho produto da relação com o pai,o deus ,o Duce condutor e salvador do povo italiano
Não é um filme histórico é mais estorico e anedótico como escreveu Guimarães Rosa em Aletria e Hermenêutica.Nesta pasta,macarrão embaralhado há um humor trágico que exige uma interpretação mais acurada do que o que pretensamente se sabe sobre o fascismo ( do nazismo ,estalismo,etc).
O arquétipo da Virgem Maria ,do complexo de Édipo só poderia ter como palco um Sanatório (as vezes é difícil saber quem é louco como no clássico “Este mundo é dos loucos” de Philippe de Brocca, onde é difícil saber quem está dentro ou fora do sanatório)O italiano é ambíguo na sua relação a igreja (a mãe) e o poder(o pai) alternando a a dramaticidade operística (as tragédias são cantadas o que as torna num tempo diferente como o cinema..) com o alegorismo kitsch das manifestações políticas (como os autos de fé da inquisição)
O filho não é “pai”, é uma caricatura do pai.Esse é um dos momentos fundamentais do filme onde o filho imita Mussolinni,sua figura hiperealista é muito mais próxima daquilo que fica do Mussolinni “real”.
A mãe (linda como Romy Scneider) é um personagem piegas que esta vivendo a loucura da paixão ,a pior das doenças mentais e a sexualidade o pior dos pecados .
O diretor utiliza-se de um recurso metonímico ao cortar as cenas com fotos de doentes mentais e metafóricos ao repetir as cenas onde a personagem passa por grutas escuras observando como num sonho as imagens que compõe o seu mundo real e mental.
Cenas teatrais como os cegos marchando à frete de dois religiosos e a afirmação de Mussolini :-quando observo esta cena me dá vontade de lavar as mãos...(ou seja esquecer o passado)
A cena no hospital onde na cúpula se projeta um filme lembra com uma freira lagrimejante e um Cristo aterrorizante lembrando a capela Cistina de Michelangelo é fantásticamente alucinógena
Outra cena teatral é quando as doentes do sanatório escalam os portais .
O filme termina mostrando a superficialidade de cenas recorrentes em filmes onde sempre há uma alma boa como a freira que chora e que empresta suas veste para que a personagem possa fugir e reencontrar-se com os fantasmas da sua historia e a falsidade de que o bem vence o mal e que as pessoas realmente boas estão atrás das janelas do carro e passam como imagens de um filme.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

SALÓ,BIG BROTHER e TROPA DE ELITE

Saló,Big Brother e a tropa de elite 2
“milícia existe para nos defender da milícia” Coronel Nascimento

Passolini em seu filme Saló foi o mais extraordinário crítico da história contemporânea Italiana .Com sua câmera procurava revelar com minúcias a realidade imutável da Itália ,um país dominado pela Máfia,pela Igreja Católica e principalmente pela classe política corrupta.
Passolini inspirado em Sade mostra como este campo constituído por este elementos criava monstros para que os membros desta sociedade doentia se deliciassem com a destruição destes personagens cientes de sua própria cruel sado-mazoquista destruição
Passolinni além de cineasta era um literato,poeta e principalmente um profícuo analista político que profetizava o que hoje esta acontecendo na Itália.Passolini foi assassinado pela Máfia com requintes que nenhum cinema poderia imaginar.De certa forma sabia como “a crônica de uma morte anunciada” de Gabriel Garcia Marques que todos de uma forma ou outra suspeitavam de um assassinato
O Big Brother da televisão é o próprio jogo sádico da destruição dos adversários.É está a mensagem que este espetáculo que substitui o futebol,a luta de Box pelo prazer de torcer pela destruição do outro.O ganhador recebe 500mil ,Pedro Bial 800 mil e a Globo milhões.É está a mensagem que os nossos filhos estão vendo na TV (sem falar da Novelas totalmente alienantes).
Entretanto,por sorte ou insistência do diretor Marcos Palmeira é possível realizar um filme extraordinário ,com uma linguagem singular e com atores excepcionais.
Para mim que aprecio o cinema sob a ótica da linguagem e seu significado posso dizer que Tropa de Elite 2 é a narrativa poética deste Big brother brasileiro mais precisamente carioca.Após Glauber Rocha é o primeiro diretor a observar a realidade com uma sensibilidade única da narrativa e linguagem fílmica brasileira.É uma verdadeira catarse,um vômito projetado na tela dos condimentos da realidade atual.
Marcos Palmeitra não é um Tarantino,Coppola,,Clint Eastwood ,Amós Gitai que criaram uma linguagem poética da violência humana (entre países ou urbanas ).
É um cineasta que trabalha com o que existe na televisão e nas ruas com um objetivo corajoso:fazer pensar.Supera a violência de seu dois filmes anteriores com uma trama da cumplicidade ,destruição e auto-destruição sado masoquista que nos lembra o cineasta grego Costa-Gravas em Z que trata da ditadura e o militarismo grego
Tropa de elite deveria ser aparecer no horário político para mostrar que não existem bons ou maus,não há maniqueísmo neste jogo.Todos ,inclusive eu e você que me lê estamos comprometido com esta tragédia.Quando Wagner Montes diz que a milícia existe para nos defender da milícia ele está afirmando que através do nosso medo (fenômeno ancestral) odiamos o próximo,nos armamos,traímos,nos escondemos na alienação mediática ou religiosa e armamos o nosso jogo inconsciente.A propaganda reproduziu milhares de vezes o consumo de álcool e o tabaco como nunca na história.Duas drogas aceitas socialmente e que sustentam a mídia A televisão sensacionalista representada no filme por Fortunato serve como Mobral do medo e da violência.Vivemos numa sociedade onde o “Apartheid” é pior do que a África do Sul e onde a guerrilha urbana é pintada como luta entre entre facções criminosas que são mantidas pelos consumidores de drogas que são da classe abastada onde o contrabando de armas é financiado por corporações bancárias
Marcos Palmeira mostra que todos são “humanos” sujeitos a serem cooptados pelo Big Brother da violência política e criminal

LOS DOS HERMANOS,decadencia vista por decademtes

Los dos hermanos,a decadência vista por decadentes
A resposta parece fácil pois se refere claramente às duas nações cisplatinas Argentina e Uruguai.mas o que torna fascinante neste filme (e em todo cinema contemporâneo argentino)é a tradição narrativa desta cultura “transduzida” ou “transcriada” da literatura para a linguagem do cinema.Desde Martin Fierro à Julio Cortazar passando por Borges os personagens expressam em seu linguajar uma maneira de ser em conflito mágico.
Daniel Furman seu diretor tem esta capacidade rara de perceber como a Argentina,ou melhor a cultura portenha desvela sua decadência olhando ou se espelhando num Uruguai mais decadente,vagaroso quase indo para atrás
São dois irmãos.Uma é uma “perua”que vive uma nostalgia e um teatro cotidiano do “Real State”,uma patologia de compradora de imóveis, do parecer mas um parecer com as luzes doas anos 50 quando a Argentina vivia seu momento áureo.
Outro,seu Irmão,vivendo seu complexo de Édipo através de uma dedicação e amor a sua mãe Neneca.Quando a mãe falece ou seja o passado se apresenta a solução que a irmã dá é exilar seu irmão numa pequena cidade do outro lado do rio,Villa Laura.
A descrição de Villa Laura (para quem conhece as cidades uruguaias é perfeita).Grandes mansões,uma arquitetura dos anos 50,um hotel com seu luminosos,um bar com os mesmos velhos jogando seu truco e um esplendoroso teatro vazio
Enquanto a irmã tenta superar sua decadência em experiências de trabalho novas e que nunca dão certo culpando a todos inclusive à sua família representada na festa de aniversário de sua tia Lala seu irmão parece encontra-se numa representação nova desta tragédia através do grupo de teatro dirigido por um diretor fracassado e com devaneios de genialidade tentando encenar uma versão contemporânea de Édipo rei de Sófocles.A representação na verdade é uma cópia de uma versão surrealista aparentemente avançada de teatro .Buenos Aires sempre copiou o que havia de melhor na Europa e também sua produção artística sempre expressou o que havia de mais progressista no mundo em todos os tempos.
Há cenas sutis que fazem pensar.Por exemplo a maneira como o diretor vê a festa na Embaixada do Brasil onde há um “macaquito” discursando no meio de pessoas fantasiadas de elegância.É hilário ver o irmão colocando em seu bornal os salgadinhos É assim que os argentinos nos vêm.
Ou a cena em que a irmã pergunta ao seu primo judeu Saul como estava Israel com a preponderante ironia contra aqueles judeus portenhos que foram para Israel obrigados pela crise econômica e nunca se adaptaram voltando pior do que estavam.
A festa de aniversario é tragicômica selada após uma violenta agressividade da irmã contra todos (que representam a Argentina atual) com um bolo todo amassado .O presente que a irmã dá ao seu irmão “o roaming” no seu celular que permite com que os dois lados se falem
Do lado Uruguaio há personagens felizes como a garçonete do bar que mostra (como na nouvelle vague) como se pode ser feliz pilotando uma motinha,o marceneiro que joga xadres.
Os personagens da cidade se tornarão personagens da peça teatral e é através da representação no teatro que e os dois irmãos podem de novo se encontrar.
É emocionante se encontrar redescobrindo o valor de cada um com suas peculiaridades.
Terminado o filme há ainda um presente aos espectadores com a apresentação de um sapateado e a cena fantástica quando aparecem os jogadores de dados apresentando uma obra contemporânea baseada nos seus sons.Isto é para nos ensinar o que é a releitura ou transcriação de uma cena prosaica

domingo, 17 de outubro de 2010

BAARIA a porta do tempo

Talvez pudéssemos começar este texto com um adjetivo afirmando que é um filme lindo com cenários fantásticos da Cicília com sua arquitetura peculiar e sua cultura singular, com seu dialeto,costume,folclore,misticismo e a trilha sonora de um dos maiores músicos contemporâneos ,Enzo Morricone.Um filme nostálgico que lembra os clássicos filmes como “Os companheiros” de Mario Moniccelli cuja narrativa heróica conta dentro de uma perspectiva marxista revolucionária a história de uma geração de trabalhadores italianos e sua relação com a máfia,o fascismo,a igreja católica,etc.Este filme longo (em alguns lugares era projetado em duas partes) emocionou toda uma geração de jovens que acreditavam numa utopia possível.
A Itália e o mundo não é a mesmo.Uma país controlado por um outro “duce” ridículo dono de um império mediático que transforma esta Itália com suas diferenças numa meleca medíocre só comparada à televisão brasileira.
A Itália vive um fascismo mediático (como no Brasil) que não só destrói o espírito de luta da cultura peninsular como tenta destruir todas as manifestações artísticas entre elas o cinema.
Para conhecimento dos que me lêem só em países onde o cinema é completamente independente da televisão e onde a televisão não pode produzir seus programas ou filmes (comos nos Estados Unidos,França,Alemanha,Israel,Argentina,Índia,Egito,etc) há uma verdadeira industria cinematográfica. O cinema no Brasil hoje é totalmente dependente das redes.Por isso a pequena e péssima qualidade das nossa produções
Este filme só foi possível paradoxalmente com financiamento americano. A obra de Tornatore é uma verdadeira guerra contra o mesmismo .É uma obra de arte e uma lição de linguagem ,portanto, de tempo-espaço.
O cinema não é uma verdade (nem o documentário),É uma maneira de contar uma história.
O filme que mais explicita o que estou tentando dizer é” Lola ,corra Lola “de Tomas Tikwer onde uma história é contada de diversas maneira diferentes mas o centro é o que sente a personagem.Neste filme a forma recorrente é a espiral.É um movimento relativo ao centro.
Baaria é construida (literalmente como um conjunto de cenários se transformando) por uma complexidade de simbolos.
Primeiro o Pião circulando como um movimento contínuo que nos coloca a questão arquetípica do que é o centro,o nosso centro,aquilo que somos?O que gira em relação a um ponto,uma espiral?
Segundo o jogo.A vida é um jogo,o cinema se utiliza basicamente de um jogo de imagens.As cartas que vão se compondo como a edição Um desafio que é o começo de outros.Tornatore pensa como cineasta que trabalha o tempo todo com a metonímia.A parte que permite a compreensão do todo
É preciso entender a associação entre a corrida e o cinema ou mais propriamente o celulóide girando em torno de um ponto passando por um forte luz que projeta imagens .Ponto,linha e luz.
O garoto Cicco vai passando pelas imagens numa velocidade que só o cinema pode expressar e esta velocidade transcende (como o arfar e cansaço) e nos leva a uma sensação transpessoal (que a poesia ou a droga dá) da emoção .Só através deste tempo-espaço diferenciado é possível sentir a beleza deste nosso mundo com todas as suas contradições e agruras.O verdadeiro poeta,o escritor,artista e o cineasta procura na sua linguagem tornar este mundo algo diferente que possa ser visto (ou melhor enxergado).
O filme trata do sonho.Como um sonho ,sem tempo.Quando Cicco de castigo na escola dorme e acorda 60 anos depois.
O que quer dizer isto?Nós de certa forma hibernamos num certo momento de nossa vida (narcotizados pelos valores da sociedade,educação,trabalho,medo,etc) e de repente por alguma razão acordamos neste mundo caótico,incerto onde o vazio espacial da nossa infância é preenchido pelo congestionamento das cidades poluidas.
Tornatore mostra que neste mundo existem pessoas que continuam iguais como por exemplo o cambista de dólares que depois se torna vendedor de canetas no mesmo lugar.A Máfia,as instituições públicas (como o chefe corrupto do departamento de urbanismo que é cego e decide mediante o pagamento explicito (parecido com o nosso,né?),A igreja como instituição imóvel do principio ao fim .Mas apesar disso há dentro de algumas pessoas sentimentos profundos de amor,amizade,humor.
O comunismo não é o de Moniccelli onde o marxismo é uma ideologia indiscutivelmente lógica moral e ética
O comunismo de Bagheria (cidade onde Tornatore nasceu) é a cara da Cicília com o fervor religioso , o amor pela justiça com alegria e sofrimento.
A vida é muito rápida ou “passa depressa” mas todos temos o livre arbítrio de organiza-la como um filme
Nesta obra há um cinema dentro do cinema.O cinema mudo acompanhado pelo piano e um personagem que lê as legendas e que dá o tom da obra ridicularizada por Ciccio,ou seja o mundo é a maneira e o tom como é lido.Os pedaços de celulóide dos grandes filmes vistos por Pepino que lembram o clássico Paradiso do próprio Tornatore A cena em que se filma a grande mansão antes proibida com seus monstros ( para quem desconhece é o palácio do conde de Bomarzo,um aristocrata enlouquecido que o construiu)O cinema como espaço arquitetônico, a televisão emergente e sua bestialidade.
O misticismo representado pelos ovos que se quebram numa cesta e jorram pelo chão.
As imagens dos rostos que vão se transformando( e as vezes confundem o espectador porque não só envelhecem como rejuvenescem) O filme vai e volta.Como a estranha personagem de luto que se parece a mãe de Ciccio e seu filho sempre lembrando sua noiva (que noiva? Um compromisso com o passado misterioso da Cecília?)
Enfim qual é o significado do mistério das três pedras atingidas pela mesma pedra.Porque não é a riqueza que a mitologia prevê mas a infinidade de cobras ?
Esta riqueza não é o dinheiro mas um desafio infinito de cobras ,serpentes que desafiaram as pessoas como Pepino em sua vida e carreira política.
Viver é ter desafios (e amar profundamente).
Há menções recorrentes sobre a velocidade ,como os deficientes se relacionam com o mundo e sobre a linguagem .Por exemplo o que queria dizer o ferreiro ( com dificuldades para falar)pedindo uma mosca e colocando esta mosca abaixo do pino do pião.Há também imagens recorrentes de construções,da transformação da cidade,a urbanização caótica e quando Pepino passa a ter dúvidas observando o Polvo cozido sendo representado por diversas espirais que se unem pela imensa cabeça do animal.
A cena final que repete a primeira cena conclui com a quebra do pião ao meio e a aparição de uma nova mosca mostrando claramente o mistério do renascimento.
Terminado o filme já não somos os mesmos.O nosso coração bate.Há lágrimas no nossos olhos.Vemos o filmes do próprio Tornatore em sua infância atrás dos títulos e a música de Morricone e uma vontade de encontra o nosso anel brilhante e de fazer o nosso próprio filme.

Queridos amigos participem deste nosso grupo de amantes de cinema acessando o site.Êle está cada vez maior e com gente interessantíssima .Há idéias excelentes também e você pode contribuir com a sua.
www.riscodearriscar.blogspot.com

terça-feira, 14 de setembro de 2010

BAL,mel

BAL,mel
Um filme sobre a doçura , afeto e o som do silencio
Qual é a relação desta narrativa que começa com a morte e termina com o sono ambos ligados à uma arvore?A primeira cena é um galho que se quebra e um corpo que cai e a ultima é um garoto dormindo junto a uma imensa arvore.O que significa isto?qual é sua mensagem .Qual é o som desta cena?o que pode dizer o silencio de uma arvore?
Esta narrativa é construída pelo som ,pelo sussurro das relações entre o homem e a natureza.
O que significa o caminhar pelos campos de trigo.Êles dizem alguma coisa?Qual a importância do gorjear de um falcão que indica os caminhos certos
O que permeia todo o desenrolar deste filme é a doçura e afeto na relação de um garoto com dificuldades para se expressar verbalmente .Yusuf sabe ler , ouvir e ver muito mais do que a maioria das pessoas, Yusuf se comunica através do silencio,observa o mundo,os elementos que o compõe,seus espaços ,objetos,instrumentos com uma delicadeza própria de uma criança singular que brinca com um cuidado único.
Não há um único sorriso no filme
É um filme sobre a lingua a fala a escrita e a linguagem cinematográfica
O mel é o fluido desta cultura e seu produtor Dos insetos conhecidos sabe-se que a abelha parece ter sua forma peculiar de se comunicar entre si mas é o que produzem que tornam o homem mais terno
É um filme onde alguém que não sabe se relacionar com o mundo pela fala pode entender a dimensão do afeto mais silencioso da natureza,das plantas,flores.
Há um mito paradoxal na afirmação do pai de que os sonhos não podem ser contados.De certa forma os sentimentos mais fortes não podem ser representados
As imagens parecem com quadros expressionistas ,escuros,focados em alguns elementos.O autor está dizendo,ou melhor,ensinado o espectador a observar as pequenas coisas iluminadas
É interessante a relação que o autor faz entre a gaguice e o acender e apagar das luzes como se fosse um exercício de observação diferenciado.Entre o todo iluminado,o que se pode ver em segundos e a memória
O cuidado que o diretor tem com seus personagens faz com que cada momento seja um capitulo.O exemplo mais forte é a beleza da integridade do professor que tem afeto por seus alunos e os ensina a não excluir ninguém.Na premiação final (tão desejada por Yusuf) há somente misericórdia,afeto compartido por uma comunidade que intui é o que é o amor.
A beleza é doce como o mel.A oração das mulheres re-escreve através do mito do anjo Gabriel a dor da perda.As danças de roda ,o enrolar das cordas o ascender dos objetos por cordas e o baixar dos favos de mel e sua arquitetura , o prazer de prová-los
O afeto que Yusuf tem por seu amigo Hadim é tão grande a ponto de presenteá-lo com o que tinha de mais valioso,um navio O ouvir da poesia da coleguinha e sua perseguição até encontrar uma grande ponte e o sentir suave do laço perdido pela menina e o exercício de cegueira,outra maneira de enxergar o mundo
O filme se desenvolve vagarosamente para que o espectador saboreie as cenas como pinturas ou cartões postais da época Otomana.
A relação entre Yusuf e seus pais é tão amorosa e os momentos que mais nos comovem é quando o colocam sobre seu colo ou o colocar suave da mão na cabeça ou o sussurrar ou a cumplicidade doce do copo de leite.Cenas tão lindas vivenciada pelos privilegiadas que já tiveram pais ou avós
Esta imagem quase desapareceu no mundo ocidental substituída tão somente pelo castigo ou a sexualidade.Lá Yusuf tem seu lugar,seu pedestal que não é o mesmo da sociedade tão somente verbal
Diferentemente da cultura ocidental que exige um começo,meio e fim esta narrativa não é um mosaico com flash-backs usuais mas é a colocação de uma pergunta.O que aconteceu no começo e qual o significado do fim ?
Para o Yusuf foi a descrição proibida do sonho por sua mãe relatando o encontro de todos na floresta colhendo e saboreando o mel. Descrever nesta cultura é prever de certa forma e determinar o futuro no tempo e espaço
Dormir com um árvore é guardar os sentimentos mais profundos e transcendentes e procurar entender de outra forma o mosaico de sons num contexto de dor .
Abracei a grande árvore que vejo todos os dias em minha casa.Ventou a noite toda,ouvi o cair dos galhos e o som dos pássaros noturnos.Quando abri a veneziana vi os galhos e folhas dispostos como uma obra divina.Resolvi andar descalço e ouvir
a lição deste doce filme.Ouvi as Jatobás minha lindas amiguinhas que se mudaram há anos entre os tijolos da casa.Imaginei quanto mel deveria ter.Olhei seus lindos pórticos de cera,suas vizinhas formigas com sua arquitetura e as teias das aranhas.Neste momento caiu de repente um maracujá .Era doce,muito doce.Lembrei-me de meu pai e o enorme caramanchão de maracujá que tínhamos na Vila Mariana e de como pegava a fruta transferindo-a com todo cuidado com suas mãos de alfaiate e escritor e como saboreei esta fruta me lembrando desta mesma doçura e elegância .Preparei um suco para minha filha mas acabei servindo aos meus amigos mas há muitos ainda no chão do jardim.

BAL,mel

domingo, 15 de agosto de 2010

UM BRILHO DE MULHER

A única maneira de se entender a linguagem deste filme da mesma diretora de “O Piano”é reconhecer que existe uma forte linguagem cinematográfica feminina,um brilho que só a mulher pode ter,que se diferencia da do homem que tradicionalmente dominou a historia do cinema.
A grande precursora desta linguagem cinematográfica feminina foi Agnes Varda a diretora francesa que nos anos sessenta mostrou através da película cinematográfica a cor do amor.Em “Le Bonheur” ,as duas faces da felicidade, a relação amorosa se dá num cenário impressionista como se os personagens estivessem saindo de uma tela de Monet embalados por uma musica de Debussy.
O que sustenta “O brilho de uma paixão” é a trama poética como tessitura de uma teia de aranha que vai capturando os personagens em suas distancias que vão diminuindo aos poucos pelo estigma da doença dos poetas e a dor das amantes.
Como define um dos personagens”o poeta é que esta dentro do poeta e não é o poeta” parecido com a frase de Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente “
O que a diretora mostra que a costura não é “fashion” ou “moda”.A arte da costura tem uma complexidade da matemática e arquitetura e aí se aproxima da poesia que é a verdadeira essência das construções sejam ela literatura,do cinema e das artes .Ela também é uma dobradura como um origami que vão se dobrando e desdobrando como o amor e a paixão num contexto histórico sombrio desconhecido.
É um cenário familiar,sólido,doce onde é permitido ser criativo mas a doença permeia a criação
Na verdade são três personagens ,os poetas Keats e seu amigo Brown e Fanny a “designer” dos lindos trajes exóticos que permeiam as diversas cenas do filme.A relação entre os dois poetas onde um tem um humor mordaz e um senso de realidade onde o amor é uma relação oportunista que o leva a engravidar a criada mas ao mesmo tempo uma fidelidade ao amigo e ao seus princípios Fanny escrevendo através do tecer,do compor (muito bem percebido por um provocante Brown) como forma de conquista e aí também há uma relação com a dança das borboletas Há também a sutilidade das dobraduras como crisálidas que encerram palavras escritas com caligrafia portentosa .A caligrafia como arte também é infinita mas a forma como se apresentam é uma lição de conteudo e continete
A diferença entre “O Brilho de uma Paixão” e o “Piano” da mesma diretora é a relação silenciosa entre dois seres através da musica e do objeto da musica,o piano.Esta é a tessitura do amor entre uma surda-muda e um simples mestiço da Nova –Zelandia.
È bom lembrar outro classico “A festa de Babette” onde há também uma linguagem poética que se expressa através dos alimentos da composição dos pratos e talheres,a beleza das comidas e que constrói uma relação entre os personagens que ao fim termina com uma grande roda
Também a película “Como água e Chocolate” há uma estética da comida como linguagem que perpassa uma relação de amor .

Seja um banquete,a musica ou a costura há uma essência comum que á a vida mas é seu brilho que só alguns artistas podem ver

Participe deste debate acesse www.riscodearriscar.blogspot.com

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Um desencontro explosivo

Na sessão de sexta no Topázio aconteceu algo tão excepcional que lembrou-nos os velhos tempos em que a platéia participava ativamente do filme.
Acho que deveríamos reservar algumas cadeiras para grupos de velhinhas divertidas que melhor que as “claques” pagas sabem fazer humor como nunca.
Nunca rimos tanto diante deste filme filho de uma serie de outras películas mas com uma evidente influencia do clássico de Robert Rodriguez” El Mariachi” aquela história do tocador de violão que é confundido com um assassino profissional e passa por mil e umas .O filme com um custo baratíssimo teve uma continuação com Antonio Banderas que também fez um sucesso imenso lançando Robert Rodriguez o apadrinhado do famoso diretor Quentin Tarantino para uma carreira espetacular
A receita é fazer daquilo que parece violento, comum nos filmes policiais ,dos road movies uma verdadeira maçaroca anedótica.
Começa com uma linha melódica linda que lembra o “narcotango” herdeiro de Astor Piazzolla
É claro que com uma dupla como Cameron Diaz e Tom Cruise qualquer obra torna-se um sucesso porque ambos são excepcionais atores.
Mas a obra não é tão boboca como poderia parecer.É uma fábula de sonhos e desejos que vão se construindo através de uma mulher ingênua e romântica e um super agente divertido que vai durante a película dando aulas de geografia e turismo.
Esta ficando cada vez comum os filmes colocarem esta mesma questão:o que gostaríamos de fazer e ainda não o fizemos.?
Para o agente era fazer uma viajem pelo Orient Express ou beijar uma linda mulher num hotel da riviera francesa.Para a moça seria tão sòmente beijar nem que fosse por uma única vez o agente (que ela não sabe que é)
Pois assim é,o filme se desenvolve dentro da paisagem aristocrática de Boston e percorre até as praias de um Cabo Horn imaginário (mas que existe ao sul da Tierra Del Fuego) depois passando por uma ilha no meio do Atlântico (ainda existem?) e praias na Jamaica.Depois uma corrida de touros em Pamplona e cenas lindas na arquitetura mourisca espanhola.
O mito da energia interminável como o sol ,o “moto perpétuo” é também uma lição de auto-sustentabilidade.
Portanto mais que um encontro explosivo é um explosão de gargalhadas que lavam a alma. e educam
E aqui vem com o devido respeito depois do festival de Paulínia com tantas produções caras e sofríveis uma questão :Porquê o cinema brasileiro ainda não sabe fazer películas simples como o cinema argentino?Ou como o cinema palestino?israelense?iraniano?mexicano e até americano?
Sem entrarmos das nossas prosaicas disputas futebolísticas poderíamos começar a fazer co-produções como nos velhos tempos da Veracruz ou Cinedistre.
Mestres Argentinos assim como o foram Italianos deixariam um conhecimento fantástico para a história do cinema contemporâneo brasileiro.
Mas temos que fazer justiça a um personagem aplaudidíssimo em Paulínia o grande diretor Hector Babenco,argentino,judeu autor de” Pixote” e “O beijo da mulher aranha” dois filmes que jamais envelhecerão como as velhinhas do Topázio.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

LE PETIT NICOLAU é "CHUETTE"

Não há palavra mais agradável com tantos sinônimos no jargão francês como “Chouette dita num certo momento por Nicolas.Vejamos:legal,lindo ,simpático,forte,querido,amável,bonito..Cada qual na sua característica tem seu valor dentro de um espírito de amizade legitima.Somos diferentes mas cada um tem seu valor,sua característica reconhecida pelo grupo
“Chouettes”

Assim são todos os personagens deste filme que nos lembram os clássicos de Jacques Tatit de Yves Robert “A guerra dos Botões” o maravilhoso “Balon Rouge” e porque não o insólitos de François Truffot (Jules et Jim,O quarto verde)

Ao contrário de outros filmes onde há sempre há maus e bons,vencedores e vencidos aqui há personagens belos na sua própria contradição.Nada como o humor para mostrar esta insólita maneira de ser.
E não são só os garotos mas as professoras,o bedel,o diretor e o ministro da cultura ,a mãe,o pai,o patrão ,a mulher do patrão o mordomo de um dos meninos,os vizinhos

Mas atrás desta comédia há uma complexidade arquetípica muito séria que exige a compreensão de todos .Qual é o significado da ameaça que um novo irmãozinho ?
Este bebê na psique infantil corresponde a perda do privilegio do amor .

No plano da imaginação infantil este monstro se confunde com a criatividade ingênua do grupo.
Os personagens são todos respeitosamente tolerantes nas suas diferenças e isso que fascina o espectador acostumados com o maniqueísmo usual da novela e do cinema policial ou de aventura.

A cena em que passam pelo teste psicológico de Rosharsh é a lição (ingênua e anedótica) de que cada um projeta nas manchas aquilo que é ou que sente.
A cena com o Ministro da Cultura é “Chouette” porque o próprio é um personagem completamente inesperado fazendo joguinhos de palavras para que os pobres meninos instados a não rir pudessem relaxar e quando pergunta ao pobre aluno que nunca sabe nada qual é o rio que corta Paris o menino responde (com imagens mostrando-o correndo em aparelhos e chegando a Paris diante de uma placa escrito Sena) e a classe inteira o aplaude numa alegria contagiante de reconhecimento pela vitoria do mesmo.

A maneira como o diretor trabalha as cenas como se fossem parte de uma historia em quadrinhos ,sobrepostas.Algumas vezes há uma clara referencia a Asterix.
A cor da película lembra os filmes dos anos sessenta assim, como a arquitetura com seus tons azul-claro e vermelho.
Assim são as imagens de uma cidade onde ainda há cantos e pequenos jardins a frente
das casa.Colégios austeros e terrenos baldios já com a ameaça da especulação imobiliária dos anos sessenta.
E o mais importante e que serve de referencia para a reflexão de todos nós o que a professora escreve no começo do filme”

O que vocês serão quando crescerem ?
Uns serão ministros para comerem mais,outros policiais,outros ciclistas,outros bandidos...

O nosso “petit Nicolas” após todas as aventuras conclui:
---Já sei o que serei, HUMORISTA !!!!!!!!

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http://www.riscodearriscar.blogspot.com/

terça-feira, 22 de junho de 2010

Porquê as minorias étnicas muçulmanas são menos importantes que os GAZINOS ou BEIRUTINOS?

Ninguém se interessa mais pelo que chamamos de GAZINOS (palestinos de Gaza) ou BEIRUTINOS (Palestinos de Beirute) do que Israel
Sem querer entrar em detalhes sobre as razões e tragédias desta longa história para quem conhece o cotidiano deste povo basta dizer que ele é tão miserável quanto os “sem teto” brasileiros ou qualquer excluído seja negro ,homossexual ou “borderline”
O que mais me incomoda é a “onipotência” de quem quer representá-los através de um discurso político,ideológico ou humanista.Isso serve para qualquer movimento radical,terrorista ou ingenuamente humanista.Para dar um exemplo é o mesmo que um estudante barulhento aqui da Unicamp falar em nome de todos em favor do ambientalismo e jogar lixo na rua ou não ajudar ao seu amigo que sofreu um acidente.É muito mais fácil falar e abraçar suicidamente causas e não resolver nada.
O que mais quer um Gazino ou Beirutino de terceira ou quarta geração?Éo mínimo.Ter uma casa,saúde dar educação aos filhos e se possível sair daquele gueto para um bairro melhor.Ninguém tem a onisciência de um militante ignorante ou tecnocrata ambicioso ou o político oportunista.
A quem interessa esta discussão inútil da flotilha turca seguramente monitorada pelos serviços de segurança israelenses?Aos Gazinos ou israelenses?
Qualquer movimento deste vulto gera na comunidade judaica uma postura de defesa incondicional do Estado de Israel somado ao forte lobby da grande massa de evangélicos e pentecostais fundamentalistas dos Estados Unidos e de outras nações que hoje constituem de fato os grandes aliados de Israel.
A quantidade de bobagens que denotam profundo desconhecimento da história universal e particularmente do Oriente Médio e do fato de que nunca houve uma revolução “mística” ou religiosa que não fosse baseada em interesses basicamente econômicos.A mais terrível ditadura islâmica como a Arábia Saudita ao mais pobre e miserável democracia vudu do mundo como o Haiti estão sincronizada pela engenharia jurídica e econômica internacional.A arquitetura Jurídica é mais um atribuição de filósofos do que hermeneutas bíblicos .A construção jurídica (do edifício das leis internacionais) nunca se transformou através do rompimento drástico das regras estabelecidas e a poética ,se assim possamos chamar ,das revoluções sempre se deu através de regras gramaticais severas e as vezes trágicas.
Nem a História e muito menos a Semiótica ou a Psicanálise ousariam dizer que houve de fato uma revolução na história.A Historia como ciência de escrever a mentira, a semiótica como a arte de interpretar a mentira e a Psicanálise como poética da alma mentirosa formariam a tríade da especulação paradoxal de uma realidade cuja verdade é contestável.
Anedoticamente poderíamos falar do pragmatismo da 25 de Março ou do Bom Retiro e convidar para um churrasco Judeus,Árabes,Coreanos e Bolivianos para discutir a crise do mercado com a invasão de produtos chineses.Seguramente não sairiam por aí jogando bombas nos seus vizinhos chineses (que na maioria das vezes são de Taiwan) .
Gostaria de dizer ao amigo que me lê que conheço tão bem Gaza assim como o pátio do Colégio (onde se encontram hoje a maioria dos ,”da rua”) e lhes digo através das palavras de seu profeta Wesley que não lhes interessam representantes e o que querem você precisa descobrir por si próprio.

terça-feira, 15 de junho de 2010

RISCO DE (AR)RISCAR

Risco de arriscar

Se você está interessado neste assunto te convido para meu site
http://www.iar.unicamp.br/galeria/izaak_vaidergorn/index.htm
e terei o maior prazer em trocar informações sobre o assunto

The Word “arriscar” in portuguese has two meanings.First as a mark, a symbol,design and second as courage and will
Risco de arriscar means the representation of the will
If you are interested I sugest you to link with this site

http://www.iar.unicamp.br/galeria/izaak_vaidergorn/index.htm

En portugais le mot “arriscar” a deux significations, première de la marque, le dessin, l'écriture et l d'autre part,la courage
Risco de arriscar est le dessin de la volonte
Si vou setes interesse jê aimerais de vous explique mon travail de maitrisse
Dans cette direction

http://www.iar.unicamp.br/galeria/izaak_vaidergorn/index.htm



Tradução do português para albanês
rrezik për të rrezikut
Tradução para o árabe
خطر للمخاطر
Tradução do português para armênio — ALPHA
ռիսկի ռիսկի
Tradução do português para azerbaijano — ALPHA
ris risk risk
Tradução do português para basco — ALPHA
arriskuak arrisku
Tradução do português para bielo-russo
рызыка рызыцы
ryzyka ryzycy
风险,风险
Tradução do português para chinês (tradicional)
風險,風險
Tradução do português para búlgaro
риск за риск
risk za risk
Tradução do português para chinês (simplificado)
风险,风险
Fēngxiǎn, fēngxiǎn
Tradução do português para chinês (tradicional)
風險,風險
Fēngxiǎn, fēngxiǎn
Tradução do português para coreano
위험 위험
wiheom wiheom
Tradução do português para Crioulo haitiano — ALPHA
risk risk
Tradução do português para croata
rizik za rizik
Tradução do português para dinamarquês
risiko for fare
Tradução do português para eslovaco
riziko pre riziko
Tradução do português para esloveno
tveganja za tveganje
Tradução do português para coreano
위험 위험
wiheom wiheom
Tradução do português para croata
rizik za rizik
Tradução do português para armênio — ALPHA
ռիսկի ռիսկի
rriski rriski
Tradução do português para bielo-russo
рызыка рызыцы
ryzyka ryzycy
Tradução do português para búlgaro
риск за риск
risk za risk
Tradução do português para dinamarquês
risiko for fare
Tradução do português para eslovaco
riziko pre riziko
Tradução do português para francês
risque pour le risque
Tradução do português para georgiano — ALPHA
რისკი რისკების
Tradução do português para hebraico
סיכון סיכון
Tradução do português para holandês
risico voor de risico's
Tradução do português para húngaro
kockázatot jelent veszélyt
Tradução do português para indonésio
Tradução do português para inglês
risk to risk
Tradução do português para irlandês
riosca do riosca
Tradução do português para irlandês
riosca do riosca
Tradução do português para italiano
rischio per rischio
Tradução do português para japonês
リスクはリスク
Risuku wa risuku
Tradução do português para letão
riska riska
Tradução do português para lituano
pavojų rizikos
Tradução do português para macedônico
ризик за ризик
rizik za rizik
Tradução do português para maltês
riskju għas-riskju
Tradução do português para norueguês

risiko til risiko
Tradução do português para persa
خطر خط
Tradução do português para polonês
ryzyka na ryzyko
Tradução do português para romeno
risc pentru risc
Tradução do português para russo
риск риску
Tradução do português para sérvio
ризик ризик
Tradução do português para suaíle
hatari hatari
Tradução do português para sueco
risk för risk

Tradução do português para tailandês
Khwām s̄eī̀yng khwām s̄eī̀yng
Tradução do português para tcheco
riziko pro riziko
Tradução do português para turco
risk risk
Tradução do português para ucraniano
ризик ризику
Tradução do português para urdu — ALPHA
خطرے کے خطرے سے
Tradução do português para vietnamita
nguy cơ rủi ro
Tradução do português para yiddish
ריזיקירן צו ריזיקירן

sábado, 5 de junho de 2010

O que resta do tempo é o riso.

Para entender o filme de Elia Suleiman,O que resta do tempo gostaria de fazer um teste de humor com o leitor

Um russo,um etíope e um URUGUAIO se encontraram em Tel Aviv e o russo diz ---lá na Rússia me chamavam de judeu idiota aqui em Israel me chamam de russo idiota ...Aí o Etíope diz ---Lá na Etiópia me chamavam de judeu sacana aqui me chamam de negão sacana Ai o Uruguaio diz--- pois a minha situação é pior ainda lá no Uruguai me chamavam de judeu babaca aqui me chamam de ARGENTINO babaca !!!!!

Israel é o pais das minorias.Além das diversas etnias que imigraram para lá,há diferenças ideológicas ,religiosas,políticas,futebolísticas e dentro disto grupos que se excluem mutuamente.A unidade do povo judeu se da paradoxalmente pela discriminação e perseguição.A criação de Israel se deu principalmente pelo HolocaustoE a existência do Estado de Israel se institui pelo conflito muito mais ideológico do que entre dois povos sofridos.O filme fala especificamente de árabes católicos de Nazaré e é esta a maneira que o diretor constrói a narração e a composição de imagens com intuito de mostrar os paradoxos desta Babel de línguas e costumes diferentes num grupo de minoria árabe não muçulmana,o humor através do desnho de tipos anedóticos
A linguagem basicamente é a da caricatura.A câmera está sempre parada acompanhando os personagens tanto cristãos como israelis se movimentado quase em câmera-lenta.São cenas longas que permitem acompanhar o absurdo dos fatos através de gags Há diversas cenas que lembram clássicos do cinema como “Messieur Hulot” na cena em que o professor pergunta a Elia quem falou de colonialismo ou imperialismo o este fica olhando para cima embasbacado sem entender nada.O personagem é uma espécie de Buster Keaton silencioso .Acompanha a historia sem dizer uma única palavra.Com certeza trata-se do alter-ego do autor que não consegue ver o sentido deste mundo daí o subtítulo da presença da ausência tão bem explicitada pelo sábio campineiro Ruben Alves.Há uma espécie de saudade perene de algo misterioso num território de panacas israelenses que não tem historia e desejam perpetuar seu território com uma língua nova que um artificialmente as diferenças mas também fascinados pela cultura inimiga.
Mas não é um filme árabe como o são os clássicos egípcios ou iranianos.É um filme europeu sincrético pensado em árabe ,hebraico,inglês e até filipino.
O cinema israelí apesar de muitas produções só tem como paradigma Amos Gitai que adquiriu uma linguagem que não é teatral nem heróica mas simplesmente um tempo cinematográfico que se traduz por seqüência de planos as vezes muito longos e aborrecidos.Poderíamos para exemplificar afirmar que tão somente Glauber Rocha consegui encontrar uma linguagem que se aproxima da alma brasileira infelizmente nunca igualado
Este filme de Suleiman é de um intelectual que usa as imagens factuais para que o espectador por si só como diante vivencier a atmosfera do riso como numa encenação de “clowns”
Para Suleiman as manifestações palestinas e as reações do exercito israelense são como um carnaval com dia marcado.Apesar do humor inteligente pode tocar as posições radicais de ambos os lados não preparados para uma experiência de alteridade e compaixão.
A imagem recorrente dos três amigos no bar e as pessoas passando com seu gestos encenados que refletem o tempo na relação entre a cultura árabe e israelí.
Cenas como as noites de pesca e a patrulha do exercito são absolutamente insólitas mas também representam metaforicamente algo que se espera como o peixe ,símbolo cristão da redenção .
A relação entre a musica e as imagens da televisão compondo com as janelas com a cidade ao fundo principalmente na cena final com os fogos de artifício é plasticamente comovente
A fotografia da arquitetura de Nazaré e o olhar nas cenas finais do hospital onde se percebe claramente o absurdo de tudo com os atores exibindo um jargão e um gestual de uma cultura que esta formando é o que resta no tempo ou seja a poética do sentido .,a presença da ausência.
Há momentos de difícil compreensão para o brasileiro quando no final o menino vem vender “ful medamas” ( uma espécie de fava) que faz parte da alimentação obrigatória do povo árabe e israelí e a empregada filipina num inglês estranhamente incomprensível diz par o policial dar-lhe um cigarro mostrando este novo persobagem da história contemporânea de Israel que são os imigarntes ,filipnos,tailandeses que estão substituindo a mão de obra palestina
Dizendo claramente tudo pode mudar mas como dois povos irmãos, como o gosto do “ful” a alma árabe e judaica permanecem...
Um Homem sério.ou um “mentsch”

Um homem sério é um filme falado em inglês ,legendado em português e pensado em iidish.Um “mentsch” significa um grande homem ,titulo honorifico que a comunidade dá ao “Ben Adam”,filho do homem primordial ,o arquétipo que determinou Adão e seu filhos
Para quem não entende esta face da cultura judaica pós holocausto torna-se difícil(ou quase impossível) entender o filme dos irmãos Coen (ou Cohen como se pronuncia literalmente em hebraico que é a classe sacerdotal do templo em Jerusalém)
Primeiro porque ele trata de um arquétipo o Dibuck recorrente em todas as famílias judaicas principalmente àquelas que desejam ardentemente esquecerem suas origens.
Muito mais profunda que a cultura iluminista que pinta o judeu como um herói do pensamento (como Freud ou Marx) ou da ciência (como Einstein) o Dibuck como o “Shlimazel ou o “Schlemiel” é o desconhecido “encosto” persecutório presente no DNA judaico.O Schlimazel é o azarado que derruba sempre a sopa.O Schlemiel é o azarento em quem a sopa cai.
A primeira parte do filme falada num iidish (dialeto dos judeus ashquenazi da Europa Oriental) já mostra o peso que é ser “o povo eleito” .O Dibuck é o fantasma que aparece em todos os judeus como a bipolaridade .O “mishiguene” é o louco que está em todos nós.É a pulsão de um herança de glórias e sofrimentos
O personagem principal é bom , é um “tzadick” (justo)como devem ser todos os garotos que se prostraram diante daquele dedo de prata no seu Bar Mitzvah (cerimônia dos treze anos dos meninos judeus).Tem um irmão gênio esquizofrênico.Uma mulher que ama seu amigo seboso e caricaturalmente “soft and light” um zen forçado e falso contaminado pelo” new age” do reformismo judaico
Os afetos e ódios transitam dentro deste contexto judaico , a escola,a sinagoga e a relação com um mundo novo representado por uma cultura recém ingressa no universo americano como é a coreana com valores totalmente diferentes
Uma geração apavorada com o o dibuck anti-semita representado pelo caçador-vizinho sempre propenso a invadir os limites (mais psicológicos do que reais) e a ameaça à sexualidade travada pelo espectro da “iidishe mome”( a super mãe judia) tão decantada por outro cineasta judeu tipicamente novaioquino,Woody Allen
O absurdo Kafkiano ( que era judeu,tcheco de cultura alemã e pensava em idish ) das relações com o advogado dúbio ,com três gerações de rabinos (que representam as três grandes correntes do judaísmo contemporâneo,ortodoxos,conservatives e reformistas) numa história ambígua como a do dentista que descobre letras nos dentes de um “goy (não-judeu)” estúpido e as interpreta como um sinal de “hachem” (literalmente o nome do impronunciável) .Uma história que não tem fim pois este é o destino destas historias judaicas( o dibuck da múltiplas expulsões,a inquisição, do holocausto),múltiplos enredos e fins dentro de uma paranóia de cartas apócrifas ,culpas e duvidas diante do estranho
O “radinho” e a nota de 20 dólares representam a conquista da individualidade culposa do jovem judeu americano
O professor de hebraico representa este novo momento na história judaica,o advento da Utopia do Estado de Israel e a criação de uma língua nova o hebraico este esperanto bíblico que integrará o povo judeu num futuro magnânimo e messiânico .Não é mais o iidish,o alemão,polonês,russo mas o “ivrit” hebraico que supostamente fará deste judeu um homem novo,livre dos preconceitos mas não é tampouco a voz e a musica de um radinho portátil e um fone de ouvido.Esta é de fato a liberdade fictícia que todos desejamos (como o é o celular ).É hilário (para quem entende hebraico) ouvir o “moré” (professor) gritar “Chequet iealadim” (calados,calados ,estudantes) Pois o dibuck da cultura possessiva e invasiva do judaismo imigrante, é absolutamente intolerável e cala qualquer movimento libertário.O jovem na America deve nascer como “ winner” (vencedor ) milionário , doutor em alguma coisa de preferência a medicina.
Este discurso dúbio ( que alguns psicanalistas chamam de “duplo vínculo”) é por um lado o começo de um processo esquizofrênico ou do outro a “individuação”.Não é a toa que existam tantos neuróticos e psicanalistas judeus
O Bar Mitzvah que aparece nos filmes de Hollywood não é exatamente aquilo que sente um jovem judeu de 13 anos.É um verdadeiro terror só comparável ao “brit milah” ,a circuncisão.A cena na Sinagoga ,no púlpito, diante de todos os personagens caricatos foi expressa pelos diretores como é de fato para os meninos (como eu) com o artifício deformante da câmera . O personagem vê o mundo com alteridade e compaixão ancestral .A obra de seu irmão é como a cabala,a tradição,ou melhor “outra” tradição com seu amuletos e desenhos.Esse irmão pedófilo.imoral mas um menino inocente é também bom e é essencial para a constituição de cada um de nós .(o amor judaico é um espelhamento um “face to face” portanto exige a compreensão do outro como a obra incompleta de “Hachem” )
A história termina quando o personagem exerce o “mandato” de pai .De certa forma é dizendo-agora é sua vez de sofrer..”.ingale”(menininho)
Entretanto o “Dibuck” que reaparece na forma de um rabino que diz coisas sem pé nem cabeça(o desconhecido fala uma língua que re-conhecemos) mas entende que a “individualização” é um direito exclusivo desta passagem pelo deserto só comparada ao tornado que parece ser um mero espetáculo diante da realidade interior.
É bom lembrar que o filme também se inspira em dois outros clássicos do cinema expressionista como o “ Dibbuck” e o “Golem” e é um tributo à literatura iidish
Para um judeu que assiste este filme é uma tragicomédia mordaz.deliciosa e para os “goyim” (não-judeus) é uma oportunidade de conhecer uma outra face da cultura judaica.
Os Coen (os sacerdotes da luz cinematográfica) puderam desta maneira se encontrar com seu dibuck e transcenderam toda sua produção cinematográfica e encontrarem metaforicamente com seu radinho de pilha.



Imagens dos clássicos expressionisats “Der golem” e “Der dibbuck”
Izaak Vaidergorn
UM HOMEM ENTRE MIL
Rudiard Kipling
(tradução dedicada a meu paíi Marcos Vaidergorn )

One man in a thousand, Solomon says,
Will stick more close than a brother.
And it's worth while seeking him half your days
If you find him before the other.
Nine nundred and ninety-nine depend
On what the world sees in you,
But the Thousandth man will stand your friend
With the whole round world agin you.

'Tis neither promise nor prayer nor show
Will settle the finding for 'ee.
Nine hundred and ninety-nine of 'em go
By your looks, or your acts, or your glory.
But if he finds you and you find him.
The rest of the world don't matter;
For the Thousandth Man will sink or swim
With you in any water.

You can use his purse with no more talk
Than he uses yours for his spendings,
And laugh and meet in your daily walk
As though there had been no lendings.
Nine hundred and ninety-nine of 'em call
For silver and gold in their dealings;
But the Thousandth Man h's worth 'em all,
Because you can show him your feelings.

His wrong's your wrong, and his right's your right,
In season or out of season.
Stand up and back it in all men's sight --
With that for your only reason!
Nine hundred and ninety-nine can't bide
The shame or mocking or laughter,
But the Thousandth Man will stand by your side
To the gallows-foot -- and after!
--------------------------------------------------------------------------

Um homem entre mil-diz Salomão-se unirá a ti com mais amor que a um irmão;
E vale a pena busca-lo metade da vida
Pois pelo menos o encontrarás antes da outra metade .
Novecentos e noventa e nove homens ¡!!!!!
Dependentes daquilo que os homens vêm em ti.
Mas ,o Milésimo Homem será teu fiel amigo
Embora todo mundo s e volte contra tí


E ,não serão as atenções,promessas ou súplicas
Que decidirão como vai encontra-lo
Novecentos e noventa e nove homens !!!!
Buscarão pelo que pareces, conquistas e tua glória
Mas,se Êle te encontra e tua a Êle
Todo resto do mundo perderá sua importancia
Porque o Milésimo Homem navegará contigo
por todos os mares e tempestades.

Poderas usar sua riqueza como se fosse tua e
E usará a tua como se fosse sua,
E sorrirá todos os días sem lembrar do que emprestou
Novecentos e noventa e nove homens!!!!!!
Reclamarão da riqueza de teus negocios ,
Mas,o Milésimo Homem ,
vale mais que todos juntos
Porque podes abrir docemente teu coração

Todas as suas tristezas também serão tuas
E suas alegrías também serão tuas
Assim,em todos os momentos,nas bons e maus momentos
Oferecerá seu apoio contra todos
Já que tua causa será sua propia causa.
Novecentos e noventa e nove homens !!!!
Não poderão suportar a vergonha,a burla e o rizo
Mas,o Milésimo Homem ,
sempre estará a teu lado
Até ultimo degrau do Patibulo - e com certeza depois.
El tango de sus ojos
(crítica do filme “O segredo de seus olhos”de Juan Jose Campanella)

“Que el mundo fue y será una porquería
ya lo sé...
(¡En el quinientos seis
y en el dos mil también!).
Que siempre ha habido chorros,
maquiavelos y estafaos,
contentos y amargaos,
valores y dublé...”
Tango de Enrique Santos Discepolo





A primeira vista este filme é um mero policial inspirado em outros com as mesmas cenas e trejeitos policialescos.
Entretanto “La pregunta de sus ojos” obra em se inspirou deveria se chamar “El tango de su ojos” mais adequado a linguagem expressamente portenha que o diretor Juan Jose Campanella quis dar a uma historia recorrente no cinema.
Há 5 personagens .Darin que faz o oficial da justiça que jamais se esquece da cena de estrupo e assassinato e que deseja escrever um livro relatando sua visão deste acontecimento.O marido apaixonado da vítima .Uma juíza bela e sedutora que não consegue superar seus vínculos com sua formação burguesa.Um outro oficial alcoólatra sempre com uma frase anedótica e o assassino que se revela pelo olhar psicopata em todas fotos.É assim como em “Blow-up” de Antonionni que se começa a desvendar o mistério do olhar com um conjunto de fotos.Como nossa memória ou a memória preto e branca do pais vizinho.
O diretor Capanella transcria esta historia como uma tragicomédia ,uma novela mexicana onde todos os personagens são conscientemente caricatos.Em nenhum momento o diretor quis fazer dos atores seres reais.Nem a própria cena da jovem estuprada é realista.É em principio uma obra teatral filmada com todos o atores maquiados e vestidos segundo o papel que viverão tratando da complexidade singular da justiça argentina onde se contrapõem ,burocratas ,simples funcionários,”Office boys idiotas com a juíza ,a mulher pós-graduada em Cornell.Cada um com sua porta abrindo ou fechando-a.Uma caricatura do cinema francês e seus bla-bla-blas .Mas o portenho é anedótico e sua fala é extremamente agradável aos ouvidos brasileiros.Existe um amor mutuo entre os arrogantes portenhos e os “macaquitos” brasileiros.Esta”media-luna” cinematográfica do café “Tortoni” na Avenida de Mayo e o Racing como a Portuguesa que nunca chega ao título, com suas torcidas fieis , enredo desta iguaria que os brasileiros tanto apreciam
O que esta obra consagra é o cenário onde estes “Clowns” palhaços trágicos desempenham seu papeis .Assim parece a Argentina,os portenhos e sua megalomania ridicularizada por eles mesmos.Assim parece a justiça e seus edifícios em Buenos Aires
O amor é piegas.Assistem os “Três patetas” na hora do almoço,esperaram o assassino na estação ,vêm fotografias,decifram cartas.
Atrás da violência o amor parece platônico e as relações que existem são mascaradas por xavecos sedutores e poesias de corredor.
O amor talvez mais profundo é o do olhar e a relação mais importante e comovente é da amizade.Sandoval é o porta cômico ,o azarado mas o mais sincero de todos .
O filme se desenrola como uma lente “voyerista” impotente diante desta mãe a nação argentina acossada por psicopatas .
Este Darin ,ator e diretor maravilhoso representa o que há de mais puro no portenho,um fracassado amante da verdade.
O filme não é explicito ,não é literal,fácil.Como toda obra prima expressa o que há de mais profundo . Como o poeta de Fernando Pessoa “que finge tão realmente a dor que deveras sente o diretor faz das cenas suas despedidas nas estações e seus amados sendo vistos correndo atrás da palma da mão impressa numa janela de um trem como se fossem novas e verdadeiras fazendo o publico soluçar de emoção.
Afinal então qual é pergunta de seus olhos?Saber quem é o culpado?Quem e como procede a justiça num pais que vive um surrealismo peronista perene .?Qual é a pena para os assassinos(sejam os comuns ou da ditadura)?A morte ou prisão perpetua?Mas qual prisão?a prisão da consciência,do ódio,da culpa,da vingança?
Neste filme o mais inocente dos personagens (Darin)é o que esta realmente encarcerado pela memória
A Argentina não é Buenos Aires.É um pais platônico que não vive sua libido com sua história megalomaníaca incompleta.No Brasil chamariam estes personagens de cafonas mas neste filme bizarro é uma celebração ao teatro da Avenida Corrientes,suas Zarzuelas ,suas novelas contempladas pelo choro verdadeiro dos espectadores.
O ponto final, como numa poesia concreta a palavra escrita no começo Te-mo é corrigida por te amo ,medo e paixão dois componentes deste bolo delicioso.Como uma “Anagnorisis” ou “Peripeiteia” das tragédias gregas ,o diretor reescreve o roteiro e muda o título original de uma pergunta para um segredo, da milonga para o cambalache.
Izaak Vaidergorn