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BESSARABIA

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sábado, 20 de novembro de 2010

VENCERE,uma versão teatral futurista de um fenômeno psicótico

Vencere,uma versão teatral futurista de um fenômeno psicótico

Há duas cenas no filme que poderíamos dizer que estão próximas da verdade.
As palavras do psiquiatra dizendo que somos todos atores e que o fascismo também passará e a outra é a cena quando a criança chora quando é separada de Charles Chaplin .O resto é puro teatro filmado
Um dos maiores fenômenos na historia da arte foi o Futurismo na Itália fascista .Nomes como o escritor Marinnetti, o arquiteto Sant’Ellia e pintores que se utilizavam da colagem e do grafismo para expressar a dramaticidade do momento.
O filme é uma colagem de cenas onde jorram lágrimas por todos os lados.O uso de documentários e dos recursos de filmagem da filmagem na verdade querem contar uma estória arquetípica recorrente na cultura pagã latina.O romance é o filho produto da relação com o pai,o deus ,o Duce condutor e salvador do povo italiano
Não é um filme histórico é mais estorico e anedótico como escreveu Guimarães Rosa em Aletria e Hermenêutica.Nesta pasta,macarrão embaralhado há um humor trágico que exige uma interpretação mais acurada do que o que pretensamente se sabe sobre o fascismo ( do nazismo ,estalismo,etc).
O arquétipo da Virgem Maria ,do complexo de Édipo só poderia ter como palco um Sanatório (as vezes é difícil saber quem é louco como no clássico “Este mundo é dos loucos” de Philippe de Brocca, onde é difícil saber quem está dentro ou fora do sanatório)O italiano é ambíguo na sua relação a igreja (a mãe) e o poder(o pai) alternando a a dramaticidade operística (as tragédias são cantadas o que as torna num tempo diferente como o cinema..) com o alegorismo kitsch das manifestações políticas (como os autos de fé da inquisição)
O filho não é “pai”, é uma caricatura do pai.Esse é um dos momentos fundamentais do filme onde o filho imita Mussolinni,sua figura hiperealista é muito mais próxima daquilo que fica do Mussolinni “real”.
A mãe (linda como Romy Scneider) é um personagem piegas que esta vivendo a loucura da paixão ,a pior das doenças mentais e a sexualidade o pior dos pecados .
O diretor utiliza-se de um recurso metonímico ao cortar as cenas com fotos de doentes mentais e metafóricos ao repetir as cenas onde a personagem passa por grutas escuras observando como num sonho as imagens que compõe o seu mundo real e mental.
Cenas teatrais como os cegos marchando à frete de dois religiosos e a afirmação de Mussolini :-quando observo esta cena me dá vontade de lavar as mãos...(ou seja esquecer o passado)
A cena no hospital onde na cúpula se projeta um filme lembra com uma freira lagrimejante e um Cristo aterrorizante lembrando a capela Cistina de Michelangelo é fantásticamente alucinógena
Outra cena teatral é quando as doentes do sanatório escalam os portais .
O filme termina mostrando a superficialidade de cenas recorrentes em filmes onde sempre há uma alma boa como a freira que chora e que empresta suas veste para que a personagem possa fugir e reencontrar-se com os fantasmas da sua historia e a falsidade de que o bem vence o mal e que as pessoas realmente boas estão atrás das janelas do carro e passam como imagens de um filme.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

SALÓ,BIG BROTHER e TROPA DE ELITE

Saló,Big Brother e a tropa de elite 2
“milícia existe para nos defender da milícia” Coronel Nascimento

Passolini em seu filme Saló foi o mais extraordinário crítico da história contemporânea Italiana .Com sua câmera procurava revelar com minúcias a realidade imutável da Itália ,um país dominado pela Máfia,pela Igreja Católica e principalmente pela classe política corrupta.
Passolini inspirado em Sade mostra como este campo constituído por este elementos criava monstros para que os membros desta sociedade doentia se deliciassem com a destruição destes personagens cientes de sua própria cruel sado-mazoquista destruição
Passolinni além de cineasta era um literato,poeta e principalmente um profícuo analista político que profetizava o que hoje esta acontecendo na Itália.Passolini foi assassinado pela Máfia com requintes que nenhum cinema poderia imaginar.De certa forma sabia como “a crônica de uma morte anunciada” de Gabriel Garcia Marques que todos de uma forma ou outra suspeitavam de um assassinato
O Big Brother da televisão é o próprio jogo sádico da destruição dos adversários.É está a mensagem que este espetáculo que substitui o futebol,a luta de Box pelo prazer de torcer pela destruição do outro.O ganhador recebe 500mil ,Pedro Bial 800 mil e a Globo milhões.É está a mensagem que os nossos filhos estão vendo na TV (sem falar da Novelas totalmente alienantes).
Entretanto,por sorte ou insistência do diretor Marcos Palmeira é possível realizar um filme extraordinário ,com uma linguagem singular e com atores excepcionais.
Para mim que aprecio o cinema sob a ótica da linguagem e seu significado posso dizer que Tropa de Elite 2 é a narrativa poética deste Big brother brasileiro mais precisamente carioca.Após Glauber Rocha é o primeiro diretor a observar a realidade com uma sensibilidade única da narrativa e linguagem fílmica brasileira.É uma verdadeira catarse,um vômito projetado na tela dos condimentos da realidade atual.
Marcos Palmeitra não é um Tarantino,Coppola,,Clint Eastwood ,Amós Gitai que criaram uma linguagem poética da violência humana (entre países ou urbanas ).
É um cineasta que trabalha com o que existe na televisão e nas ruas com um objetivo corajoso:fazer pensar.Supera a violência de seu dois filmes anteriores com uma trama da cumplicidade ,destruição e auto-destruição sado masoquista que nos lembra o cineasta grego Costa-Gravas em Z que trata da ditadura e o militarismo grego
Tropa de elite deveria ser aparecer no horário político para mostrar que não existem bons ou maus,não há maniqueísmo neste jogo.Todos ,inclusive eu e você que me lê estamos comprometido com esta tragédia.Quando Wagner Montes diz que a milícia existe para nos defender da milícia ele está afirmando que através do nosso medo (fenômeno ancestral) odiamos o próximo,nos armamos,traímos,nos escondemos na alienação mediática ou religiosa e armamos o nosso jogo inconsciente.A propaganda reproduziu milhares de vezes o consumo de álcool e o tabaco como nunca na história.Duas drogas aceitas socialmente e que sustentam a mídia A televisão sensacionalista representada no filme por Fortunato serve como Mobral do medo e da violência.Vivemos numa sociedade onde o “Apartheid” é pior do que a África do Sul e onde a guerrilha urbana é pintada como luta entre entre facções criminosas que são mantidas pelos consumidores de drogas que são da classe abastada onde o contrabando de armas é financiado por corporações bancárias
Marcos Palmeira mostra que todos são “humanos” sujeitos a serem cooptados pelo Big Brother da violência política e criminal

LOS DOS HERMANOS,decadencia vista por decademtes

Los dos hermanos,a decadência vista por decadentes
A resposta parece fácil pois se refere claramente às duas nações cisplatinas Argentina e Uruguai.mas o que torna fascinante neste filme (e em todo cinema contemporâneo argentino)é a tradição narrativa desta cultura “transduzida” ou “transcriada” da literatura para a linguagem do cinema.Desde Martin Fierro à Julio Cortazar passando por Borges os personagens expressam em seu linguajar uma maneira de ser em conflito mágico.
Daniel Furman seu diretor tem esta capacidade rara de perceber como a Argentina,ou melhor a cultura portenha desvela sua decadência olhando ou se espelhando num Uruguai mais decadente,vagaroso quase indo para atrás
São dois irmãos.Uma é uma “perua”que vive uma nostalgia e um teatro cotidiano do “Real State”,uma patologia de compradora de imóveis, do parecer mas um parecer com as luzes doas anos 50 quando a Argentina vivia seu momento áureo.
Outro,seu Irmão,vivendo seu complexo de Édipo através de uma dedicação e amor a sua mãe Neneca.Quando a mãe falece ou seja o passado se apresenta a solução que a irmã dá é exilar seu irmão numa pequena cidade do outro lado do rio,Villa Laura.
A descrição de Villa Laura (para quem conhece as cidades uruguaias é perfeita).Grandes mansões,uma arquitetura dos anos 50,um hotel com seu luminosos,um bar com os mesmos velhos jogando seu truco e um esplendoroso teatro vazio
Enquanto a irmã tenta superar sua decadência em experiências de trabalho novas e que nunca dão certo culpando a todos inclusive à sua família representada na festa de aniversário de sua tia Lala seu irmão parece encontra-se numa representação nova desta tragédia através do grupo de teatro dirigido por um diretor fracassado e com devaneios de genialidade tentando encenar uma versão contemporânea de Édipo rei de Sófocles.A representação na verdade é uma cópia de uma versão surrealista aparentemente avançada de teatro .Buenos Aires sempre copiou o que havia de melhor na Europa e também sua produção artística sempre expressou o que havia de mais progressista no mundo em todos os tempos.
Há cenas sutis que fazem pensar.Por exemplo a maneira como o diretor vê a festa na Embaixada do Brasil onde há um “macaquito” discursando no meio de pessoas fantasiadas de elegância.É hilário ver o irmão colocando em seu bornal os salgadinhos É assim que os argentinos nos vêm.
Ou a cena em que a irmã pergunta ao seu primo judeu Saul como estava Israel com a preponderante ironia contra aqueles judeus portenhos que foram para Israel obrigados pela crise econômica e nunca se adaptaram voltando pior do que estavam.
A festa de aniversario é tragicômica selada após uma violenta agressividade da irmã contra todos (que representam a Argentina atual) com um bolo todo amassado .O presente que a irmã dá ao seu irmão “o roaming” no seu celular que permite com que os dois lados se falem
Do lado Uruguaio há personagens felizes como a garçonete do bar que mostra (como na nouvelle vague) como se pode ser feliz pilotando uma motinha,o marceneiro que joga xadres.
Os personagens da cidade se tornarão personagens da peça teatral e é através da representação no teatro que e os dois irmãos podem de novo se encontrar.
É emocionante se encontrar redescobrindo o valor de cada um com suas peculiaridades.
Terminado o filme há ainda um presente aos espectadores com a apresentação de um sapateado e a cena fantástica quando aparecem os jogadores de dados apresentando uma obra contemporânea baseada nos seus sons.Isto é para nos ensinar o que é a releitura ou transcriação de uma cena prosaica