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domingo, 15 de agosto de 2010

UM BRILHO DE MULHER

A única maneira de se entender a linguagem deste filme da mesma diretora de “O Piano”é reconhecer que existe uma forte linguagem cinematográfica feminina,um brilho que só a mulher pode ter,que se diferencia da do homem que tradicionalmente dominou a historia do cinema.
A grande precursora desta linguagem cinematográfica feminina foi Agnes Varda a diretora francesa que nos anos sessenta mostrou através da película cinematográfica a cor do amor.Em “Le Bonheur” ,as duas faces da felicidade, a relação amorosa se dá num cenário impressionista como se os personagens estivessem saindo de uma tela de Monet embalados por uma musica de Debussy.
O que sustenta “O brilho de uma paixão” é a trama poética como tessitura de uma teia de aranha que vai capturando os personagens em suas distancias que vão diminuindo aos poucos pelo estigma da doença dos poetas e a dor das amantes.
Como define um dos personagens”o poeta é que esta dentro do poeta e não é o poeta” parecido com a frase de Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente “
O que a diretora mostra que a costura não é “fashion” ou “moda”.A arte da costura tem uma complexidade da matemática e arquitetura e aí se aproxima da poesia que é a verdadeira essência das construções sejam ela literatura,do cinema e das artes .Ela também é uma dobradura como um origami que vão se dobrando e desdobrando como o amor e a paixão num contexto histórico sombrio desconhecido.
É um cenário familiar,sólido,doce onde é permitido ser criativo mas a doença permeia a criação
Na verdade são três personagens ,os poetas Keats e seu amigo Brown e Fanny a “designer” dos lindos trajes exóticos que permeiam as diversas cenas do filme.A relação entre os dois poetas onde um tem um humor mordaz e um senso de realidade onde o amor é uma relação oportunista que o leva a engravidar a criada mas ao mesmo tempo uma fidelidade ao amigo e ao seus princípios Fanny escrevendo através do tecer,do compor (muito bem percebido por um provocante Brown) como forma de conquista e aí também há uma relação com a dança das borboletas Há também a sutilidade das dobraduras como crisálidas que encerram palavras escritas com caligrafia portentosa .A caligrafia como arte também é infinita mas a forma como se apresentam é uma lição de conteudo e continete
A diferença entre “O Brilho de uma Paixão” e o “Piano” da mesma diretora é a relação silenciosa entre dois seres através da musica e do objeto da musica,o piano.Esta é a tessitura do amor entre uma surda-muda e um simples mestiço da Nova –Zelandia.
È bom lembrar outro classico “A festa de Babette” onde há também uma linguagem poética que se expressa através dos alimentos da composição dos pratos e talheres,a beleza das comidas e que constrói uma relação entre os personagens que ao fim termina com uma grande roda
Também a película “Como água e Chocolate” há uma estética da comida como linguagem que perpassa uma relação de amor .

Seja um banquete,a musica ou a costura há uma essência comum que á a vida mas é seu brilho que só alguns artistas podem ver

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