anamorfismos judaicos

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cemiterio israelita do Chora Menino

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BESSARABIA

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KHOTIN

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segunda-feira, 11 de setembro de 2017

“Kshenavrutterbhijatasyeva manergrahetrugrahana grahyeshu tatsthatadanjanata samapattihi’’ (I Sutra 41)
kshena = sem força; vruttihi = modulações da mente; abhijatasya = transparente; iva = gostar; manehe = cristal; grahitri= o conhecedor; grahana = conhecer; grchya = o conhecível ;tatstha = permanecendo naquilo; tadanjanata = mesmo estando com objetos; samapattihi = samadhi.
“Sobre fazer com que as modulações da mente fiquem sem forces e sobre tornar-se como um cristal transparente, a mente, que controla os sentidos ou os objetos dos sentidos, mesmo estando envolvida no mundo dos sentidos – os três (mente, sentido e objetos) estão em estado de harmonia no samadhi.”
Esse Patanjali sutra diz, "Você se torna como um cristal”. Um cristal existe, mas mesmo assim permite que a luz passe totalmente por ele. Muito embora você exista, com um corpo, no estado de samadhi você não está lá. Você pode viver como se não existisse de fato. Isso é samadhi. Quando você está com o seu Ser – estável, feliz, alegre. Quando se está com os sentidos, se está plenamente com os sentidos e quando se é o objeto dos sentidos, você se torna o objeto dos sentidos.
Como? Como um cristal. Atrás de um cristal se produz qualquer luz colorida e o cristal, sem qualquer obstrução, assume a cor daquela luz. Da mesma forma, você olha para a montanha; você e a montanha se tornam um. Isso é samadhi.
Os olhos são janelas para que se possa observar o mundo e para que o mundo possa ver sua alma, e como estável ela é. Se alguém é muito ambicioso, muito ganancioso, seus olhos indicarão isso. Você pode saber se a pessoa é muito egoísta, muito gananciosa e muito ambiciosa. Se a pessoa é gentil e compassiva, os olhos dela refletem isso. Olhos significam a face, os sentidos, tudo, não somente os olhos físicos. Sua aparência, seu modo de andar, seu comportamento, suas palavras e sua vida toda refletem aquilo que você é por dentro. Esse é o trabalho dos sentidos. Eles te dão a sabedoria do mundo e a sabedoria de si no mundo!
Quando você limpa seus sentidos e os faz vazios, eles se tornam como um cristal. A alma em você reflete aquela Alma, aquele Divino em você. Então, quando você olha para uma flor, você está somente olhando para a flor. Você está tocando a flor, você está sentindo a flor. Todos os seus sentidos se tornam totalmente ativos. Como o cristal que reflete os sentidos, os objetos dos sentidos refletem o Purusha dentro de você, o ser em você, a Divindade em você. Isso é Sabeeja Samadhi.
Você olha para a montanha e ela te lembra do seu Ser, a  consciência. Você olha para uma flor e ela te lembra da consciência. Você olha para o sol, para a lua, para a água, ou somente observa as ondas do oceano e isso te dá a ideia do desconhecido, a energia disforme no Ser pela qual tudo isso surgiu. Naquele instante, samadhi está acontecendo. Você está em samadhi. Agora, através de um olhar ao pôr do sol você está em Samadhi, a mente está estável e os sentidos estão estáveis. Estabilidade é Divindade. Estabilidade é força. Estabilidade é desapego. Você pode experimentar com isso. Por alguns momentos, você mantém seu corpo inerte e mantém seus olhos inertes e verás que quase que imediatamente a mente também se mudará para um estado inerte. É quando o tempo para, respiração para e imortalidade se inicia. Antes que o tempo te engula, você engole o tempo. Isso é samadhi.
((Meditação abre O Conhecimento do sonho))
(Parte de uma série de ex
“Kshenavrutterbhijatasyeva manergrahetrugrahana grahyeshu tatsthatadanjanata samapattihi’’ (I Sutra 41)
kshena = sem força; vruttihi = modulações da mente; abhijatasya = transparente; iva = gostar; manehe = cristal; grahitri= o conhecedor; grahana = conhecer; grchya = o conhecível ;tatstha = permanecendo naquilo; tadanjanata = mesmo estando com objetos; samapattihi = samadhi.
“Sobre fazer com que as modulações da mente fiquem sem forces e sobre tornar-se como um cristal transparente, a mente, que controla os sentidos ou os objetos dos sentidos, mesmo estando envolvida no mundo dos sentidos – os três (mente, sentido e objetos) estão em estado de harmonia no samadhi.”
Esse Patanjali sutra diz, "Você se torna como um cristal”. Um cristal existe, mas mesmo assim permite que a luz passe totalmente por ele. Muito embora você exista, com um corpo, no estado de samadhi você não está lá. Você pode viver como se não existisse de fato. Isso é samadhi. Quando você está com o seu Ser – estável, feliz, alegre. Quando se está com os sentidos, se está plenamente com os sentidos e quando se é o objeto dos sentidos, você se torna o objeto dos sentidos.
Como? Como um cristal. Atrás de um cristal se produz qualquer luz colorida e o cristal, sem qualquer obstrução, assume a cor daquela luz. Da mesma forma, você olha para a montanha; você e a montanha se tornam um. Isso é samadhi.
Os olhos são janelas para que se possa observar o mundo e para que o mundo possa ver sua alma, e como estável ela é. Se alguém é muito ambicioso, muito ganancioso, seus olhos indicarão isso. Você pode saber se a pessoa é muito egoísta, muito gananciosa e muito ambiciosa. Se a pessoa é gentil e compassiva, os olhos dela refletem isso. Olhos significam a face, os sentidos, tudo, não somente os olhos físicos. Sua aparência, seu modo de andar, seu comportamento, suas palavras e sua vida toda refletem aquilo que você é por dentro. Esse é o trabalho dos sentidos. Eles te dão a sabedoria do mundo e a sabedoria de si no mundo!
Quando você limpa seus sentidos e os faz vazios, eles se tornam como um cristal. A alma em você reflete aquela Alma, aquele Divino em você. Então, quando você olha para uma flor, você está somente olhando para a flor. Você está tocando a flor, você está sentindo a flor. Todos os seus sentidos se tornam totalmente ativos. Como o cristal que reflete os sentidos, os objetos dos sentidos refletem o Purusha dentro de você, o ser em você, a Divindade em você. Isso é Sabeeja Samadhi.
Você olha para a montanha e ela te lembra do seu Ser, a  consciência. Você olha para uma flor e ela te lembra da consciência. Você olha para o sol, para a lua, para a água, ou somente observa as ondas do oceano e isso te dá a ideia do desconhecido, a energia disforme no Ser pela qual tudo isso surgiu. Naquele instante, samadhi está acontecendo. Você está em samadhi. Agora, através de um olhar ao pôr do sol você está em Samadhi, a mente está estável e os sentidos estão estáveis. Estabilidade é Divindade. Estabilidade é força. Estabilidade é desapego. Você pode experimentar com isso. Por alguns momentos, você mantém seu corpo inerte e mantém seus olhos inertes e verás que quase que imediatamente a mente também se mudará para um estado inerte. É quando o tempo para, respiração para e imortalidade se inicia. Antes que o tempo te engula, você engole o tempo. Isso é samadhi.
((Meditação abre O Conhecimento do sonho))
(Parte de uma série de ex

quinta-feira, 6 de abril de 2017

John ZERZAN

O Anarquismo de John Zerzan[editar | editar código-fonte]

As teorias de Zerzan recorrem ao conceito de dialética negativa de Theodor Adorno para a construção de uma teoria da civilização como a construção cumulativa da alienação. De acordo com Zerzan, as sociedades originais humanas em tempos paleolíticos e sociedades semelhantes de hoje em dia como os Kung!, os bosquímanos e os Mbuti, vivem uma forma não-alienada e não-opressiva de vida baseada na abundância primitiva e proximidade com a natureza. Construindo tais sociedades como uma espécie de ideal político, ou pelo menos como uma comparação instrutiva com o objetivo de denunciar as sociedades contemporâneas (especialmente industriais), Zerzan usa estudos antropológicos de tais sociedades como a base para uma ampla crítica de aspectos da vida moderna. Ele retrata a sociedade contemporânea como um mundo de miséria construído sobre a produção psicológica de uma sensação de escassez e falta[1]. A história da civilização é a história da renúncia, o que está contra ela não é progresso, mas sim a Utopia, que decorre da sua negação[2].
Zerzan é um anarquista e é amplamente associado com as filosofias do anarco-primitivismoanarquismo verdeanti-civilizaçãoanarquia pós-esquerdaneo-ludismo e em particular a crítica à tecnologia. Ele rejeita não só o Estado, mas todas as formas de relações hierárquicas e autoritárias. "Simplificando, anarquia significa 'sem regra'. Isto implica não só uma rejeição ao governo, mas à todas as outras formas de dominação e de poder também.”[3]
O trabalho de Zerzan depende de um forte dualismo entre o "primitivo" - visto como não-alienado, selvagem, não-hierárquico, lúdico e socialmente igualitária – e o "civilizado" - visto como alienado, domesticado, hierarquicamente organizado e socialmente discriminatório. Por isso, "a vida antes da domesticação/agricultura era de fato em grande parte uma vida de lazer, de intimidade com a natureza, sabedoria sensual, de igualdade sexual e de saúde".[4]
As alegações de Zerzan sobre o status das sociedades primitivas são baseadas em uma certa leitura dos trabalhos de antropólogos como Marshall Sahlins e Richard B. Lee. Fundamentalmente, a categoria de primitivos é restrita a sociedades de caçadores-coletores puros, sem domesticação de plantas e animais. Por exemplo, a hierarquia entre os nativos americanos da costa noroeste, cujas atividades principais eram a pesca e a coleta, é atribuída a suas práticas de domesticação de cães e cultivo de tabaco.[4] [5]
Zerzan apela por um "Futuro Primitivo", uma reconstrução radical da sociedade baseada em uma rejeição da alienação e um abraço ao selvagem. "Pode ser que a nossa única esperança real seja a recuperação de uma existência social face-a-face, a descentralização radical, um desmantelamento da trajetória altamente tecnológica, devoradora, alienadamente produtivista, que é tão empobrecedora".[3] O comum uso de evidências antropológicas é comparativo e demonstrativo - a necessidade ou naturalidade de aspectos das sociedades ocidentais modernas é desafiada apontando contra-exemplos em sociedades de caçadores-coletores. "A crescente documentação da pré-história humana, como um período muito longo de grande parte da vida não alienada, está em nítido contraste com as falhas cada vez mais gritantes da modernidade insustentável"[2]. Não é claro, porém, se isso implica um restabelecimento de formas literais das sociedades de caçadores-coletores ou em, de uma forma ampla, aprender com seus modos de vida a fim de construir relações não-alienadas.
O projeto político de Zerzan defende a destruição da tecnologia. Ele traça a mesma distinção de Ivan Illich, entre as ferramentas que ficam sob o controle do usuário, e sistemas tecnológicos que atraem o usuário para seu controle. Uma diferença é a divisão do trabalho, à qual Zerzan se opõe. Na filosofia de Zerzan, a tecnologia está possuída por uma elite que tem automaticamente o poder sobre outros usuários; Este poder é uma das fontes da alienação, junto com a domesticação e o pensamento simbólico.
método típico de Zerzan é usar uma construção particular da civilização (uma tecnologia, crença, prática ou instituição) e construir um resgate de suas origens históricas, onde ele expõe seus efeitos destrutivos e alienantes e seus contrastes com experiências de caçadores-coletores. Em seu ensaio sobre o número, por exemplo, Zerzan começa contrastando a ênfase “civilizada” na contagem e medição com uma ênfase do "primitivo" na partilha, citando o trabalho de Dorothy Lee sobre os nativos das Ilhas Trobriand como apoio, antes de construir uma narrativa da ascensão do número através de estágios cumulativos de dominação do Estado, começando com o desejo de reis egípcios para medir o que eles governavam.[6] Esta abordagem se repete em relação ao tempo[7], a desigualdade de gênero[8], o trabalho[9], tecnologia[10], arte e ritual[5], agricultura[11] e globalização[12]. Zerzan também escreve textos mais gerais sobre teoria anarquista[3], primitivista[2] e críticas ao "pós-modernismo"[13].

Zerzan foi um dos editores do Green Anarchy, um periódico polêmico do anarco-primitivismo e pensamento anarquista insurrecional. Ele também é o anfitrião do Anarchy Rádio em Eugene na estação de rádio da Universidade de Oregon KWVA. Ele também atuou como editor contribuinte da Anarchy Magazine e foi publicado em revistas como a Adbusters. Ele faz turnês extensas de palestras por todo o mundo.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Elementos da Rejeição (1988)
  • Futuro Primitivo [14] (1994)
  • Against Civilization - Readings and Reflections[15] (1998)
  • Correndo no vazio - O fracasso do pensamento simbólico[5](2002)
  • O Crepúsculo das Máquinas (2008)[16]

BOB BLACK ANARCOPRIMITIVISMO

Robert Charles Black Jr., mais conhecido como Bob Black (Detroit1951), é um advogado e anarquista estadunidense. Tem uma formação acadêmica respeitável com graduações em Ciências sociais e Direito, além de dois títulos de mestrado. Porém, o que o tornou famoso, foram cartazes anarquistas, situacionistascomedianistas e absurdistas que criou à frente da "Última Internacional", entre 1977 e 1983. Além da ação panfletária, escreveu centenas de ensaios, distribuídos indistintamente entre periódicos anarquistas, jornais da área de direito e órgãos da grande imprensa, como Wall Street JournalVillage VoiceSemiotext(e) e Re/Search. Publicou Abolição do Trabalho e Outros Ensaios (1985), Fogo Aliado (1992), Beneath the Underground (1994) e Anarchy after Leftism (1996). Cria jogos de palavras, aliada ao humor ácido e ao conhecimento teórico.
Suas principais contribuições teóricas ao anarquismo e à filosofia em geral versam sobre a crítica ao trabalho[1] e a problematização da relação ente o anarquismo e a esquerda tradicional[2]. Esta última colocará o autor como um dos precursores da corrente anarquista conhecida como pós-esquerdismo.

ANARCOPRIMITIVISMO

Resultado de imagem para anarcoprimitivismo

ANARCOPRIMIVISMO

Primitivistas afirmam que antes do advento da agricultura, humanos viviam em pequenos bandosnômades, que eram igualitários social, política e economicamente. Não havendo hierarquia, estes bandos são algumas vezes vistos como uma incorporação precursora ao anarquismo.
John Moore escreve que o anarcoprimitivismo procura:
"expor, desafiar e abolir todas as múltiplas formas de poder que estruturam o indivíduo, as relações sociais, e inter-relações com o mundo natural." [1]
Primitivistas alegam que, como resultado da agricultura, as sociedades se tornaram cada vez mais subordinadas aos processos tecnológicos e estruturas de poder abstratas provenientes da divisão do trabalho e hierarquia. Primitivistas discordam sobre qual nível de horticultura estaria presente em uma sociedade anarquista, com alguns defendendo que a permacultura poderia desempenhar um papel, mas outros defendem uma subsistência estritamente caçadora-coletora.
Apesar de sua rejeição do cientificismo, o primitivismo tem dado atenção pesada em antropologia cultural e arqueologia. Desde a metade do último século, sociedades antes vistas como bárbaras foram amplamente reavaliadas por acadêmicos, muitos dos quais agora asseguram que os humanos do passado viviam em relativa paz e prosperidade. Como exemplo, Frank Hole, um especialista em agricultura primitiva, e Kent Flannery, um especialista em civilização Mesoamericana, observaram que, "Nenhum grupo na terra tem mais tempo de lazer do que caçadores e coletores, passando-o principalmente em jogos, conversação e relaxando."(Kirkpatrick Sale, "Dwellers in the Land: The Bioregional Vision")
Acadêmicos como Karl Polanyi e Marshall Sahlins caracterizaram sociedades primitivas como economias de doação com "bens valorizados por sua utilidade ou beleza em vez do custo; mercadorias trocadas mais na base da necessidade do que na troca do valor; ampla distribuição para a sociedade sem considerar o trabalho que seus membros investiram; trabalho executado sem a idéia de salário em retorno ou benefício individual, de fato sem qualquer noção de 'trabalho'." [2].
Outros acadêmicos e pensadores como Paul Shepard, influenciado pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss, escreveram sobre o "princípio evolucionário", o qual basicamente afirma que uma espécie removida de seu habitat natural e de seus comportamentos se tornará patológica. Shepard escreveu de inúmeras formas em que o rompimento na "ontogenia" natural do homem que se desenvolveu por milhares de anos de evolução em uma existência coletora foi rompida devida a um estilo de vida sedentário causado pela agricultura, [3].

Civilização[editar | editar código-fonte]

Anarcoprimivismo de john Zerhan

O Anarquismo de John Zerzan[editar | editar código-fonte]

As teorias de Zerzan recorrem ao conceito de dialética negativa de Theodor Adorno para a construção de uma teoria da civilização como a construção cumulativa da alienação. De acordo com Zerzan, as sociedades originais humanas em tempos paleolíticos e sociedades semelhantes de hoje em dia como os Kung!, os bosquímanos e os Mbuti, vivem uma forma não-alienada e não-opressiva de vida baseada na abundância primitiva e proximidade com a natureza. Construindo tais sociedades como uma espécie de ideal político, ou pelo menos como uma comparação instrutiva com o objetivo de denunciar as sociedades contemporâneas (especialmente industriais), Zerzan usa estudos antropológicos de tais sociedades como a base para uma ampla crítica de aspectos da vida moderna. Ele retrata a sociedade contemporânea como um mundo de miséria construído sobre a produção psicológica de uma sensação de escassez e falta[1]. A história da civilização é a história da renúncia, o que está contra ela não é progresso, mas sim a Utopia, que decorre da sua negação[2].
Zerzan é um anarquista e é amplamente associado com as filosofias do anarco-primitivismoanarquismo verdeanti-civilizaçãoanarquia pós-esquerdaneo-ludismo e em particular a crítica à tecnologia. Ele rejeita não só o Estado, mas todas as formas de relações hierárquicas e autoritárias. "Simplificando, anarquia significa 'sem regra'. Isto implica não só uma rejeição ao governo, mas à todas as outras formas de dominação e de poder também.”[3]
O trabalho de Zerzan depende de um forte dualismo entre o "primitivo" - visto como não-alienado, selvagem, não-hierárquico, lúdico e socialmente igualitária – e o "civilizado" - visto como alienado, domesticado, hierarquicamente organizado e socialmente discriminatório. Por isso, "a vida antes da domesticação/agricultura era de fato em grande parte uma vida de lazer, de intimidade com a natureza, sabedoria sensual, de igualdade sexual e de saúde".[4]
As alegações de Zerzan sobre o status das sociedades primitivas são baseadas em uma certa leitura dos trabalhos de antropólogos como Marshall Sahlins e Richard B. Lee. Fundamentalmente, a categoria de primitivos é restrita a sociedades de caçadores-coletores puros, sem domesticação de plantas e animais. Por exemplo, a hierarquia entre os nativos americanos da costa noroeste, cujas atividades principais eram a pesca e a coleta, é atribuída a suas práticas de domesticação de cães e cultivo de tabaco.[4] [5]
Zerzan apela por um "Futuro Primitivo", uma reconstrução radical da sociedade baseada em uma rejeição da alienação e um abraço ao selvagem. "Pode ser que a nossa única esperança real seja a recuperação de uma existência social face-a-face, a descentralização radical, um desmantelamento da trajetória altamente tecnológica, devoradora, alienadamente produtivista, que é tão empobrecedora".[3] O comum uso de evidências antropológicas é comparativo e demonstrativo - a necessidade ou naturalidade de aspectos das sociedades ocidentais modernas é desafiada apontando contra-exemplos em sociedades de caçadores-coletores. "A crescente documentação da pré-história humana, como um período muito longo de grande parte da vida não alienada, está em nítido contraste com as falhas cada vez mais gritantes da modernidade insustentável"[2]. Não é claro, porém, se isso implica um restabelecimento de formas literais das sociedades de caçadores-coletores ou em, de uma forma ampla, aprender com seus modos de vida a fim de construir relações não-alienadas.
O projeto político de Zerzan defende a destruição da tecnologia. Ele traça a mesma distinção de Ivan Illich, entre as ferramentas que ficam sob o controle do usuário, e sistemas tecnológicos que atraem o usuário para seu controle. Uma diferença é a divisão do trabalho, à qual Zerzan se opõe. Na filosofia de Zerzan, a tecnologia está possuída por uma elite que tem automaticamente o poder sobre outros usuários; Este poder é uma das fontes da alienação, junto com a domesticação e o pensamento simbólico.
método típico de Zerzan é usar uma construção particular da civilização (uma tecnologia, crença, prática ou instituição) e construir um resgate de suas origens históricas, onde ele expõe seus efeitos destrutivos e alienantes e seus contrastes com experiências de caçadores-coletores. Em seu ensaio sobre o número, por exemplo, Zerzan começa contrastando a ênfase “civilizada” na contagem e medição com uma ênfase do "primitivo" na partilha, citando o trabalho de Dorothy Lee sobre os nativos das Ilhas Trobriand como apoio, antes de construir uma narrativa da ascensão do número através de estágios cumulativos de dominação do Estado, começando com o desejo de reis egípcios para medir o que eles governavam.[6] Esta abordagem se repete em relação ao tempo[7], a desigualdade de gênero[8], o trabalho[9], tecnologia[10], arte e ritual[5], agricultura[11] e globalização[12]. Zerzan também escreve textos mais gerais sobre teoria anarquista[3], primitivista[2] e críticas ao "pós-modernismo"[13].

Zerzan foi um dos editores do Green Anarchy, um periódico polêmico do anarco-primitivismo e pensamento anarquista insurrecional. Ele também é o anfitrião do Anarchy Rádio em Eugene na estação de rádio da Universidade de Oregon KWVA. Ele também atuou como editor contribuinte da Anarchy Magazine e foi publicado em revistas como a Adbusters. Ele faz turnês extensas de palestras por todo o mundo.

sábado, 18 de março de 2017

Esta é a versão em html do arquivo http://psiquiatria.incubadora.fapesp.br/portal/extensao/3idade/aulas/pequenoprincipe.ppt.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
Jorge Amaro
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon há 29 de junho de 1900 e desapareceu, em missão oficial de guerra, há 31 de julho de 1944. Autor de muitos livros, como: Terra dos Homens, Piloto de Guerra, Correio Sul, Vôo Noturno, Cidadela e O Pequeno Príncipe. Sua obra deixa evidente uma experiência humana profunda e inquieta, na qual a solidão, o silêncio, as imagens do deserto, o problema do tédio e da morte, do prazer e da liberdade, do sentido da vida são temas constantes.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Nesta obra “O Pequeno Príncipe” o autor traduz, em termos literários, o diálogo interrompido e reiniciado entre o adulto e a criança que vive dentro de todos nós. Logo no início, surge a criança que observa uma gravura de uma jibóia engolindo uma fera. Imediatamente a criança, por identificações projetivas, estabelece vínculos com a situação da gravura, onde há um devorador, que é a jibóia, e um devorado, que é a fera. A seguir, o pequeno menino, a criança da nossa história, expressa em um desenho, a primeira simbolização concreta de seu núcleo terrorífico, onde surge uma jibóia digerindo um elefante.
Jorge Amaro
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A jibóia passa a ser, por identificação projetiva, a figura condensada e perigosa da mãe-pai-devorador e a pequena fera-elefante, a criança-menino devorado. Quando o autor procura relatar a tentativa da criança de dialogar com os adultos sobre seu desenho e encontra neles incompreensão e indiferença, está expressando, através destes adultos, as figuras parentais pouco sensíveis e intuitivas à percepção do mundo infantil. Isto dificultou o diálogo da parte parental-adulta com a parte infantil-criança da personalidade para poder fornecer a esta criança meios de desenvolvimento e de comparação entre o mundo adulto-parental, no vínculo da realidade, com figuras parentais monstruosas, em relação à criança, no vínculo da realidade psíquica.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Este diálogo necessário é expressado nesta obra, como interrompido, em prejuízo do desenvolvimento harmônico desta criança. Aqui há uma identificação introjetiva de figuras parentais não sensíveis e intuitivas na percepção dos sentimentos da mente infantil. Surge uma criança solitária, curiosa e sedenta de compreensão em um diálogo com figuras parentais-adultas e insensíveis.
      Já adulto, a personalidade do nosso personagem procura viajando pelo mundo todo a busca; mas a busca de algo não bem esclarecido, a busca de resposta e do reinício deste diálogo interrompido.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando criança, procurava mostrar o desenho para as outras pessoas e a resposta era sempre a mesma, ou seja, não compreendiam a comunicação implícita. Respondiam como sempre: “é um chapéu” , uma vez que para percepção adulta era um desenho inofensivo e para a percepção da mente infantil, era a simbolização da mãe-pai-monstro devorador, engolindo uma fera-criança. Por meio do enredo e dos diálogos surge um homem-criança, solitário que apresenta-se como que dividido em: uma parte formal-adulta, porém sem vínculos mais profundos nos seus relacionamentos e um menino-criança, que busca alguém que o compreenda e um meio para que possa simbolizar e expressar todo este seu drama psíquico.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Assim se expressa: “Vivi portanto, só, sem amigos com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara”. Com esta frase nós constatamos a vivência de solidão deste homem-criança-adulto que necessitava encontrar alguém sensível para poder reatar este diálogo interrompido.
      A impressão que nos deixa a leitura deste livro é que neste momento em que surge a cena do deserto de Saara é exatamente o momento do reinício do diálogo interrompido, ou seja, figuras parentais e a criança intra-psíquica deste adulto solitário.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Ao surgir um menino-pequeno príncipe, que aparece subitamente no meio do deserto, inicia-se um diálogo com este adulto-aviador, o que nos parece que este menino é a simbolização da criança do aviador em reinício de diálogo com o adulto-figuras parentais do próprio indivíduo. É um splitting (excisão, separação) de duas partes do mesmo sujeito, ou seja, a parte criança e a parte adulto-figuras parentais. Esta criança-pequeno príncipe inicia o diálogo pedindo um desenho de um carneiro. Aqui surge a necessidade da criança de simbolizar suas vivências, suas fantasias inconscientes como meio necessário ao seu próprio desenvolvimento.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Sabemos, pela contribuição da psicanálise, especialmente pelos artigos de Melanie Klein que, o amor, desejos agressivos e libidinosos são transferidos do primeiro e único objeto: a mãe, para outros objetos e desenvolvem-se novos interesses que se convertem em substitutos da relação com o objeto primário. Este objeto primário não é só o bom seio externo, mas também o internalizado. Em todos estes processos, a função de formação de símbolos e de atividade de fantasia é de grande importância. Quando surge a ansiedade depressiva e particularmente, como início da posição depressiva, o ego se sente impelido a projetar, a desviar e distribuir desejos e emoções, assim como a culpa e um anseio reparador entre os novos objetos de interesse.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A importância da formação e elaboração de símbolos no desenvolvimento do ego, foi uma das grandes contribuições à psicanálise por meio dos trabalhos de Melanie Klein.
      Nesta história do Pequeno Príncipe observamos o reinicio da formação de símbolos, da formação de sonhos e do trabalho mental com estas camadas terroríficas da personalidade. O que nos parece, é que até este momento o personagem aviador-adulto-figuras parentais de um lado e o menino-pequeno príncipe-criança do outro, que deveriam estar integrados dentro de uma mesma personalidade, trabalhados e amadurecidos, estavam até então, excisados e estagnados, impedidos desta integração com grandes prejuízos no desenvolvimento integral da personalidade.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Consequentemente a manutenção de uma criança com o diálogo interrompido com a parte das figuras parentais promove vivências de solidão.
      Quando o adulto-figuras parentais-aviador relata que estava com dificuldade de desenhar, já demonstrava nesta expressão que tinha dificuldade de sonhar, de simbolizar. Após várias tentativas e diálogo entre o aviador-adulto-figuras parentais e a criança-pequeno príncipe surge uma caixa desenhada, onde dentro estaria preso o carneiro. Observamos que o carneiro e a caixa se tornaram, por identificação projetiva simbolizada, de partes do self projetadas.
Jorge Amaro
Jorge Amaro
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      No transcorrer dos diálogos verificamos que surge um movimento de relação entre o mundo da fantasia, dos sonhos da criança e o mundo da realidade do adulto. O pequeno príncipe representa o mundo da fantasia, do sonho da criança e o aviador o mundo da realidade do adulto que agora começavam a integrar-se. No início os dois mundos estavam excisados, agora porém, começavam a se integrar. Assim, quando neste livro se lê: “dia a dia eu ficava sabendo mais alguma coisa do planeta, da partida e da viagem, mas isso devagarzinho, ao acaso das reflexões, e foi assim que vim a conhecer no terceiro dia o drama dos baobás”.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Todo desenrolar do interesse em relação a este carneiro para que ele comesse os arbustos, era um interesse da criança-pequeno príncipe, de eliminar os arbustos do seu planeta. Nestas condições, o carneiro passa ser a simbolização de uma função protetora. Quando o autor escreve: “com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más, por conseguinte, sementes boas de ervas boas e sementes más de ervas más. Mas, as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que um cisme de despertar. Então ela desperta e lança timidamente para o sol, um inofensivo galhinho.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido. Havia sementes terríveis no planeta do principezinho, as sementes de baobas. O solo do planeta estava infestado e um baoba, se a gente custa a descobri-lo nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta e se o planeta é pequeno e os baobas numerosos, o planeta acaba rachando. É uma questão de disciplina, dizia o principezinho, quando a gente acaba a toilete da manhã, começa a fazer com cuidado a toilete do planeta. é preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobas logo que se distingam das roseiras”.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Constatamos no transcorrer destes diálogos, que o planeta, a roseira, os baobas, o carneiro, são os elementos simbólicos por meio dos quais o aviador reinicia o processo de elaboração, o processo de sonhar e trabalhar com essas fantasias inconscientes terroríficas da figura condensada mãe-pai-devorador e da criança-devorada. Verificamos também que, quando se refere ao planeta do pequeno príncipe, há neste planeta a expressão, na elaboração literária, do processo primário do inconsciente. No processo primário não há noção de tempo real, não há cronologia e há predominância do princípio do prazer, enquanto que, no mundo adulto existe cronologia e a prevalência do princípio da realidade.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Verifica-se por exemplo, a seguinte frase: “mas do teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira e contemplava-se o crepúsculo todas as vezes que desejava-se. Um dia, eu vi o sol se por quarenta e três vezes”. Portanto, dentro deste mundo infantil, deste mundo inconsciente, regido por este processo primário, as fantasias são, de um lado idealizadas e do outro, terroríficas.
      Surge na expressão daquela única rosa, no planeta do pequeno príncipe a simbolização, por meio da identificação projetiva do seio bom idealizado, da figura materna boa idealizada e única.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando observamos a seguinte frase: “se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar, em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Mas, se o carneiro come a flor, é para ela, bruscamente como se todas as estrelas se apagassem”. Aqui temos a simbolização da figura materna como o único objeto de amor e de proteção, e sem ele é a escuridão, é a morte.
      A irritação da criança-pequeno príncipe é devida à falta de sensibilidade e o não entendimento do adulto-aviador-figuras parentais, da vivência da realidade psíquica desta criança e da necessidade que ela tem desta fixação como o único objeto de amor.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Nestas condições todo diálogo é feito no sentido de armar um meio de proteger este objeto de amor, a rosa ameaçada e também o próprio planeta ameaçado de ser destruído. As ervas de sementes más e as ervas de sementes boas são os objetos internos que se exteriorizam no mundo exterior. Os baobas que surgiriam das ervas de sementes más e que se desenvolviam formando árvores frondosas, foram desenhadas pelo autor e surge no desenho de uma árvore muito grande e em cima dela um pequeno menino com um machado.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A árvore é a simbolização, por identificação projetiva da grande e intensa destrutividade expressada por fatores universais, como voracidade e inveja que no transcorrer do desenvolvimento do menino-homem ameaçam, não só a roseira (objeto bom idealizado) como o próprio planeta (o sujeito e o objeto).
      As angústias persecutórias são simbolizadas nos baobas como uma forma de controle e expressão da destrutividade do ser humano. A figura persecutória central representada pelos baobas (voracidade, inveja) é acompanhada pelas sementes boas, ou seja, a boa relação mãe e filho (a gratidão e o amor).
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      O rito obsessivo da toilete matinal do pequeno príncipe, o arrancar de baobas logo que se distingam das roseiras e ainda o pequeno menino com um machado em cima da árvore para cortá-la, representam os processos primitivos, onde o ruim tem que ser extirpado, eliminado, onde a convivência integrada do bom e do mal torna-se impossível. Isto acontece porque o menino e o grande baoba representam um ego infantil e fraco, frente a fortes forças destrutivas durante o crescimento.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Inicialmente, o carneiro é trazido como proteção para comer os pequenos arbustos baobas. Surge aqui o início do uso da identificação projetiva destes fatores destrutivos que inicialmente são internos e que agora são projetados e simbolizados externamente nos baobas. Como a energia expelida é de destrutividade, os baobas se tornam persecutórios e precisam ser re-introjetados para desaparecer a perseguição externa. Surge então o carneiro-criança que engole os baobas, come os baobas. Como vemos as primeiras funções usadas são a identificação projetiva e a identificação introjetiva.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Esta função de introjeção, de comer no sentido de devorar e eliminar o ruim, se de um lado protege, de outro lado ameaça de engolir, de eliminar o bom. Engolir a roseira. É aqui que a mente primitiva se utiliza de um outro mecanismo, de uma outra função que é a repressão. Surge a idéia da caixa (repressão) que irá aprisionar o carneiro.
      Ao descrever o planeta surgem os vulcões onde existem erupções vulcânicas como fagulhas de lareira. Os vulcões representam as simbolizações dos processo uretrais e anais como funções de expelir, um meio de expelir partes do self.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      No transcorrer deste relato literário surge um momento da separação do pequeno príncipe e a rosa.
      Toda separação produz vivências de perda e expressões de luto. Durante o enredo o pequeno príncipe deveria sair do seu planeta (mundo infantil) e começar a conhecer outros planetas, outros mundos (mundo adulto), mas deveria para isto separar-se da rosa. Aqui surge já a alegoria do processo de separação da criança e o seu primeiro objeto de amor, ou seja, a mãe e investir em outros objetos, como por exemplo, o pai.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Observamos por meio do texto o equacionamento desta separação com a vivência persecutória de que o objeto de amor separado, fica ameaçado de morte, ou seja, “os ventos, os bichos, as plantas más que poderiam destruir a rosa” . Esta separação, por meio de vivências primitivas equaciona a separação com o objeto de amor ameaçado de morte, o que fomenta culpa. Verificamos no transcorrer do relato da viagem do pequeno príncipe a outros mundos, que a simbolização feita inicialmente foi de mundos habitados por figuras masculinas.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      O mundo onde havia um rei, outro um homem muito vaidoso, um outro onde havia um alcoólatra, um outro mundo um homem de negócios que contava as estrelas, um outro onde havia um homem que ascendia as lâmpadas. Ao descrever estes diferentes mundos expressava a relação com o segundo objeto, objeto paterno. Muitas funções foram projetadas nestes novos mundos. Assim, a função de idealização e onipotência (o rei), a função narcísica (o homem vaidoso), a função de voracidade (o alcoólatra e o homem que queria mais estrelas, mais estrelas), a função da omnipotência do pênis (o homem responsável pela escuridão e pela luz).
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando o pequeno príncipe chega no planeta terra é uma expressão alegórica de suas relação com outras pessoas. Quando verificou a existência de dezenas de rosas iguais a sua, era o contato com dezenas de mulheres semelhantes a sua mãe, ao seu primeiro objeto de amor. Mas, ao verificar a humanidade desta mãe, de ser uma mulher como as outras e a desmistificação, caindo portanto a idealização, surge uma depressão na criança. O texto relata: “e ele sentiu-se extremamente infeliz; sua flor havia lhe contado que era a única de sua espécie em todo o universo.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo. Isso não faz de mim um príncipe muito grande e deitado na relva ele chorou”. Verificamos aqui, o sofrimento pela desidealização do objeto materno.
      O texto a seguir promove o diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe. De um lado, aparecem homens que com os seus fuzis caçam e matam raposas, e a raposa que por sua vez, caça, mata e come galinhas. Então verificamos que através deste diálogo surge um mundo de realidade de ser morto e devorado, onde há um devorador e um devorado.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Através desta munição de realidade do mundo cotidiano, o texto procura demonstrar a reedição do processo devorador-devorado.
      No diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe, surge a expressão cativar. O texto assim descreve: “é uma coisa muito esquecida, diz a raposa. Significa criar laços. Tu não és ainda para mim, senão um garoto, inteiramente igual a cem mil outros garotos e eu não tenho necessidade de ti e tu não tens necessidade de mim, não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas, mas se tu me cativas nós teremos necessidade um do outro; serás para mim único no mundo e eu serei para ti única no mundo. Existe uma flor, disse o menino, eu creio que ela me cativou”.
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      Surge aqui a primeira manifestação da elaboração da maneira de criar vínculos. De um lado, um vínculo destrutivo, caçador e caçado, devorador e devorado e de outro, um vínculo amoroso cativar e ser cativado, que estão excizados (splitting). Assim, ao elaborar o processo do vínculo amoroso e do vínculo destrutivo, constatamos no texto: “ mas se tu me cativas minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra, o teu me chamará para fora da toca como se fosse música”.
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      Em uma outra parte do texto constatamos: “o trigo para mim é inútil, os campos de trigo não me lembram coisa alguma, mas tu tens cabelos cor de ouro, então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti e eu amarei o barulho do vento no trigo”. Verificamos aqui que surge a vivência do vínculo amoroso e a vivência da saudade da relação com o objeto bom. Constatamos também, pelas expressões simbólicas no texto a função de responsabilidade pelo vínculo e pelo objeto. No texto lemos: “então tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa”. Surge então a responsabilidade, a culpa na vivência com o objeto de amor, a vivência com o objeto bom.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      O objeto bom precisa ser bem diferenciado do objeto único primário materno idealizado, ou seja, a desmistificação do objeto materno idealizado. Em última análise o processo de poder manter o vínculo amoroso em supremacia ao vínculo destrutivo, porém não por meio dos processos primários, onde há um único objeto sem o qual tudo é escuridão e morte. A própria escolha do deserto como meio para simbolização e psicodramatização deste drama é também a simbolização e a expressão do seio seco, esvaziado, perdido e a busca de um poço onde houvesse água; era a busca e o reencontro com o seio bom, cheio de leite.
Jorge Amaro 
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      Surge neste deserto o diálogo entre o pequeno príncipe e a serpente. A serpente fala por enigmas. No texto lê-se: “mas por que falas sempre por enigmas? Eu os resolvo todos, disse a serpente”. Verificamos aqui o problema da esfinge, o problema do segredo, o segredo que deve ser decifrado. A serpente está representando, portanto, também a elaboração do segredo, a mãe que tem o segredo da fecundidade, da vida e da morte. Assim, lê-se no texto: “aquele que eu toco eu devolvo à terra de onde veio, continuou a serpente”. A mãe que devolve a criança para dentro do útero, para aquele mundo maravilhoso da relação mãe e filho; a volta àquela vivência de paz total, a volta ao idealizado.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Esta regressão representa no desenvolvimento da criança a morte, portanto, buscar isto, trabalhar por isto é buscar a própria morte. A cobra representa, ao mesmo tempo, a busca da morte. O pequeno príncipe se deixa picar voluntariamente pela cobra, para viajar e aproximar-se de novo da mãe idealizada da rosa e planeta da infância. É retornar ao mundo fantasioso idealizado do processo primário, a um retorno ao estado anterior, primitivo o qual está diretamente relacionado com o instinto de morte.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A impressão que nós obtivemos deste trabalho de Antoine de Saint- Exupéry é que o autor procurou elaborar, com seu gênio literário toda uma estrutura psicodinâmica humana. Sabemos que o mundo da realidade é um mundo relativo, é um mundo limitado e o mundo da realidade psíquica é um mundo ilimitado, é um mundo atemporal. O corpo, as coisas da terra, são coisas relativas e limitadas.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Ao expressar: “eu não posso carregar esse corpo, é muito pesado, mas será como uma velha casca abandonada, uma casca de árvore não é triste”. Observamos aqui a desvalorização do corpo e a desvalorização da limitação no mundo da realidade e a super valorização daquele mundo idealizado, da volta aos objetos primários, aos objetos idealizados, ou seja, a busca da morte.
Jorge Amaro