Los dos hermanos,a decadência vista por decadentes
A resposta parece fácil pois se refere claramente às duas nações cisplatinas Argentina e Uruguai.mas o que torna fascinante neste filme (e em todo cinema contemporâneo argentino)é a tradição narrativa desta cultura “transduzida” ou “transcriada” da literatura para a linguagem do cinema.Desde Martin Fierro à Julio Cortazar passando por Borges os personagens expressam em seu linguajar uma maneira de ser em conflito mágico.
Daniel Furman seu diretor tem esta capacidade rara de perceber como a Argentina,ou melhor a cultura portenha desvela sua decadência olhando ou se espelhando num Uruguai mais decadente,vagaroso quase indo para atrás
São dois irmãos.Uma é uma “perua”que vive uma nostalgia e um teatro cotidiano do “Real State”,uma patologia de compradora de imóveis, do parecer mas um parecer com as luzes doas anos 50 quando a Argentina vivia seu momento áureo.
Outro,seu Irmão,vivendo seu complexo de Édipo através de uma dedicação e amor a sua mãe Neneca.Quando a mãe falece ou seja o passado se apresenta a solução que a irmã dá é exilar seu irmão numa pequena cidade do outro lado do rio,Villa Laura.
A descrição de Villa Laura (para quem conhece as cidades uruguaias é perfeita).Grandes mansões,uma arquitetura dos anos 50,um hotel com seu luminosos,um bar com os mesmos velhos jogando seu truco e um esplendoroso teatro vazio
Enquanto a irmã tenta superar sua decadência em experiências de trabalho novas e que nunca dão certo culpando a todos inclusive à sua família representada na festa de aniversário de sua tia Lala seu irmão parece encontra-se numa representação nova desta tragédia através do grupo de teatro dirigido por um diretor fracassado e com devaneios de genialidade tentando encenar uma versão contemporânea de Édipo rei de Sófocles.A representação na verdade é uma cópia de uma versão surrealista aparentemente avançada de teatro .Buenos Aires sempre copiou o que havia de melhor na Europa e também sua produção artística sempre expressou o que havia de mais progressista no mundo em todos os tempos.
Há cenas sutis que fazem pensar.Por exemplo a maneira como o diretor vê a festa na Embaixada do Brasil onde há um “macaquito” discursando no meio de pessoas fantasiadas de elegância.É hilário ver o irmão colocando em seu bornal os salgadinhos É assim que os argentinos nos vêm.
Ou a cena em que a irmã pergunta ao seu primo judeu Saul como estava Israel com a preponderante ironia contra aqueles judeus portenhos que foram para Israel obrigados pela crise econômica e nunca se adaptaram voltando pior do que estavam.
A festa de aniversario é tragicômica selada após uma violenta agressividade da irmã contra todos (que representam a Argentina atual) com um bolo todo amassado .O presente que a irmã dá ao seu irmão “o roaming” no seu celular que permite com que os dois lados se falem
Do lado Uruguaio há personagens felizes como a garçonete do bar que mostra (como na nouvelle vague) como se pode ser feliz pilotando uma motinha,o marceneiro que joga xadres.
Os personagens da cidade se tornarão personagens da peça teatral e é através da representação no teatro que e os dois irmãos podem de novo se encontrar.
É emocionante se encontrar redescobrindo o valor de cada um com suas peculiaridades.
Terminado o filme há ainda um presente aos espectadores com a apresentação de um sapateado e a cena fantástica quando aparecem os jogadores de dados apresentando uma obra contemporânea baseada nos seus sons.Isto é para nos ensinar o que é a releitura ou transcriação de uma cena prosaica
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
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