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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Janus e Le corbusier



Le Corbusier e a direita radical e revolucionária

Le Corbusier sempre teve o cuidado de não se comprometer explicitamente no que respeita as suas posições políticas.



Aquilo que deveria representar o reconhecimento definitivo e a consagração de Le Corbusier no seu papel determinante no Urbanismo do Séc. XX (exposição organizada pelo Centro Pompidou,  Le Corbusier - Mesures de l'homme,  Abril-Agosto 2015), transformou-se no pesadelo definitivo para os seus organizadores.
Oportunamente, três livros foram publicados na ocasião: Le Corbusier, un fascisme français, de Xavier de Jarcy; Le Corbusier, une froide vision du monde, de Marc Perelman; e Un Corbusier, de François Chaslin.
As intensamente polémicas e incontornáveis revelações desenvolvidas por estas obras sobre o percurso ideológico de Le Corbusier, só surpreenderam o grande público, pois os estudiosos da Historiografia desenvolvida nos últimos 20 anos, especializada na génese do fascismo entre os finais do Séc. XIX e os primeiros quarenta anos do Séc. XX, viram apenas confirmado aquilo que já sabiam.
Não se trata apenas da estadia de Le Corbusier durante 18 meses em Vichy, tentando servir a “Revolution Nationale” de Pétain, acompanhando o seu amigo Hubert Lagardelle, Ministro do Trabalho no mesmo regime. Este período constitui apenas o momento culminante de todo um processo de contactos e participações com personagens como o Doutor de Winter, Georges Valois, Phlippe Lamour, Hubert Lagardelle, com particularidades, interesses e especialismos diversos, mas todos unidos pelo ideal de uma Revolução Nacional Socialista-Fascista, culturalmente e economicamente regeneradora e modernizante, vinda do Sindicalismo Revolucionário transformado em Nacional Sindicalismo na herança do pensamento de Proudhon e Georges Sorel.
Não se trata, portanto, de declarar definitivamente, com o dedo acusador, Le Corbusier como fascista, mas tentar compreender, na perspectiva da História das Ideias, todo um processo de ambiguidades e aparentes paradoxos que tem sido estudado e revelado nos últimos 20 anos.
Neste aspecto, Le Corbusier era um francês do Interbellum, como muitos outros, movimentando-se num conglomerado ideológico inconformista e proto-pré-fascista que A. James Gregor definiu como uma cabeça de Janus, e Zeev Sternhell como uma síntese “nem de Direita, nem de Esquerda”.
A. James Gregor trata nomeadamente as dualidades e ambiguidades das “origens” marxistas do fascismo como uma cabeça de Janus, fascismo que Gregor considera ideologicamente como uma “heresia marxista” ou melhor dito, uma heresia desenvolvida por ex-marxistas decepcionados e descrentes da coerência ideológica e eficácia prática do marxismo clássico e ortodoxo, e dirigidos a uma revolução não menos radical na sua fase inicial, através da evolução e transformação do Sindicalismo Revolucionário e Anarco Sindicalismo em Nacional Sindicalismo (The Faces of Janus: Marxism and Fascism in the Twentieth Century, 2000 ) .
Cabeça de Janus esta, na qual uma das faces tem estado aparentemente distinta e isolada, mas afinal apenas escondida na sombra, privada da luz da análise e compreensão histórica, e que lentamente, começa a ser iluminada pela evolução da Historiografia através do trabalho de diversos Historiadores.
O título sintético e altamente revelador “Nem direita, nem esquerda” (Ni droite ni gauche, Paris, 1983), é escolhido por Zeev Sternhell para ilustrar a sua tese construída ao longo dos anos em diversas publicações, na qual ele defende que em França, antes da Primeira Guerra Mundial, a essência ideológica do fascismo já existia como um corpo coerente, mas era um fenómeno para o qual um nome ainda não tinha sido inventado. Esta tese provocou também larga polémica (António Costa Pinto, Fascist Ideology Revisited: Zeev Sternhell and His Critics, European History Quarterly, 1986).
O que caracterizava o pré-fascismo de Sorel, Gustav le Bon, Henri de Man e dos Neo-Socialistas Déat e Doriot (todos eles vindos do Marxismo Clássico mas agora em revolta dissidente) era uma recusa da dimensão exclusivamente materialista (materialismo dialéctico) historicista/mecanicista do marxismo, prisioneiro do conceito de luta de classes e da final ditadura do proletariado.

Le Corbusier e a direita radical e revolucionária

Le Corbusier sempre teve o cuidado de não se comprometer explicitamente no que respeita as suas posições políticas.
Aquilo que deveria representar o reconhecimento definitivo e a consagração de Le Corbusier no seu papel determinante no Urbanismo do Séc. XX (exposição organizada pelo Centro Pompidou,  Le Corbusier - Mesures de l'homme,  Abril-Agosto 2015), transformou-se no pesadelo definitivo para os seus organizadores.
Oportunamente, três livros foram publicados na ocasião: Le Corbusier, un fascisme français, de Xavier de Jarcy; Le Corbusier, une froide vision du monde, de Marc Perelman; e Un Corbusier, de François Chaslin.
As intensamente polémicas e incontornáveis revelações desenvolvidas por estas obras sobre o percurso ideológico de Le Corbusier, só surpreenderam o grande público, pois os estudiosos da Historiografia desenvolvida nos últimos 20 anos, especializada na génese do fascismo entre os finais do Séc. XIX e os primeiros quarenta anos do Séc. XX, viram apenas confirmado aquilo que já sabiam.
Não se trata apenas da estadia de Le Corbusier durante 18 meses em Vichy, tentando servir a “Revolution Nationale” de Pétain, acompanhando o seu amigo Hubert Lagardelle, Ministro do Trabalho no mesmo regime. Este período constitui apenas o momento culminante de todo um processo de contactos e participações com personagens como o Doutor de Winter, Georges Valois, Phlippe Lamour, Hubert Lagardelle, com particularidades, interesses e especialismos diversos, mas todos unidos pelo ideal de uma Revolução Nacional Socialista-Fascista, culturalmente e economicamente regeneradora e modernizante, vinda do Sindicalismo Revolucionário transformado em Nacional Sindicalismo na herança do pensamento de Proudhon e Georges Sorel.
Não se trata, portanto, de declarar definitivamente, com o dedo acusador, Le Corbusier como fascista, mas tentar compreender, na perspectiva da História das Ideias, todo um processo de ambiguidades e aparentes paradoxos que tem sido estudado e revelado nos últimos 20 anos.
Neste aspecto, Le Corbusier era um francês do Interbellum, como muitos outros, movimentando-se num conglomerado ideológico inconformista e proto-pré-fascista que A. James Gregor definiu como uma cabeça de Janus, e Zeev Sternhell como uma síntese “nem de Direita, nem de Esquerda”.
A. James Gregor trata nomeadamente as dualidades e ambiguidades das “origens” marxistas do fascismo como uma cabeça de Janus, fascismo que Gregor considera ideologicamente como uma “heresia marxista” ou melhor dito, uma heresia desenvolvida por ex-marxistas decepcionados e descrentes da coerência ideológica e eficácia prática do marxismo clássico e ortodoxo, e dirigidos a uma revolução não menos radical na sua fase inicial, através da evolução e transformação do Sindicalismo Revolucionário e Anarco Sindicalismo em Nacional Sindicalismo (The Faces of Janus: Marxism and Fascism in the Twentieth Century, 2000 ) .
Cabeça de Janus esta, na qual uma das faces tem estado aparentemente distinta e isolada, mas afinal apenas escondida na sombra, privada da luz da análise e compreensão histórica, e que lentamente, começa a ser iluminada pela evolução da Historiografia através do trabalho de diversos Historiadores.
O título sintético e altamente revelador “Nem direita, nem esquerda” (Ni droite ni gauche, Paris, 1983), é escolhido por Zeev Sternhell para ilustrar a sua tese construída ao longo dos anos em diversas publicações, na qual ele defende que em França, antes da Primeira Guerra Mundial, a essência ideológica do fascismo já existia como um corpo coerente, mas era um fenómeno para o qual um nome ainda não tinha sido inventado. Esta tese provocou também larga polémica (António Costa Pinto, Fascist Ideology Revisited: Zeev Sternhell and His Critics, European History Quarterly, 1986).
O que caracterizava o pré-fascismo de Sorel, Gustav le Bon, Henri de Man e dos Neo-Socialistas Déat e Doriot (todos eles vindos do Marxismo Clássico mas agora em revolta dissidente) era uma recusa da dimensão exclusivamente materialista (materialismo dialéctico) historicista/mecanicista do marxismo, prisioneiro do conceito de luta de classes e da final ditadura do proletariado.