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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O CONCERTO TEM CONSERTO CERTO

Depois da “perestroika” imigraram para Israel 800 mil judeus.Diferente de outras imigrações do Yemen,Marrocos ou Iraque esta imigração era composta de um numero grande de musicos,físicos,matemáticos.Havia músicos para 50 orquestras sinfônicas .
Apesar do antissemitismo e as cotas nas escolas e Universidades os judeus conseguiram sobreviver com dignidade através daquilo que é universal ,a musica .
O diretor rumeno Radu Mihaleanu já havia tratado com imenso sucesso através do tragicômico “Trem da vida” o percurso da transformação através do trans-vestir ou seja fazer-se passar por outros para sobreviver. Neste filme os judeus se fantasiam de nazistas e revitalizam um trem e este percurso onde os personagens interpretam outros para sobreviver.
O momento épico do filme é o encontro do trem com uma caravana de veículos de nazistas que na verdade eram ciganos fantasiados de nazistas.Este encontro é a musica e a dança o instrumento de interação entre duas culturas perseguidas.
Esta estrutura vai do cômico ao dramático e é a mesma fórmula do “concerto”
A reconstrução de uma orquestra é similar a revitalização de um trem.Os personagens com suas idiossincrasias vão construindo o “gran finale” que é a comunhão dos sons da obra de Tchaikovsky.
Rir e chorar parece ser uma grande formula no cinema mas também é um remédio para aqueles que podem ter uma catarse.
O filme poderia também ter como título “o maestro” porque é o renomado Filipov condenado a ser auxiliar de limpeza pelo sistema que observa o mundo em silencio e guarda a memoria da filha Anne Marie, de dois músicos assassinados como a esperança do conserto da mãe Russia.
Alexei Guskov como outros grandes atores quase não fala mas expressa no seu olhar o coração de alguém que percebe que há musica no caos e que os elementos perdidos podem se encontrar em Chatellet.
Não é por acaso que é neste teatro erigido sobre os porões de uma prisão cruel que torturava as pessoas cruelmente.Chatellet é símbolo da sobrevivência conserto simbólico de uma cultura através da musica,opera e ballet.
Radu é otimista porque crê na arte como instrumento da salvação humana
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Biutiful não é beautifull

O cinema é uma i-luz-ão.É um fenômeno ótico que vai das sombras ao digital 3D.
Se imaginarmos o poder da luz na transformação do espaço poderemos entender melhor as diferenças conceituais entre cineastas.
Por exemplo, há 40 anos Paris era uma cidade escura porque havia uma lei que não permitia a retirada da fuligem escura de suas fachadas. O presidente Giscard D’Estaing ordenou que se limpasse sua arquitetura e em menos de um ano Paris se transformou em outra cidade. Depois veio a luz fluorescente, a luz de mercúrio, a arquitetura da luz e a medida que o tempo passava a “cidade-luz” se transformava e adquiria outra atmosfera. Se observarmos as películas de época perceberemos além da cor expressionista do celuloide a cidade se revela como um cenário teatral com iluminadores diferentes
A história de Biutiful é similar em estrutura a outras.Alguém que está prestes a morrer mas com luzes diferentes
Javier Bardem não pode viver a fantasia típica do otimismo Hollywoodiano .Aproveitar o pouco tempo para realizar todos os seus sonhos. A vida sombria de Barcelona é um pesadelo e o único sonho é sobreviver dentro dela com sua própria lus. (ou i-luz-ão)
A “beleza “da cracolandia catalã só tem sentido através de um dialeto, de um”patois” de diversas culturas. As coisas são como se pronunciam (se anunciam) ,tem sua cor tragicamente bela O diretor mexicano Iñárritu percorre a cidade através do sofrimento de um personagem vítima das contradições e complexidades do cotidiano de uma cidade grande .Africanos, chineses, curandeiros ,policiais, exploradores ,corruptos, bipolares, editos, todos vivendo o prazer da sobrevivência, só isso. Não há a pseudo beleza dos shoppings das torres e “business-centers (no filme tudo isto é visto ao longe como um horizonte incolor),ha uma poética de uma Barcelona que não é a de Gaudi mas é terrivelmente “ugly”feia,,suja.É uma leitura do lixo humano no dia-a-dia.
O filme é realmente biutiful, é um olhar com sentimento profundo de um pai que ama desesperadamente seus filhos e se relaciona com seus explorados chineses e africanos com um sentido de compaixão e misericórdia. Um pai que observa a mãe de seus filhos com uma paixão daqueles que esperam as tragédias das depressões e manias bipolares.
A imagem de fundo que percorre a memória de um outro pai numa floresta gelada com sons terríficos de um antigo oceano e que lembra de como os pássaros morrem (com uma pena em seu bico) acompanha impiedosamente o personagem . O amor, sexo é nojento (é difícil tolerar muitas vezes a dialogo sobre titica de nariz e a meleca do sorvete) mas torna-se poético na boca destes artistas.
É essa a qualidade deste filme, um documento raro da tragédia que não é só catalã mas que está ao nosso lado como em todas cidades a espera dos grandes artistas.
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