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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Um escritor sem perspectiva

Um escritor sem perspectiva em busca de seu ponto de fuga
(Um leitor com  pontos de vista  contraditórios  e um  modesto fio condutor fora de foco)


UM  RISCO COMO PONTO DE FUGA
O termo “escritura” se refere a aquilo que se chama no judaísmo de “torá she bel a pé” cujo dignificado literal é “tora oral” ou “instrução oral”.O pentateuco é o percurso  para se atingir o Eterno,o transcendente, dentro da psicologia analítico é um dos arqutipos da individuação e da plenitude
Quando nos referimos ao Risco é preciso entender o termo sob dois aspectos ,risco como vontade,coragem e risco como representação
Ponto de fuga é o objetivo,o projeto que é determinado pela oralidade
A escritura é risco, é a sombra ou as letras brancas do percurso


“Um  arquiteto sem perspectiva em busca de seu ponto de fuga”  Flavio Motta
Este é título de um livrinho de um educador  que desempenhou um papel  magnífico de mestre do absurdo
Seu autor ,Flavio Motta ,era o polêmico anarquista das salas de aula
Flavio Motta nos deixou uma extensa obra poética   calcada principalmente em artigos  de crítica de arte e arquitetura da revista Habitat de Lina Bo Bardi e entrevistas    em  que nos ensina  como sermos educadores antes  de tudo
Sua  visão busca mais que um ponto  é uma  perspectiva axonometrico (com um ponto de fuga no infinito)  ou melhor a anamorfose  do sentido obvio.É o repentino contorno  como escrita  inclusivo e infinito
O que caracterizava Flavio Motta assim como Gilberto Freyre era esta capacidade de juntar  “alhos com bugalhos” ou “nem cornetas nem trombetas” em situações surrealistas  dentro de uma perspectiva mágica.
Era renascentista como o ponto de fuga mas maneirista como ponto de vista.
Calculo ou historia,projeto ou higiene ,teoria e calculo estrutural,separados ou tudo junto,dentro deste conceito anamorfotico  como a relação Eu-tu ,uma perspectiva mágica da “alegria é o Noves fora” (do antropofágico Oswald de Andrade),algo que se explica  pelo sentido transcendental . Situar o ponto de fuga no observador se fazia como a anedota com uma perspectiva invertida
Havia algo no encontro de Flavio Motta e Vilanova Artigas ,dois educadores antes de tudo,um marxista poeta,um poeta anarquista.
Durante uma aula com Vilanova  Artigas e Abrão Sanovicz    ,Flavio Motta irrompeu repentinamente ,olhou à todos e disse  a Artigas
“--Não é nada disto,véinho (nome carinhoso que davam a Artigas contrapondo-se a veio do mestre Niemeyer) a tua genialidade não é a vã (vão) ...,é arte trabalho !!! ,para espanto geral do publico que ouvia  em silencio as palavras de Artigas. na Rua Maranhão
 Artigas  responde  carinhosamente com  um abraço   e diz --pois é,muitas noites mal dormidas... e completadas por Abrahão Sanovicz –é, já não se fazem vãos como antigamente,já não se fazem vãos como antigamente...(???).e daí um  estrondo geral de gargalhadas e aplausos,Em um minuto espetacular  um ponto,um nó  de sabedoria , movimento cênico,desenho,poesia , três mestres  e público interagindo.
O poeta arquiteto não tem ponto de fuga e sua perspectiva é infinita.( não é espaço nem tempo)
A relevância do museu de Niterói não é a função  museológica que deveria ter (um barracão seria melhor) mas uma flor que se contrapõe a baia de Guanabara .
O que significa sentir-se como o passarinho ou beija-flor  namorando sua amada rosa diante do espelho magnífico das ondas do mar?
E o que seria da Pinacoteca se Paulo Mendes da Rocha não tivesse transcriado a idéia de Caetano Veloso,do inverso , inverso do inverso?
.A frente no lado do fundo de lá e de cá numa ponte onde o pátio cobre-se de luz.... afinal arte não é luz e sombra?
Como Paulo transduziu cenograficamente a obra de  Musil   “Um homem sem qualidades” de Bia Lessa ?
Um espelho metafísico do público,algo Borgiano,pleno de gavetas ou Bomarzo?
Se a arquitetura é a materialização da música não ha nada mais musical  do que  as generosas marquises ou as rampas  do Ibirapuera
Qualquer que seja o arquiteto ou a arquitetura ,o urbano , o risco de arriscar-se torna a planta que se insurge contra o   concreto da cidade e nasce espontaneamente do amor de algum passarinho e o reflexo de sua imagem na água da chuva.
Foi  o amor pela arquitetura ,que estes educadores nos batizaram com o gosto do dês-coberto
Não procuro o sabe-tudo dos monumentos,ou o monocórdio ou o monossilábico .Nem o mistério das catedrais.Procuro o segredo ,o nó que une as contradições.
Procuro a mão que escreve e retoca .Como a mão do poeta que escreve.É a mão que me move como o risco ,risco.
E se houver um final poderei dizer como Picasso
e no final,quando a obra esta acabada,também dela já se retirou o autor”
Abre-se uma porta ao observador para que reescreva o que lê ou vê
Lembro-me da poesia de Jorge de Lima
alta noite ,quando escreveis um poema qualquer
Sem sentirdes o que escreveis,
Olhai vossa mão_,_que vossa mão nos vos pertence mais;
Olhai como parece um asa que viesse de longe
Olhai a luz que de momento a momento
Sai entre seus dedos recurvos.
Olhai a grande Mão que sobre ela se abate
e a faz deslizar sobre o papel estreito,
com o clamor silencioso da Sabedoria
com a suavidade do Céu
ou com a dureza do Inferno!
Se não crede,tocai com a outra mão inativa
As chagas da Mão que escreve” Jorge de Lima cit A biblioteca e seus habitantes Americo de Oliveira Costa ,Ed Achiamè
“A mão carece de ponto de vista” Marshall Mc Luhan harley Parker ,O espaço na Poesia ,atravé do ponto de fuga,hemus,são Paulo,1975

Todo artista ao riscar,como Jacó,luta com seu anjo
“Quando pinto um quadro ,parece que me atiro no vazio”
...no fundo ,há apenas amor.Qualquer que seja ___os desenhos que te ofereço são minhas cartas de amor”..___escrevia a Genevieve Laporte,___Eu pinto como outros escrevem sua auto-biografia .Minhas telas acabadas ou não,são paginas de meu diário, e é nessa condição que são válidas” Picasso ,François Gilot, Carlton Lake vivre avec Picasso
O “sofer” é o escriba da torah,do Tefilim,da mezuzah.Afirmam os sábios cabalistas  que um mínimo erro de grafia  mudará o sentido do universo .
A escritura as linguagens representáveis, é o todo que agrega todas a letras ,palavras,fundos e figuras .Presume-se que haja uma trama que ordena o sentido.
Para Cabalá  há no alfabeto hebraico 22 letras , a vigésima terceira é a mais importante porque é onde  esta aquilo que não pode ser escrito,o inefável ,o inominável.
Em contraposição  com as letras fonéticas, o ideograma corresponde ao que chamamos de escrita similar às letras brancas (fundo-figura) a um conjunto de linhas de força ,uma arquitetura de energia que o sentido incorpora
Na    película de Hitchcock a “trama” é o suspense.O que dá sustentação ao mosaico de cenas é a ambigüidade  da trama ,anunciada mas não desvelada.
A vinda do Messias é anunciada mas parece nunca chegar.A caracterização do poético (a bíblia é essencialmente poética) torna o vir-a-ser do judaísmo uma quimera.
Perguntaram a um rabino ( que era físico,matemático,biólogo,médico e  para não ficar sem  fazer nada ainda dava umas aulinhas) em Manhattan :
Rebe o que você acha desta discussão sobre criacionismo e darwinismo?
O rebe pensou e disse (em idish)
Criacionismik,darwinismik,beatnik  tudo está escrito na torah ...sabemos como foi o começo.Agora gostaria mesmo é  saber como vai ser o nosso fim e mais ainda onde está a chave do banheiro!!!! (the key,the key!!!)
Quando se quer ir ao banheiro nada mais importante do que achar a chave
Em geral as grandes discussões encerram na sua superfície  problemas muito mais urgentes e prosaicos
Perguntaram a Woody Allen qual o vizinho que gostaria de ter? e este respondeu
Num sábado à noite quando estoura um cano eu gostaria de ter um encanador!!!!

Qual o significado  desta duas anedotas ?
É que há na sua profundidade além do discurso,uma magia invisível do humor.
Praticamente no inicio  ,no  da Torá nasce  a primeira anedota judaica,a historia Abrão e  seu pai comerciante de ídolos  .O  pai  crenet na multiplicida dos Deuses lhe diz para tomar conta dos idolos  .Ao  ficar só ,  Abrahão os destrói –os deixando  um só  com um martelo .Quando o pai chega e vê todos os seus deuses   destruídos ,diz,furioso, quem fez isto? E Abrahão responde __foi aquele ídolo ali com o martelo ...
Ou seja Abrahão coloca um paradoxo na crença do pai que acreditava piamente no poder dos ídolos
Quem cria deuses ( aí uma metáfora) esta sujeito a ser destruído por um única mão ( de outro Deus).Uma das hipóteses do surgimento do Monoteismo  é sua herança do pensamento provindo do Egito onde o movimento revolucionário de Amenofis,Tutancamon,estabecele como culto oficial ,um único Deus,o Faraó  como presença da ausência
Quando a obra acaba deixa-se a escritura.
O livro de Umberto Eco,”A ilha do dia Interior “ é um romance onde há claramente uma lição de escrita  epistemológica.Há um desejo intuitivo de se falar da natureza ,um esboço,que vai sendo consubstanciado por uma trama enciclopédica onde  o autor joga um jogo  enciclopédico onde o desejo do personagem principal ao contrário das obras clássicas como Robinson Crusoé  não é ,após um naufrágio,  encontrar sua ilha . Roberto de la Grive,seu personagem,não quer alcançá-la  mas torná-la mais distante.É  um claro discurso metafísico ,anedótico porque esta situação  que Eco fala em seu livro quando seu personagem lembra-se de cem episódios picarescos “que modifica  a seu modo,que interpreta segundo seus desejos e que transforma  num filme de aventuras do qual ,com gula,,ele inverte as bobinas “  artigo publicado no Figaro,intitulado ‘As distorções do romanesco ,22 de fevereiro de 1996,citado em Umberto Eco,O labirinto do Mundo Daniel Salvatore Schiffer Editora Globo,1998.
O escrituralidade é o re-escrever de nós mesmos,a re-invenção cotidiana do que pensamos que somos.
Mesmo os capítulos da obra parecem encenar  um ridículo respeitável  da erudição  consubstanciadas por citações pomposas das fontes filosóficas e históricas da Grécia até Heidegger  como o capitulo XXXVII ,Dissertações em forma de paradoxos como o modo de pensar das pedras,do capitulo XXXIV ,Monólogo sobre a pluralidade dos mundos”.O capitulo XXXVI ,”O homem no ponto
O capitulo XXXVII “Dissertações em forma de pardoxos sobre o modo de pensar as pedras”
Todos estes capítulos e a mais paradoxal de suas obras “Como fazer uma tese” onde seria melhor entender como não há método para escrever a não ser lendo (tudo e muito mais) se completam co a afirmação anedótica de Eco diante de Felinni __É um pensador—ou um cineasta—voluptuoso.Que o saber ,o imaginário,o exame de si, a lógica intermitente,o burlesco,o maneirismo e o existencialismo se acotovela,, se fecundem e permitam ao leitor debruçar-se sobre seu próprio exílio eterno ,sua moral em ebulição e o apetite de contar a si mesmo um número incrível de peripécias “ ( a proposito do burlesco:Umbero Eco ,falando do caráter cômico de certas “esquisitices científicas” de a “A ilha do dia Anterior” e numa gargalhada com onde “veria muito bem algumas invenções de Galileu num filme dos irmãos Marx”)  entrevista com Michel Arseneault ,na revista Lire,paris, Nº243,março de 1996
Ubu-Roi  de Alfred Jarryo malvado personagem do absurdo é cultuado porque é o paradigma dialético do mundo que não se escreve mas que existe como a imaginação da perversidade.
“Patafisica” de seu autor ,”a ciência das soluções imaginárias”,trata da” doenças da vontade”  a precursora da psicanálise   de que fala Blaise Cendrar s e responsáveis  pela criação e a criatividade

“As doenças existem.Não a fazemos nem as desfazemos a nossso bel-prazer.Não somos senhores delas.Elas que nos fazem,que nos modela.Talvez  nos tenham criado.São próprias deste estado de actividade que se chama vida” Blaise Cendrars  Moravagine ,editora ulisseis limitada,,1974,Lisboa pg 30

Umberto Eco foi professor de Semiotica na Faculdade de Arquitetura em Roma e influenciou um sem números de teóricos da arquitetura desconstruindo a historia e a re-construindo em suas obras literárias numa intricada trama que parece mais real do que ficcional.




A  profecia como método
Uma das questões que desafiam  o pensador é descobrir o segredo  dos grandes artistas.Se existe   ou não ,há de fato  uma enorme  literatura que vai da biografia   a pura ficção de obscuros autores ,eles mesmos mestres na invenção de histórias e  enfim a descoberta de   disciplinas com o título pomposo de ciências da criatividade.Esta confusão permeia  o mundo da concepção e se sustenta no mito do método científico que nem sempre são apropriadas ao mundo das artes.
Em geral o teórico das artes , da arquitetura,da musica  se apropria de modelos   de outras disciplinas com a desconstrução  do seu objeto  ou seja a decomposição em partes ,a arqueologia do espaço ou a dissecação da  harmonia sonora  e  a reconstrução de modelos hipotéticos.
Não deixa de ser  fascinante a historia destas teorias.
Embora a arquitetura como fenômeno seja ancestral   e que muito se havia escrito ,somente no século XIII com o  enciclopedismo  napoleônico é que se deu de fato um processo  de se entender a arquitetura como um objeto especifico  .Como em outras áreas o mito do conhecimento se confundia com ação de se compilar e juntar.Os 10 livros da obra de Julien Gaudet ,”Elementos de teoria de filosofia da arquitetura” se assemelhavam ao hoje mito da informação .Nem o conhecimento,nem a sabedoria,nem a criatividade pode ser compilada e medidos em bits.
Mas não deixaram de ser paradoxalmente os responsáveis por outro mito,o mito do aprendizado (ou hoje o mito do auto-ditatismo).A democratização do conhecimento,antes patrimônio das guildas através da escrita impressa e o surgimento da galáxia Gutemberg a que Marshall Macluham se refere no seu “Meio é a mensagem (ou massagem)”
A concepção da idéia de  escola   ,da universidade veio trazer com o novo paradigma   a ilusão de uma magia do saber e do poder.
Em 1929 ,Rene Fulöp-miler ,um jornalista húngaro de lingua alemã ,escreveu um livro “Os sonhos da humanidade” transduzido magnificamente pelo jovem Mario Quintana cuja filosofia heterodoxa  mostra que a história ocidental faz um movimento pendular  entre o onirismo patético, ideologia absurda e uma decadência cataclitica e de uma maneira profética (algo próprio  da nossa cultura escatológica) previa a ascensão e a queda do nazismo ,o fascismo e o Comunismo!!!!!.Algo que nem os políticos ou historiadores previam.
Fulop-Miller renegado ao ostracismo pela sua maneira de pensar  foi um dos mais prolíficos pensadores heterodoxos e tinha na sua escrita,na maneira de pensar representada,sua marca de jornalista ,cronista que conscientemente como os grandes escritores  usa da poética como nó que une fatos aparentemente paradoxais.
Seus livros imensos como a  Espirito e Phisionomia do bolshevismo ,1933,Edit globo  fala de um comunismo descoberto recentemente com a cara da cultura do pais que o adotou,a China ,a Albania ou Cuba .Um livro basicamente sobre arte,sobre teatro literatura e religião ,ou melhor,de poética da cultura que refletem o âmago da mãe-patria russa .

Fala de uma Russia cujo povo será eternamente cativo de sua alma  russa no sentido mais profundo,uma nação fragmentada que se une pelo misticismo  de origem mística, muito mais do que religiosa .A tentativa de uni-la pelo marxismo,ateísmo transformou um povo em zumbis da  obscuridade irracional do Stalinismo .O comunismo plasmou um estado a semelhança do mais terrível  Rasputin , o chamã adorado e o responsável pela derrocada do império czarista.
É  logo após a revolução de 1919 quando o povo russo vivia a maior penúria de sua história que aparecem as manifestações do misticismo recorrente russo. Rasputin era imediatamente sobrepujado por Lenin,o líder da voz doce ,um novo onirismo da alma chamanica siberiana.
O trabalhador não era o ponto de fuga Renascentista ,era a idéia do porvir da inocência operária  centrado no infinito da utopia marxista.
O “Balagan” era o teatro que mais exemplifica o ardor da ideologia soviética .Eram caravanas que se deslocavam através de trens que transmitiam o ideal da revolução numa dimensão dramática  quase “pentecostal” utilizando-se do do construir-em construído-construi-se  como revelação.A peça se desenvolve tendo como cenário a fábrica,as usinas ,seus apitos e sons peculiares e a participação espontânea do público.
Esta grandiosidade sem roteiro foi transcrita para o cinema com Vertov que editava as imagens como uma sinfonia musical e Eisenstein  que pintava o dramatismo da revolução como o filme “O encouraçado Potiomkim”
DE certa forma lembra o “Gracias Senhor” do Grupo Oficia que se construía sem roteiro através de provocações em performance de mais de dez horas.
A idéia de performance era um manisfesto suprepticio de  sentimento de medo   durante a ditadura
Por outro lado o teatro   judaico Habima  revelava o espírito no nefesh-aruach do misticismo  e da escritura iidish  e seu atores viviam quase reclusos como um Kibutz isolado do mundo terreno.É nesse ambiente que pode surgir pela primeira vez na história a representação de arquétipos judaicos como “o violista no telhado” onde a palavra mágica era “Tradição,tradição” dos “hassidim de Baal Shem Tov 
Chagall foi a primeira expressão de uma pintura expressionista judaica e assim como os arquétipos do “Golem” e o “Dibuck” plasmaram a idéia da força de um autômato e a mentepsicose dos sofredores .
Esta escritura que revelava o invisível dramático da celebração do espírito teve precursores  que também foram afetados pelo arquétipo do oráculo , do “efeito Édipo”.Cria grandes espetáculos que pudessem formar escritura s que sustentassem o sentido nação  de um” povo sem história” como é o caso dos “Concertos Monstros” realizados por Lous Moreau Gottshalk no Rio de Janeiro no fim do século XXXVII após a Guerra do Paraguai , a “abolição” falsa do escravos
A dialética era mais Vinicius de Morais  cantando a Internacional socialista do que o pragmatismo georgiano  estanilista muito mais  “jihadista” do que chamânico
Dialetica
O misticismo  ou a religiosidade que esteve presente nas obras de Calderon de La Barca como “a vida é sonho”  era uma releitura dos autos de fé recuperando a escritura ,o ritual de origem pagão do Catolicismo Romano com  a linguagem do sacrifício como preservação das almas.Este idioma por mais terrível que o seja não é fruto só de mentes  doentias , é o recorrente medo do transgressivo .
Os grandes espetáculos nazistas tinham sua origem no paganismo germânico.Era o Wotan personificado por Hitler .Richard Wagner através de suas Obras como “Tanhauser”  representa fielmente a estrutura do idioma pagão que se incorpora ao momento da tragédia pós primeira guerra
O fascismo italiano também recupera o arquétipo  do paganismo ,dos monumentos,dos espaços vazios e do futurismo  de Marinetti .
Curiosamente a obra mais conhecida de Fülop é um romance sobre a descoberta da anestesia   e  a ilusão da superação da dor
Discutir a importância da profecia como elemento fundamental na cultura ocidental parecia aos filósofos e historiadores absolutamente impensável.
No mundo do método não há lugar para a intuição poética.Mas se a arte é importante porque não tolerar  seu percurso anti-metodico.Como uma reserva indígena o sonhador  deve reinvidicar  seu território de profecia.
Isento de qualquer  vinculo ideológico Fulop-Miler passeia pela mais diversos temas e títulos como um flaneur e sua deliciosa viajem pelas enciclopédias
Como Gilberto Freyre em seu “alhos com bugalhos” a relação de objetos diferentes e contextos reais ou ficcionais toda obra é uma obra e seu sentido radica na escrita
Livros como “Os Santos que abalaram o mundo”,”Lenin e Gandhi “ falam de seres humanos  imbuídos do mais alto espírito metafísico

A idéia do “Scriptor” de Roland Barthes parece ser intuída nestas obras  de Fulop plenas  de poesia,musica,manifestos  e reescrituras publicas.Calderon de La Barca também percebeu a beleza paradoxal dos autos-de-fé transformamdo-os em grandes espetáculos públicos como “a vida é sonho”
A vida é sonho e sonho é a vida
Como o guru de Borges que sonha para  que em pleno sonho descobrir que é sonhado.
O sonho aos olhos contemporâneos é  a virtualidade de Matrix.Quem é real,quem é sonhado?
Rui Belo em sua introdução à obra de Blaise Cendrars  cita o processo criativo do autor em que diz que o primeiro era encontrar o título,depois o tem a e após isso encontrar um substrato para os dois
Brecht também afirmava inspirado no seu alter-ego  ,senhor K. Fazia o outro parecer  com seu esboço inicial.
A “historia do Diabo” de Villem Flüsser não é uma obra anedótica ,ela é descrição paradoxal do seu personagem  principal o anti-criador ,o satã,responsável pela civilização e o mundo das imagens e representações.
A expressão “historia do diabo “ tem ,etimologicamente  vista ,raízes profundas.O termo “história” tem a ver com camadas que se sucedem uma a outra,e a língua alemã liga o termo”história” (Geschichte),com o termo “camada” (Schichte).O termo diabo tem a ver com o conceito de confusão e ,de maneira inquietante com o conceito “Deus”...” A história do diabo,Vilém Flusser  ,Martins, editora
Como profeta  glorioso,fausto,príncipe glorioso  ao contrario da propaganda anti-diabólica ,um companheiro  criador das mais nobres conquistas do homem como a Ciência,a arte e a filosofia.
Se os motivos divinos continuam obscuros ,Satã e sua obra tem objetivos claros,confundir o homem para que crie sempre coisas novas. Em outras palavras criar um novo paradigma é conhecer o paradigma.
Os sete pecados capitais constituem a ontologia da obra  diabólica,soberba é a consciência de si mesmo,Avareza é economia e dinheiro,Luxuria é instinto(ou afirmação da vida).Gula é o direito a uma vida melhor.Inveja é luta.Ira é é a recusa a comportamentos normóticos,portanto da dignidade,Tristeza é o estagio de meditação .
São estas as armas que a religião chamam de ordens ou métodos para eliminar a luz divina.
Como a arte tem um caráter perturbador ,confuso qualquer que seja o método será o de mascarar  a conspiração diabólica do progredir.
Então procuramos o método contra-o-metodo  ou o contra-metodo da epistemologia anárquica de Feyerband.
É a obra mais perversa do pensamento diabólico.
Anarco-pensadores,anarco-arquitetos,anarco- ambientalistas estão “dentro do mundo”pensando um mundo novo.
O mundo infinito ,eterno é inimaginável .Entretanto o invisível,o inefável,impronunciavel produziu milhares de imagens que fizeram o homem  se distanciar  do principio divino.Assim é o mundo diabólico   e assim progressivamente são criadas imagens,escrituras que tentam –representa-lo.
O profeta ( o poeta,o artista)é a expressão maior da escrituralidade .
Sem o nosso espelho estaríamos vivendo no universo sem tempo-espaço.
Na Poética de Aristóteles o filosofo afirma que a poesia  é mais importante que a historia.Porque a primeira trata do geral enquanto que a segunda trata do particular
Em Roma os templos possuíam uma área destinadas aos deuses desconhecidos ,aqueles onde haveria de surgir um universo novo .
Bertrand de Jouvenell ,um dos precursores da futurologia,trata pela primeira vez  e “A  arte da conjectura”do conceito de incerteza e o poder da imaginação.A primeira de caráter matemático e outro de psicologia
Jouvennel  molda o termo “futura” como um prospecção  projetiva de caráter intencional.Fala das clássicas descrições visionárias  literárias ou pictóricas como modelos recorrentes da angustia do não saber ou do vir-a-ser.Esta angustia decorrentes da atmosfera pos-historica( de que fala Vilem Flusser) que tenta responder –o que seria do mundo se não houvesse a guerra,ou se os nazista houvessem vencido?.Esta questão esta presente no filme de Frank Capra  “ A felicidade não se compra ,1946 ( It’s a wonderfull life “) com James Stewart quando o personagem em sua tentativa de suicídio é interrogado com a pergunta—O que seria do mundo sem vc?
Paul Ricouer coloca a questão da historia como sendo também  de natureza ficcional porem permitindo que  buscar entendamos nossas própria Du-vidas .
Como Santo Agostinho não podemos saber o que vai ser, mas o que esta acontecendo e assim pensando determinar o futuro de si.
Charles Jencks em “Architecture 2000” apoiando-se  na Semiologia e na  historia e teoria da arquitetura usa o termo “efeito Édipo” para definir esta noção de projeto de carater intecional Ao culpabilizar o oráculo (o futurólogo) em Édipo como responsável da tragédia pois se não tivesse previsto os fatos daquela maneira ,jamais  teriam acontecido ou poderiam ter acontecido de outra maneira.Consciente deste poder  o próprio Jenks se coloca como oráculo  editorial da arquitetura contemporânea.
Tais conjecturas estavam ligadas a um projeto  editorial cujas conseqüências determinaram  a invenção de movimentos arquitetônicos tais como o pós-modernismo,o desconstrutivismo,o adhocismo, etc
A importância do livro na Cultura Ocidental  re-escreve a obra  tornado-a escrita.No plano mediático a obra se transforma em composição visual .Cria-se em seguida uma meta-linguagem com vida própria capaz de se transformar em outras mais.Um câncer lingüísticos de proporções incontroláveis.
Na obra de Wim Wenders ,”Um filme para Nick “o diretor desconstrói totalmente os seus personagens e a sí mesmo utilizando recursos de escrituralidade (ação gerundica,filmar e em filmando,filmar-se).É um Wim  documentando e representando a sí mesmo  falando  de um filme que não tem roteiro,de um futuro que não se sabe,documentado a  Nick  falando de varias formas de cinematografia,o vídeo, a pelicula de 35mm,16 mm,super 8,o enredo,o story board  e ao mesmo tempo inserindo a Wim Wenders como ficção e  fato real ,alter ego e espélho de si mesmo
Como Picasso que se retira da obra para que ela possa virar arte , o “circulo “ de narrativas se dá quando o filme se acaba como  projeção.Não há aplausos,só um sofrido silencio diante do enexplicado que é a morte.
Em NostalgiaTarkovsky fala de um escritor exilado que é o seu alter-ego pois ele mesmo ,um verdadeiro russo,está para morres de saudades de sua pátria.
Embora a narrativa biográfica que um artista faça,a escrituralidade é o tempo necessária para juntar as partes  o final é tão sòmente a celebração  da escrita,da editoração das partes
O filme ,Utopia  que realizei  em Super8 em 1965   possui uma narrativa  de incompletude,de muitos cenas filmadas e não vistas ,porque nunca as projetei.Temia o que tinha captado.Sua edição foi feita,literalmente, pela colagem de fragmentos de celulóide vistos a olho nu.
Ví  o resultado uma vez só .Vinte anos depois quando passei para VHS diminui de 1 hora para 20 minutos .Posteriormente fiz outra edição de um minuto e meio onde sonorizei as imagens . O vídeo tinha uma forte conotação com o judaísmo,com a cabala,com a violencia no Oriente Médio e a musica de John Lennon ,Imagine interpretada por Madonna foi escolhida para dar um sentido ao sonho de paz que alentava Imagine .porquê,imaginar é sempre sonhar eo sonho é uma forma de edição.
Se há um final  e se tristeza e a emoção podem  ser representadas  gostaria de reescrever o filme como um choro.O choro é a lembrança mais ancestral  do meu ser e tudo que fiz e que faço se dá dentro de mim ,dentro do meu peito,no meu coração sistólico e diastólico.O sentido de ser filho deste universo, pai e pai,”Av” de “Aba” (senhor ,pai do universo) e se o circulo tambem pode ser representado  em trás dimensões gostaria de me fixar em câmera lenta no ultimo ponto ,a ultima pedra da fuste da abóboda celeste.
E como diz a poesia de Vinicius de Morais apesar de tudo ser lindo,indizível
Estou triste
O anedótico  como espelho celebra este sentimento mítico da melancolia
Este fechamento  é  o que considero a escrita do próprio ser
Na dissertação  ,Arriscar , a perene alquimia do abrigar,trabalhei com os fragmentos de uma produção mas sem a a consciência de que havia encontrado minha escrita ,meu título.

Reconverso com meu recôndito versar
Assim ao  ver ,re-vejo-me
E posso te amar
Proust,(”Em busca do tempo perdido “ trad Mario quintana) procurava  alcançar a substância do tempo para poder se subtrair de sua lei, a fim de tentar apreender, pela escrita, a essência de uma realidade escondida no inconsciente 
Onde encontramos uma afirmação sempre descobrimos implicações.Colombo nunca teria chegado à America ( o espaço profano)através de  mapas medievais  desenhadoa apartir do pa Como referencia fundamental citariamos ,Prous,Em busca do tempo perdido onde o autor procura alcançar a substância do tempo para poder se subtrair de sua lei, a fim de tentar apreender, pela escrita, a essência de uma realidade escondida no inconsciente 
radigma auditivo .Só através do paradima visual   representado pelas tecnica de navegação é que pode transcender o espaço sagrado revelado pela escuta de percursos ,viajens e fantasias

“Alguém poderia ter refletido sobre a visão,mas quem poderia refletir.
Sobre o que vê ,por todo o mal que vê” Wallace Stevens,”Esthetique du mal”
Cit em O espaço na poesia e na pintura,atravé do ponto de fuga ,Marshall Mac luhan,harlry parker pg 241
O senhor Jacó recebe um telegrama de seu filho Moises e o lê  com grande revolta
PAPAI,ME MANDE DINHEIRO!!!!!!!!!!
Veja  Sara a gente paga os estudos,os livros, acomida e este sem –vergonha  me manda um telegrama DESTES!!!
Aí a mãe lê
Papainheeeee,mamde o dinheirinho
Ah, que filho bom nos temos ,né,Sara...
A mais leve troca de intensidade produz uma sutil modulação  que nos move ou demove.Qualquer manifestação artistica inclui todos os sentidos como afirma McLuhan é  uma maquina de educação  com o objetivo  de exercitar a percepção
“o artista pode ser considerado o piloto que sabe lidar  com a bússola apesar dos desvios magneticos  da agulha provocado pelo voluvel jogo de forças “...é antes ,o auxiliar indispensável para a ação e reflexão “   cit Mcluhan
Mcluhan desenvolve  a ideia em “A Galaxia Gutemberg” onde fala do alfabeto fonético que abstrai a visão do significado.Em “O alfabeto” David Diringer ,cit no mesmo livro, em oposição a escrita pictográfica que tende a unir  a sintaxe  e a semantica numa especie de “gestalt”.
O alfabeto hebraico por outro lado deixa ao leitor a opção sintatica e semantica porque trabalha basicamente com raizes compostas de consoantes onde o sentido á dado pelo som fonetico daquele que  lê. O cinema moderno é pictorico e requer a participação continua como no caso de “Blow up,(depois daquele beijo) A ultima cena onde parece haver um jogo de tenis se envidencia pela mudança  da posição do rosto diante  da bola que surpendemente  se verifica que não existe .
Mas a pergunta em Blow up é ,existe?
A televisão a cores  é na verdade a projeção de uma imagem em direção ao espectador ,assim é a internet ,descontinua  
 o “percurso do tempo”(king of the road) de Wim Wenders  contrapõe o tempo do Road movie  (automóveis,trens,uma moto BMW . com a escrita da Galáxia Gutenberg ,maquinas de escrever ,impressoras  gráficas,tipos,celulóides de uma película,a projeção do filme.
A escrita ,o contorno da figura ,além do movimento, é a trlha sonora,uma musica de rock’and’roll que lembra os originais americanos.Uma nostalgia do exílio pos guerra  e uma tentativa de reconciliação com o silencio dos perdedores.
Esta escrita esta presente no “Quadros de uma exibição” de Mussorsky muito antes da invenção do cinema.
O autor descreve o “promenade” dentro de uma exposição de seu amigo Hartman ,arquiteto,cenógrafo que havia falecido.
Cada quadro é representado por uma composição única que transcria o quadro original .Ente elas há uma harmonia que une as diferenças.Kandisky  transduziu esta peça através de um balé de formas unidos por uma única forma pura o circulo fora de foco.
É similar a solução que Oscar dá ao parque do Ibirapuera quando articula as diversas construções  através  da marquise
A musica e a arquitetura são feitas da mesma substancia espaço e tempo.
Na musica ,estamos parados e os sons percorrem.Na arquitetura os elementos estão parados e nos os percorremos.
Tempo-espaço-luz-movimento-corpo são os elementos que compõe a escrita  do cinema,da arquitetura da dança
Lawrence Halprin em RSVP cycles  conduz seu raciocínio da paisagem como um corpo que percorre a paisagem ,dialoga com espaço,fala com o entorno e dança nos seus cenários.Juntamente com Ann Halprin  procura  entender este fenômeno  como a representação de uma coreografia e cenografia  através de elementos antropológicos como os rituais,a magia,etc




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