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domingo, 5 de março de 2017

Teatro Magico e a Biblioteca

HABIT(ar)
coisa, caso e  casa

Semiótica,psicanálise e a arquitetura

"Eu sonhei aquilo. A única diferença entre o sonho e o conto é que, no pesadelo, eu estava sozinho. Estava numa casa.....(1951,Julio Cortazar,Tomada)"

Sou pessoa,gente,sou um caso,não uma coisa
Sou caos e causo
Sou aquele que vê quando é visto,nos entre-veros,entre-vistas
Ser percebido para que eu seja casa.
Uma casa é uma coisa habitada por um caso,não acaso.

"Começo falando na casa...porque a tinha diante dos olhos.... Aí você tem um caso em que o fantástico não é algo que eu comprove fora de mim, mas que vem do meu sonho. ” (Cortázar, 1982)."

“Uma coisa é coisa quando é um  qualquer ,coisa é sempre qualquer coisa,ou seja,uma das muitas ,muitíssimas” (Cosas e personas,Juan David Garcia Barca)

Um qualquer é parte dos todos,indiferente,igual,homogêneo e uniforme.Para o qualquer o desigual É PROIBIDO.
existe um qualquerismo,um aquilo, da mediocridade triunfante que cresce numa medida  qualquer ,cresce coisificando.
Mas como somos  pessoas o qualquerismo  não é ninguém.
Nos casa-mos.
“quem casa quer casa”
“sinta-se como a casa fosse tua”
Não  aquilo,uma caça,uma coisa,mas de preferencia um caso de amor
O amor mora e para não morrer ,habita
Rosseau dizia aos pais para não desaprenderem seus filhos a morrer.Pois quando se morre somos alguém,uma história de casos e casas,acasos e ocasos, contra o qualquer  morar
Shakespeare dizia que não se devia dizer às crianças que os sonhos são bobagens porque os sonhos são exercícios do sono eterno.
No Chamanismo também ,o sono ,o sonho,ou a viajem enteogenica é um exercício do sono eterno,Don Juan de  Castañeda em “a arte de sonhar “nos fala desta sabedoria,assim como os  “ayahusqueiros” tratam a “miração” ou “burracheira” como escolas da “passagem”
O homem se perde pela surdez,pela falta de fé na oralidade e pela total ignorancia do seu ser
Ao escutar a casa encontro meu lugar
Sem lugar é caos.Num lugar é caso,é estória.
“O homem é um composto de qualquerismo e o EU” (Garcia Bacca).Um corpo com alma.Uma casa com sentido.
Um  emerge em relação ao outro ,dentro de diversas casas.
Quando MEU caso  e Teu caso se encontram por acaso, não estamos vazios;cada um vêm com suas coisa  e  o ocaso nos torna singulares
Compartimos  uma  comunidade de intenções,NÓS-sa casa
Entre-meados de verdades imortais ,como se fossemos coisas.
A ciência e suas consequencias  não são de ninguém ,aquilo é de uma ordem transcendental,normótica,impessoal.
Abaixo (ou acima) há um universo complexo onde somos NÓS ao dividirmos mundos (política,religião,cosmovisão)
Há um livro de  Laing (Knots,nós) sobre a singulariedade . NÓS, não no sentido coletivo ,mas de complexos fios cuja poética  constrói a tragédia das relações a que chamou de teias de MAYA  (a deusa da ilusão).Podemos dizer que é uma semiótica do zero ou dos “novesfora” onde o autor desenha  um processo onde amor e ódio interagem até a auto-destruição Na cultura incaica os nós (quipus) são instrumentos de memória,uma escrita  numérica  embora não codificada (como os hieróglifos) também servem como instrumento de interação entre culturas.Entre os judeus, os nós do “talit”  do “Tzitzit”,  e do tefilim configuram uma “gematria” dos nomes de Deus.Há um “Datum”ou partitura na posição de cada nó  como um composição musical.Toda cultura judaica é edificada sobre o tempo.O rabino e filosofo Abraham Heschel contrapõe o que chama “arquitetura do tempo” à “arquitetura do espaço”grega,ocidental.O sentido é atribuído pela temporalidade a um vazio ancestral (o tohuvabohu).Enquanto “o vazio ocidental” é prenchido pela materialidade pela edificação,pela ocupação do espaço.
Tanto em Santiago Barbuy como Italo Calvino observam a necessidade de identificar o idioma no vazio
 Thanatos  são os NÓS dos quais nos escondemos .É a pulsão destrutiva..É a  imagem da morte ,do dês-habitar.
Recorro  ao clássico trabalho de Freud sobre o estranho (Das unheimliche, 1919). Freud refere-se ao caráter ambíguo daquilo que costumamos sentir como estranho ou sinistro: algo que tendo sido familiar, deixou de sê-lo. Em sua pesquisa sobre várias acepções de palavra alemã “heimilich” lembro a seguintes: “pertencente à casa, , doméstico, íntimo, amistoso” ou “desfrutar de um contentamento, tranqüilo, ... despertando a sensação de repouso agradável e de segurança, como alguém entre as quatro paredes de sua casa” (Freud,1919, p.279) Tais definições são uma síntese da condição inicial  numa casa habitada por símbolos  ancestrais até o momento em que aquele ambiente passa a tornar-se estranho (unheimlich), invadido por algo que permanece ao longo da história como oculto, desconhecido .A casa habitada ,dês-habita-se e rehabita-se
“Depois de haver sido uma garantia de imortalidade [o duplo] transforma-se em estranho anunciador da morte” (Freud,1919, p.294)1.
A morte, portanto, é o tema  impregna as ações desse conto conferindo-lhe o caráter sinistro, assustador, presente, talvez, até mesmo no pesadelo de Cortázar. Não  apenas como  fato biológico natural e inevitável do ciclo vital. Mas  à morte como a força silenciosa que nos impele à estagnação, à inércia, à recusa de tudo que possa representar a preservação da vida enquanto movimento no sentido de maior complexidade, de crescimento, de aumento das tensões e dos vínculos criativos.
Há culturas que convivem  com a morte ,  e assim vivem intensamente a vida.
A recusa à vida tem como resultado a expulsão da casa, a expulsão de si mesmo, a perda da própria identidade. A cena final assemelha-se à expulsão de Adão e Eva do paraíso, mas num sentido inverso. Lá o castigo por terem provado o fruto da árvore do conhecimento é o ingresso no mundo real, a vida com o seu borbulhar de dores e prazeres; aqui a repulsa ao conhecer elimina o que ainda resta de vida; fica apenas a rua, o vazio, o fim da história.
Jorge Luis Borges usa   ,a BIBLIOTECA , uma casa habitada por livros ,como   metáfora para designar o universo que é á vida .
Le Corbusier dizia que “a casa é a maquina de habitar” e Paul Valery dizia que “ a biblioteca é a maquina de ler” .
Ambos se referiam ao termo  “Deus ex machina” cujo significado é  não considerar a lógica interna na sua inverossímilhança ,  terminá-la através uma situação improvável . Deus ex machina   descreve alguem ou uma coisa que de repente aparece e resolve uma dificuldade insolúvel. Para um qualquer  isto é  insatisfatório, na vida real este tipo de figura é “o heroi”
Os herois habitam as casas e as bibliotecas pois  possuem a mágia de transforma-las constantemente.Tanto a casa como a biblioteca habitam e são habitadas pelo ato de ler , re-ler e numa dimensão singular re-ligar-se.É bom lembrar que ler vem do latim legere que exprime o ato de “colher”,eleger.Ler “entre linha”s tem o mesmo sentido das palavras cabalistas onde é preciso aprender não só as letras pretas como as brancas.É o inter legere num sentido maior qua propria palavra inteligencia.
A leitura habita nossas almas como os comodos das nossas casas pois podemos interpretar ,imaginar e identificar o lugar e seu tempo.
A ancestralidade da casa dos livros esta na escritura- desde a descoberta de Gutemberg-o impresso como instrumento de comunicação,difusão,democratização das ideias,constituem condutores artezanais e a professia de paz universal.
O livro é filho da oralidade ,do uso criterioso da locução da argumentação e da expressão.O livro confere legitimidade a escritura e o pulsar da sinapse respiratória que liga o cerebro ao coração.O livro é a arquitetura da alma ,edifica os contraditórios sentimentos humanos e porisso está ligada intimamente a literatura.
O livro desta maneira é sustentáculo da casa habitada por ideias e ideais comuns,o lugar de encontro entre homens,culturas e fio condutor de professias .
Italo Calvino em” Seis propostas para o terceiro milenio” ao separar a literatura da literalidade confere a literalidade a função  interpretativa através de categorias do fato literário  como : a leveza ,a rapidez ,a exatitude ,a visibilidade e a multiplicidade  que configuram “momentos” alegórigos e paradigmáticos de modo que se possa identificar o curso histórico e portanto a perspectiva histórica.Calvino assegura a esperança como uma problemática realização do futuro.
A importancia deste modo analítico para a semiotica e a psicanalise  e a arquitetura é que ela sustenta entre as diferenças aparentes um fio condutor que é a esperança através da temperança poética.
A lição que se pode estrair de um mito está na literalidade do relato,não naquilo que acrescentamos” (Seis propostas..p 15)É o mesmo que afirmamos que existe uma arquiteturalidade com um idioma próprio estruturado em categorias que determinarão uma espacialidade ,uma territorialidade prospectiva.
A Temperança é a identificação desta trama temporal
Harold Bloom  fala em sua “Cabala e critica” das diversas maneiras que foram lidos os livros cabalistas revelando seu tempo.Considerando  o fato  de que o hebraico é uma escrita sem vogais permitindo a quem lê a interpretação a cada momento,a casa rehabita-se de maneiras diferentes ao longo do tempo.
O alfabeto é uma edificação(consoantes) carente de sentido (vogais).Cada palavra é habitada por Deus , é número e formula do teorema,do Theorein,do Theos,da contemplação divina e do pensamento.Lêr(legere) é espelho(speculum) inteligente (inter-leger) do teatro da casa
Para Borges as Bibliotecas eram” gabinetes mágicos” ,onde estão encantados os melhores espiritos da humanidade.
Victor Hugo  associa a leitura a maquina .Mais precisamente com as engrenagens “Um livro é uma engrenagem.Tome cuidado com essas “linhas negras” sobre o papel branco,pois são forças,combinam-se,compôe-se,decompõem-se,entremeiam-se entre sí ,rolam e desenrolam-se .enlaçam-se,acasalam-se ,trabalham.Uma linha morde,outra aperta,esmaga e subjuga.E finalmente as ideias são as rodas da engrenagem.Se sentirão atraidos pelo livro e este só o libertará depois de dar uma forma ao seu espirito”
Kankô,monge budista do 14° seculo escreveu:”não há maior prazer do que abrir um livro,só,à luz da lampada e tornarmo-nos companheiros do mundo invisível”
Do ponto de vista da psicanálise   a BIBLIOTECA nos aproxima dos  significantes Pois é no processo de  Angústia , ao trabalhar a questão da falta no discurso analítico que nos ocorre falar sobre a biblioteca , insistindo,  na necessidade de reforçar constantemente  o reencontro dessa trilha quando algo estiver se fechando em nossa experiência.
"Não há falta do Real, a falta só é apreensível por intermédio do simbólico. É referindo-se à biblioteca  pode-se  dizer: ' aqui tal volume falta no seu lugar' ora esse lugar já é vazio designado pela introdução do Simbólico . E é essa falta que o símbolo como representação de algum modo   preenche  e  designa o lugar, indicando a ausência e conquistando a “presença da ausência”.
Parafraseando Lacan” Construimos a Biblioteca (o discurso)para sermos construídos por ela”
Roland Barthes  diz que “ler é fazer trabalhar nosso corpo ao apelo dos sinais do texto,de todas as linguagens que o cruzam e formam uma ondulante profundidade das frases”.Com a psicanálise  confirma-se o conceito de que o corpo de fato  transcende nossa memória e nossa consciência.O corpo é a casa da nossa alma,nossa psiquê
"Antropofagicamente os livros existem  para serem provados,engolidos e para outros mastigados e digeridos" (Francis Bacon)
Há leitores que grafam as palavras ,frases,parágrafos,outros rasgam páginas.
Em  “O corcunda de Notre Dame”  Victor Hugo faz um  verdadeiro exercício  de semiótica   e psicologia analítica    onde se sugerem metonímias,metáforas ,uma arqueologia de transcriações diversas,signos e metalinguagens de uma França mitológica,de Esmeraldas arquetípicas.Paris é mais do que luz,Paris é a descoberta de um corcunda  e de uma Esmeralda em cada nós.Um corcunda cheio de valores num universo alquímico em transformação .Só a torre de Pisa é mais importante do ponto de vista simbólico.Exatamente porque  é torta
Assim como há livros de arquitetura ,há uma arquitetura de livros que conformam,configuram um  espaço simbólico
Como arquitetura mágica a biblioteca é capaz de conter drogas e substancias que provocam delírios e alucinações.É altamente subversiva  e capaz de detonar o ódio e sentimentos de vingança
Dom Quixote enlouquecera com a leitura dos livros de cavalaria.E Paulo quando fala diante do rei Agripa da ressurreição dos mortos(provavelmente  o Vale dos Ossos  de Ezequiel ....) exclamou “Paulo as letras te tiraram o sentido (Atos dos Apostolos XXVI,24)
A idéia de Biblioteca também se manifesta nas experiências enteogenicas .A  Babel de J.L.Borges , é uma metáfora do Universo de cada um e de nenhum ,dos livros que se pode ler e não  se lê e só  nos vemos através deles  como num espelho.
É interessante a descrição de um sonho recorrente em que o paciente se vê num teatro onde há dois espectadores que se sentam um ao lado do outro.A peça é a “Opera do Três vintens  “ de Brecht e o teatro é também uma espécie de Biblioteca com balcões e escadas helicoidais.Uma parte é interpretada por um cantor lírico em português e alemão e outra é a prostituta Geni da “opera do Malandro” de Chico Buarque  Acabando a peça “o outro” o convida para uma festa num estranho edifício ecleticista onde há no seu ultimo andar  uma torre coberta por uma abóbada.Nesta festa encontram-se todos os tipos trangressivos,homossexuais,drogados,etc o que faz com que o o personagem se sinta mal e abandone o lugar preferindo caminhar por uma imensa galeria  paraguaia através   de uma rampa em espiral repleta de gadjets.O desejo de possuir os objetos  dá ao paciente uma sensação de bem estar enorme.
Observamos nesta descrição um discurso parecido com a obra de Hesse.O outro(a) é a manifestação do lado masculino e feminino.O teatro-biblioteca é o mundo mágico que se parece à vida cheia de patamares ,pontes,labirintos ,livros e espaços onde faltam livros (porque se sabe que já existiram).
A peça teatral é uma hibrido de seriedade do personagem Brechtiano( do gangster Mickey Mouse,o rato) e a prostituta Geni a quem se joga merda .É  o conflito entre a  consciência intelectual e a realidade factual
A festa numa torre abobadada ,é a nossa Babel, fragmentação dos nossos eus( que falam diversas línguas)  e cobertos por um céu imaginário ,a Cúpula , a representaçã arquitetônica do céu,figura muito comum nas construções religiosas.
E por fim o fenômeno da miniaturização e o prazer que o “inútil” nos dá (o essencial é invisível para os olhos ,Saint Exupery).
A ideia de uma galeria de lojas ligadas por uma rampa é na verdade uma  linha continua (oroboro) e parece ,de fato ,reproduzir o fenômeno da singulariedade comuns aos sonhos e viajens alucinógenas.
O museu  Gugenheim  de Noew York de Frank Lloyd Wright analisado sob ponto de vista semiótico é  uma elevador que ascende e que se liga a uma rampa em  espiral ((significante) descendente é um Oroboro (símbolo)
Sua forma externa orgânica contrapõe-se ao vazio interno.É possível afirmar que a verdadeira obra de arte a “Deus ex machina” é o próprio Gugenheim e seus habitantes.As pinturas ,esculturas e instalações aparecem como meros elementos decorativos e não é por acaso que as pessoas terminam na loja de souvenirs tentando possuir sua experiência singular.
A idéia de “Promenade “de Le Corbusier não tem uma razão somente funcional mas é a primeira vez na história que um arquiteto representa o obvio , o exercício de configuração sinergética do corpo,do olhar do todo interno e externo.
Na Torre Einstein em Potsdam , Eric Mendelsohn ao projetar um observatório astronômico constrói não só um invólucro para o sistema de lentes de observação ,mas um cenário onde estão presentes a torre ,o vazio interno e a luz ,um espetacular teatro expressionista.
Mas o edifício onde a sintaxe e a semântica se escondem no cenário é a igreja de Ronchamps de Le Corbusier praticamente toda baseada no bricolage de uma Madona cubista.No “construto”do grande mestre relojoeiro suíço  a experiência do promenade ,do percurso na Ville Savoye, em Ronchamps há um percurso da experiência sagrada,no encontro com a feminidade ,com o anima de Maria.
O esquecimento  de uma edificação  é como uma leitura trágica de um edifício histórico ,a degradação do centro da cidade ou da construção desordenada da periferia Segundo o historiador Andrew Hersher há um idioma,uma  forma de projeto de profundidade como Bachelard fala em “a terra e os devaneios  do Repouso repleto de significantes tão importantes quanto uma obra nova.”
Quando um edifício deixa de existir,é como um livro que desapareceu da biblioteca,um processo intermediário de significação onde os fantasmas ainda habitam o local
Portanto , a arquitetura não foge dos arquétipos das outras manifestas artísticas ou humanas.
A casa quer ser mais amorizada  lembrando Teillard de Chardin,portanto o amor na morada é mais que uma oração.   Constrói e construindo controi-se
Ao re-ligar-se resgata-se o sentido do espaço sagrado,do sonho inacabado,do Ad-HOC ,da arte efemera e perene.
A arte Ad-hoc ou o Adhocismo contemporâneo incorpora os conceitos do Dadaismo,do Cubismo da colagem e Bricolagem adicionando um conceito de natureza ética que é a sustentabilidade e a reciclagem.
A ideia do “work in progress” no teatro ,no cinema,na musica  e na arquitetura tem o mesmo percurso.
No  ”Gracias señor” do grupo Oficina praticamente não há texto e se constroe  num ritual entre os atores e os espectadores.
Um dos mais fantásticos cenários teatrais foi o realizado por Victor Garcia e Wladimir Pereira Cardoso para a peça de Jean Genet “O balcão “no reatro Ruth EscoBar.Uma grande espiral de aço com um vazio onde se desenvolve a interpretação
Alexander Klog em 2008 faz uma releitura do roteiro de Eisenstein baseado em  “O Capital” de Karl Marx fazendo uma re-edição que é um Bricolage de filmes ,documentários ,peças teatrais,operas onde a questão ideológica desenvolvida por Marx é  desenhada dentro de uma perspectiva contemporânea como uma obra inacabada.
Renato Cohen com seu “Work in progress” retoma este movimento como um hibridismo de mídias.Como teórico denominava seu trabalho de “pós teatro”, uma referencia ao conceito de Flusser de “pos história”.
Cohen caminha em zig-zag,como um “borderline” desnorteado,onde o bricolage se faz através da do gesto,da visualidade e sonoridade.
Como Borroughs resgata o mito e o ritual mas através da construção projetiva carregada de passado e futuro.
Novamente recupera o conceito de obra inacabada , aberta com o que denomina  “processo de trabalho” um “fazer  e em fazendo fazer-se” entendido como constante ressonância do espírito de época.
A incompletude como o teorema de Godell (é bom lembrar que Renato Cohen era formado em engenharia e um semiótico pierceano) se não é uma verdade pelo menos é uma virtude.
O arquiteto pensador Paul Virillio trata este processo como um fenômeno acidental e que as manifestações artísticas como humanas caminham sem saber de fato o que são.
O apocalíptico Virillio mostra que tudo é acidente bastando somente que se tome conhecimento disto.
O pos teatro como a pos historia ou a pos-guerra é a fotografia do óbvio ou  como explica Benjamin onde   a arte é o dialogo do lixo com a erudição .
O arquiteto John Turner afirmava em seu “housing  by people”   “que a favela era solução e os conjuntos habitacionais são problemas”.Ao fazer apologia da auto-construção tratava a edificação como um “work in progress”.Se observamos as nossas cidades o incremento de loteamentos clandestinos e a posterior urbanização criaram uma “arquitetura” rica em elementos simbólicos e um teatro de eventos culturais e dramáticos.
Ou seja ,aquilo que aparentemente é catastrófico aos olhos de uma classe revela- se no seu trajeto na sua incompletude um desfio criador de novos significados onde o acidente e o incidente configuram uma nova realidade existencial .Os procedimentos utilizados por Cohen como narrativas sobrepostas, a noção de obra progressiva inspirados em James Joyce a múltiplas  variáveis circulando num fluxo livre de associações, evitando a conclusão do sistema
Tais procedimentos substituem o desenvolvimento dramático, procedimento clássico do teatro. Cohen cita, constantemente, a arte minimalista, com suas fases e defasagens, com o uso de repetição que varia na sua diferença e que instaura planos meditativos.
Faz uso de diversos instrumentos, desde aqueles que foram transmitidos no âmbito da atividade artística, quanto daqueles que vêem do ritual, como o caso do xamanismo. A performance, para Cohem, é tanto um campo sombrio e sinistro, carregado de ironia, quanto uma viagem de iniciação – daí suas constantes referências na obra do alemão Joseph Beuys Um ritual de iniciação que não se dá em moldes pré-estabelecidos, mas a partir das próprias mitologias pessoais   .
“A ALEGRIA É UM NOVES FORA” (manifesto antropofágico,Oswald de Andrade)
Assim como “ a alegria é os nove fora” de Oswald de Andrade  Avalovara de Osman Lins  é um alquimista em seu laboratório secreto procura o segredo do Zero,o noves fora da singulariedade,da plenitude. Aqui,  Partindo de um velho palíndromo - SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, que o narrador traduz por “O lavrador sustém cuidadosamente a charrua nos sulcos” ou “O Lavrador sustém cuidadosamente o mundo em sua órbita”, assim insinuando dois dos sentidos simbólicos da figura, - Osman constrói um romance como um jogo espaço -temporal. Três mulheres, identificadas com cidades, cruzam a vida de Abel, o herói . Um exótico pássaro feito de pássaros - o que dá título à narrativa -, um relógio, um tapete de míticas imagens presenciam os encontros amorosos, inscritos no quadrado palindrômico atravessado por uma espiral interminável, símbolos do Homem e da Mulher. Ou do Tempo e do Espaço, inseridos numa figura geométrica hieroglífica, de esotérica significação. O autor  concebe um romance ecumênico, universal; as cidades onde contracenam os amantes e por meio das quais as heroínas se deixam reconhecer, podem ser quaisquer, assim como as personagens que representam. O lugar e cronologia do enredo desobedecem à convenção: tudo se passa numa esfera e num tempo míticos, da mesma forma que pertencem ao mundo dos mitos o pássaro imaginário que nomeia a história, o relógio surrealista e suas horas aleatória a La Magrite, o tapete e tudo o mais. História de um mito,  ou o romance como narração de um mito. O Amor como Mito e arquétipo fundamental no jogo da vida
Avalovara reproduz, na estrutura em palíndromo,uma mandala  configurada num quadrado e numa espiral representando  a ordem cósmica. Como esta ordem se  rege pela entropia, daí o  seu caráter multifacetado, anárquico buscando o personagem principal da obra,o scriptor,o leitor reinventando-se (inventar e inventando reinventar-se) Uma arquitetura poética,labiríntica, ubíqua, de utópicas emoções . Meta-linguagens infinitas regidas por uma geometria ,uma matemática a procura da palindromia graalica
Julio Cortazar em seu “Jogo de amarelinho” também cria o personagem do scriptor semelhante a Avalovara
Em seu “a volta ao dia em oitenta mundos” incorpora a linguagem do mass-medium permitindo que o leitor viaje literalmente em um segundo
Embora a metalinguagem seja ancestral,estórias dentro de estórias (como a “torah “ou “As mil e uma noites”) a incorporação do  universo multi-midia é recente com Jonathan Safran Foer em sua duas obras.
Os personagens existem como alter-ego do autor.São fragmentados revelando histórias reais que se se articulam com ficções arquetipicas  que convidam o leitor ou o espectador (na versão cinematográfica a descobrir a essência do fatos  e o cenario contemporâneo  com personagens interpretando simulacros atemporais.
È evidente novamente que se trabalha com o Bricolage, a colagem e o mosaico  dentro da tradição da literatura americana

A vida é sonho  para  Calderom de La Barca , e teatro é vida para Shakespeare.
Calderon de La Barca se inspirou nos trágicos “autos da fé” inquisitórios para realizar sua obra. Shakespeara na revolução Coperniana da astronomia
Para Shakespeare  ,a vida também é sonho ,efêmera e portanto cenário  legítimo da morte e assassinato .Quadro vivo de uma época onde a tragédia se mesclava a ironia de um tempo em mutação,um dialogo entre a violência e a moral,a revolução astronômica,o contato com um mundo novo,as Utopias de Tomas More
Macbeth é metafísico quando passa enfrentar o nada.Antes senhor do mundo o agora aterrorizado  enfrenta seu “não-lugar”  velado por sua  ignorância cega
Mas jamais nos desprendemos desta SOMBRA que trata Jung e que Herman Hesse chamou de “TEATRO MÁGICO”  , o nosso percurso entre o Eu e TU onde somos muitos e ninguém,e num terceiro nível somos  singulares.Um  caso de amor na morada sombria e louca da droga,da musica e do sexo.
Tanto as leis da natureza ,como as normas da cultura somos um entre muitos:qualquerismo como diz Garcia Bacca ou normose como nos diz Pierre Weil como filósofo e Jean Pierre Leloup como religioso e Roberto Crema na psicanalise
Estes nos tornam “bordeliners” vivendo entre a loucura e a criatividade.
A coisa,o caos ,o caso e a casa representam a tríade recorrente do ego,super ego e e o  id ,do animus,da anima e da plenitude.
Do significado,significante e do símbolo
O homem é o único animal que vive através do símbolo num contexto diabólico.
Villem Flusser em sua “História do Diabo” e Bertrand de Jouvenel em sua” Teoria das Conjecturas” traçam este papel deste  homem em três níveis.
O Ego ,sua Biblioteca  e o Mágico instado a uma constante criatividade numa viajem diabólica.Diante do nada é conjectura,projeto e designio
Em “Anna dos seis aos dezoito”  o cineasta russo  Nikita Mikhalkov  mostra a antiga União Sovietica  aos olhos  de sua filha ,de criança ate  a idade adulta.Há neste olhar  cinematográfico dois personagens que exercitam a percepção da existência,habitam um mundo com uma memória e um desígnio incerto.
“a linguagem é a casa do Ser, nela habita o homem “ Heideger
  Bachelard na sua Poética do espaço   ,"o homem esta no céu como o céu está no homem.
Nos habitamos a casa mas o universo poético habita em nós."
 Em ,(Ar)risc(ar), a perene alquimia do abrigar , o teólogo e filosofo Antonio Marchionni  fala   como metáfora fundamental  a pagina  que é  dedicada a filha do autor mostrando um desenho  de sua casa quando tinha 5 anos.
Um  esboço de uma escada de Jacó diante de uma azul infinito ;Marchionni  lembra que esta morada escondia uma dimensão sagrada cuja coluna vertebral era a a escada  que ligava  a terra ao céu .Uma escada com todos degraus e formas  diferentes cujo objetivo não era  subir nem descer mas ascender e descender .Cinco andares que se articulam num “Bricolage” como fala Vera Bonemassu na sua análise semiótica desta casa  .Um  mundo re-ligado onde a criança aprendeu a conviver com todos os perigos .A casa passou a habita-la
A
Esta linguagem  busca  o sêr desta menina  através do desenhos ,fotos ,vídeos ,e sua  percepção  do e no  espaço desde os 5 anos até os 22  .
“Casa da Estrela” como  denominou esta habita-ação é a sincronia destes fenômenos cujo tempo singulariza.
“Eu ,minha biblioteca e a magia do teatro”  estão  presentes no meu todo pois  as palavras de uma vida tem uma mesma origem :teoria,theorein,teatro,contemplação,sagrad
“O homem habita no poeta” Holderlin
O corpo a casa e o mito de Sísifo
A alegria é a prova dos nove” Oswald de aAndrade
Nove vezes nove ´oitenta e um ,oito mais um é nove,nove menos nove é zer

Como a soma dos algarismos do primeiro termo deu igual ao resultado (0), a soma está correta.
O arquiteto tem sido  discípulo de uma Utopia prometida mas somos testemunhas da “morte” do arquiteto  diante do fracasso da arquitetura e dos problemas reais que afetam a crise da habitação e a qualidade urbana edificação e na cidade.
Diante disso consideramos dois textos post mortem  como  autopsias ,Collage City(1973),escrita por Collin Rowe e F.Koetter e  “Morte do autor” de Roland Barthes
Dentro de uma perspectiva contemporânea  a”Morte do autor”estuda a relação entre a literatura e a critica literaria ou seja a produção  propriamemente dita (ou realizada)  e a escritura sobre o produto.Este modelo serve para qualquer campo de criação e em particular a arquitetuta.
Na “morte do autor” esta presente numa critica a obsessão do humanismo moderno sujeito ao autor e sua biografia como expressão do individuo estendendo-se  na contemporaneidade como negação do leitor e do usuário
A questão da “autoria “ se desfaz diante do personagem que Barthes chama de scriptor   Baseado numa inter-textualidade recria constantemente o texto onde funciona uma mecânica constante de ler e escrever .Portanto o Scriptor é ao mesmo escritor e critico do que faz. A palavra Script provem da idéia de um roteiro em andamento um “work in progress”
Barthes  ao criar o Scriptor revela a tensão do momento estruralista,pós histórico utilizando de um modelo inegavelmente semiótico onde a de-construção e a nomeação determina novas metalinguagens
Na morte do Arquiteto identificamos como protagonista a discussão da arquitetura moderna através dos olhares sociológicos,antropológicos,psicanalíticos e da História e teoria da arquitetura
Em primeiro lugar tratando de dismitificar o conceito universal do projeto e a introdução de metodologias de projetação dando ao arquiteto um idioma e uma linguagem . Após isto há uma tendência oposta com leituras ecleticas  como “a arquitetura sem arquiteto” “vernacular””autoconstrução” e as modernas técnicas de ‘escrita automática  e a morte do arquiteto
Os arquitetos modernos e contemporâneos passam a sofrer criticas que provem de outras disciplinas tais como a antropologia,a sociologia e a psicanálise.
Collin Rowe coloca pela primeira vez as contradições entre as idéias utópicas da arquitetura e suas conseqüências de fato.Os arquitetos  modernos e os críticos não estavam preparados para fenômenos como a Disneyworld e  o Archigram ou Coolhas
. .

Tupsicanalismo e  a  mística judaica
Só a mistica judaica em particular a Cabala pode entender porque a alegria (Simcha) é o novesfora do tupsicanalismo de Mario e Oswald de Andrade
Porque a prova dos nove busca o zero ,o nada,o “tohuvabohu” que é a imensa transcendencia no infinito , a felicidade no sentido mais pleno do verbo e seu principio (davar,dvorá, a mesma raiz de verbo ,palavra,abelha,mel,trabalho)
"Os futuros historiadores chamarão, talvez, à nossa época:
o SÉCULO DO SUBCONSCIENTE"
(Carpeaux, 1946, p. 347)
"Ela não veio com certeza...
Que bem me importa!
Saiba a cidade de S. Paulo
Que nela vive um homem feliz!"
(Andrade, M., 1980, p. 97)
Existe um pais ,acho que é o Brasil onde as pessoas são felizes (Mayakovsky")
 “escutar” é a “Alegria da prova dos nove ( a interpretação numerológica)
O Teatro mágico  de Herman Hesse faz parte de um dos livros mais fascinantes acerca do “conhecimento do ego”,O lobo da |Estepe.É uma construção complexa de muitos Eus
.Enquanto a obra de Kafka é  uma reflexão sobre o ego e  seus escritos são fortemente simbólicos onde se observa uma visão global com uma vasta ironia e terror ligado a vida do autor
O Lobo da Estepe ,ao contrário,é fragmentado.Não se sabe quem são os personagens e qual a relação com Hesse e os leitores .O personagem principal Harry Haller (alter ego de Herman Hesse) é o próprio lobo solitário,isolado do mundo,da sociedade e sem passado

Para Hesse, as pessoas  necessitam   se confrontar com a  morte para viver a  vida intensamente
Esta idéia recebe tratamento especial no Lobo da Estepe Em uma cena complexa e fantástica ,Harry Haller comparece a um Jam-session  onde se droga no Teatro Mágico do jazzista  Pablo.
Num estado transpessoal Herman achando  Pablo  e  Herminia(o)  adormecidos
lado a lado, acabando de esfaquear o  transsexual   Ainda fantasiando, 
imagina uma conversação com Mozart sobre a necessidade de aprender rir  e permanecer atento  a um só  ideal onde  é condenado
 à vida eterna pelo  assassinato desta figura imaginária. Mozart de repente
se torna Pablo que 
desaparece, com Herminia(o)  no bolso de colete  até Haller recobrar os sentidos
 retomando o jogo de vida, sofrendo suas agonias  mas capaz de sorrir como Mozart. , libertando-se dos  limites convencionais e artificiais.
O Lobo da Estepe é neste sentido uma obra revolucionária,uma metalinguagem, um jogo da amarelinha, um texto dentro de um texto como a alma dentro do corpo
As cenas mais tênues do Lobo da Estepe formam uma interseção intrigante entre
o enredo, o autor, uma alta percepção visual, e o ambiente de Hesse.
No Teatro Mágico  extingue –se a   o elo entre o ego  , a  mortalidade, e a ubiquidade é claramente a revelação da experiência  enteogenica ou uma intuição proveniente do cubismo,do Dadaismo de  artistas como Picasso, Braque e Gris de que  desenvolveram  à idéia da pintura viva.
“A Arte não é a verdade. A Arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade". Pablo Picasso
Uma das variantes deste movimento foi a COLAGEM sobre a superficie da pintura.


"A colagem em fotografia é um modo para viajar... Deve ser usado com habilidade e precisão se desejamos chegar [...] A colagem é um idioma ,um  hieróglifo flexível de justaposição:
 Uma colagem faz uma declaração." - WSB (1962)
William Burroughs que fez diversas experiências enteogenicas     ( inclusive com a Yahuasca ) se utilizou da colagem para representar este universo onírico.Só o Mosaico,o bricolage ,a justa-posição pode se aproximar deste estado.
Talvez  o mais importante estes trabalhos revelam Burroughs  que recria em muitas formas  uma composição  visual o "Interzone" do seus romances, uma "cidade imaginária" que era "uma combinação de Nova Iorque, Cidade do México e Tangier" nos quais ele "constrói narrativas alucinatórias, com suas características  interconetadas"  Com a incorporação  de numerosos elementos pessoais--fotografias levadas por  seus companheiros Gysin e Ginsberg, onde se vêm além de suas imagens e de seus amigos, paisagem de lugares onde  havia vivido e  viajado--as colagens encerrram temas  autobiográficos e inspirações ainda não escritas do autor.  
Não se pode deixar de estabelecer uma relação com os “Caçadores de Andróides” e “Matrix” que também usam a idéia do “inter-zone” e  a “cidade imaginária” eclética vivendo um sonho (virtual) e um desígnio alucinatório .Ambos os filmes usam a técnica do “Bricolage” e a sublimação similar à boneca do Teatro Mágico (a andróide )
Num mega-evento em Londres Bourroghs  utiliza o OXone de William Reich e diversas “dreamachines” (maquinas de sonhos que farão parte de seus livros


O lobo da Estepe é uma COLAGEM literária ,como o Mosaico de Walter Benjamin o autor pinta um romance enquanto escreve e escreve enquanto pinta
Uma pintura entremeando elementos da vida pessoal,e os reconstruindo numa entidade independente .
Enteogenia,fantasia,realidade e ficção  são os elementos desta obra que demonstram uma relação com a psicanálise  e o desejo de explorar o subconsciente
 De acordo com Jung “Todo homem leva dentro de si  a imagem eterna de mulher, não a imagem desta ou aquela mulher de particular, mas uma imagem feminina definida... chamada  'anima'."
Desde Demian e sua “marca de Caim” ,Sidartha e no própria “arte de viajar” Hesse dialoga com a psicanálise e a espiritualidade seja na procura de sua essencia dual anima-animus,a sexualidade,o complexo de Édipo (na relação de Emil Sinclai com Eva) e a metafísica.
Em seu “Jogo das contas de vidro” percebe que só o silencio de um “magister ludi” pode ensina-lo a dialogar com o mundo”folhetinesco””,fragmentado,superficial lembrando as teorias de Huizinga em seu”Homo Ludens”
O personagem Herman,Hermine são  alter-ego do autor e a transformação de Hermine em uma boneca é  o ponto crítico desta narrativa.
Bachelard em sua “psicanálise do fogo” mostra a tendência dos aditos a minituarizar suas viajens alucinógenas e lembra os autores infantis,a maioria alcolatras.
Alice no País das maravilhas  é um exemplo onde o mundo é habitado por pequenos personagens dialogando hora com seus espelhos hora com seus monstros até encontrar a plenitude.
“Alice no País das Maravilhas” o  clássico de Lewis Caroll  é uma longa e fabulosa experiência enteogenica cujos personagens são similares ao Teatro Magico de Harry Heller
 O autor  como Hesse, brinca com a normose e  falsa sanidade . Desde o começo, se faz presente o mito de Chronos, do tempo, representado pelo coelho confuso que está sempre com pressa, . E uma Alice  (Hermine)que passa a segui-lo sem nunca alcançá-lo.
 Com a aparição do gato de Cheshire(Pablo), que não só tem o hábito de aparecer e desaparecer subitamente, como muitas vezes deixa para trás o seu sorriso marcante,(Heller e Mozart e arte de rir) podemos fazer uma relação direta com um dos alter egos de Alice (os diversos eus de Harry Haller)
Um provoca-o a tomar decisões diferentes das que  tomaria normalmente, criando dúvidas em sua cabeça e levando-a a explorar novas situações.
Fica bem clara a  “transição” de Alice que está passando da infância para a adolescência e experimentando, muitas vezes com medo e sofrimento, a vida de adulta.
A analogia do “chá das cinco”,  que tem sido apresentado  como uma crítica a Inglaterra,trata-se evidentemente de uma comunhão de um coquetel alucinógeno, oferecido por um senhor cujo nome é “Chapeleiro Maluco”( no tatro mágico é o bolso do colete) Quem o bebe fica extremamente empolgado, rindo (como Haller aprendeu com Mozart a sorrir)
Uma das cenas mais indiscretas e perturbadoras da obra de Lewis carrol é que Alice fuma um narguilé, oferecido por uma enorme lagarta  ou um oroboro (que significa a roda da vida,similar ao bolso do colete cuja forma se parece ao oroboro)e o tabaco ,ópio ou haxixe, é o que ajuda Alice a fazer uma relação referente à problemática de seu tamanho( a boneca do Lobo da Estepe).Diante do terror desta viajem Alice indica um cogumelo  (outro enteogenico) para superar este estado
Alice entrando uma floresta onde nada, inclusive ela, tem nome algum,ou seja,é um qualquer. Na leitura poética de Alice  diante do espelho se perdem o tempo,a geografia e o território e mais uma vez arquétipos recorrentes se sucedem quando Alice Vê a tempestade e corre para a floresta parando sob uma grande árvore.Não seria quiçá a arvore da vida?O que liga a terra ao céu?
E esta nuvem se parece a um corvo maior que a arvore e bate asas como um furacão.Não seria este corvo-tempestade ou arquétipo  do  corvo ´Prades implacável. do mito de Pericles,o corvo sinistro de Poe Reven que no espelho significa Never ,nunca ou seja atemporal,infinito.
Este espelhamento de Poe nos coloca a questão de que ao não podermos ter certeza nenhuma de que os nomes que damos às coisas correspondem ao que elas são de fato e ao sermos muitos somos ninguém ,nos damos conta do absurdo que é a “realidade”
Vemos também o senso de justiça presente no Rei de Copas e a loucura exacerbada de sua Rainha, no baralho, representada por Judite, uma personagem bíblica, que retrata a história de Arfaxad, rei dos medos e que justifica a ira e a força empregadas na famosa frase “Cortem-lhe a cabeça!”(parar de pensar,ou sonhar,no teatro mágico o assassinato de Pablo e Hermine)
Como o Gato de Cheshire afirma " aqui somos todos loucos "( no Lobo da estepe é o teatro só para loucos)  a volta à  realidade  nada mais é que uma dimensão de singulariedade (ou prosaica como escreve o autor).
Como em diversas culturas ambas as histórias tratam do que se chama o “rito de passagem”.
Ambas constituem pelo conteúdo e forma uma linguagem revolucionária,ambas são metalingüísticas,textos que falam de textos e ambas são colagens,bricolagens poéticas sublimes
No caso específico da dissertação analisada pelo filosofo Antonio Marchionni o “Arriscar” a alquimia do abrigar presente na tese .Arriscar como risco e representação  é o “rito de passagem “ presente no processo interativo (alquimia) de habitar (ou abrigar-se)
Alice é o nosso componente feminino nosso “anima” e sua história é uma viajem do “herói” como diz Claudio Naranjo  um encontro com a plenitude.



Conceitualmente  em O Lobo da estepe ,Hermine  nunca foi real mas era indubitavelmente o anima ,o lado feminino  de Haller , e sua sublimação no contexto da fantasia  induzida pela droga  , permitiu sua liberação espiritual e  o encontro da plenitude ou “self”

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