–, no período
do Vormärz que antecederá a
fracassada
revolução de 1848, que Hesse encontrará alguns
temas que lhe serão
fundamentais,
tanto na sua obra quanto na sua própria existência. Dois conceitos
passam a ser
fundamentais neste período – Weltschmerz (dor existencial) e
Zerrissenheit
(dilaceração interior). Somada a estes, aparecerá a temática da
aliena-
ção. Com o
desencantamento progressivo com a burguesia, os artistas do século
XIX,
principalmente aqueles que se manterão afinados com o Romantismo,
vão
desenvolver cada
vez mais uma “fuga” para a interioridade.
Hesse, sem dúvida, aparece
como herdeiro desta tradição. Sua obra cele-
bra o reencontro
com os temas até aqui descritos, porém ganha acepções pró-
prias do
contexto do século XX, no qual o autor vive e escreve.
Vários são os
fatores externos que caracterizarão sua obra e, de certa for-
ma, marcarão sua
separação dos modelos do Romantismo do século XIX. Em
primeiro lugar,
o crescimento de uma indústria cultural, que projeta cada vez
mais a
literatura de massa sobre o público e começa a fazer uso, em escala
cres-
cente, de uma
poderosa mídia emergente. Vários autores, incluindo Benjamin e
Adorno, entre
outros, irão procurar pensar este fenômeno da massificação da
cultura,
preocupados com suas conseqüências sobre a estética e a literatura
de
um modo geral.
Hesse também manifesta
preocupação quanto a este fenôme-
no. Em O lobo
da estepe, Harry Haller externaliza a opinião desmerecedora de
Hesse acerca da massificação
e do consumo em série da literatura e das formas
de
entretenimento.
A massificação
é instrumento também da propaganda política do nacional-
socialismo,
levando à efetivação do nazismo e ao período de ascensão
hitleriana.
Hesse, desde a primeira
guerra mundial, a qual previra pesarosamente antes
mesmo de seu
estouro, manteve posições que despertaram polêmica e lhe ren-
deram diversas
manifestações de protesto e repúdio. Absolutamente pacifista,
sua postura
antibelicista foi explicitada ainda antes da primeira grande
guerra.
Foi acusado de
traidor da pátria, principalmente por ter se mudado para a Suíça
e adquirido a
cidadania deste país. No período entre as duas guerras, não deixou
de alertar para
os perigos da formação nazista e para a iminência de uma nova
guerra.
Criticava duramente a formação de um rebanho sob a égide do Partido
Nacional-Socialista e
temia pelo futuro da humanidade. Condenava a massificação
pelo que ela
representava de desvio no caminho da constituição da verdadeira
humanidade, como
já descrito anteriormente, somente possível pela imersão
em si mesmo,
pela interiorização, pela singularidade individual.
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