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sábado, 18 de março de 2017

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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon há 29 de junho de 1900 e desapareceu, em missão oficial de guerra, há 31 de julho de 1944. Autor de muitos livros, como: Terra dos Homens, Piloto de Guerra, Correio Sul, Vôo Noturno, Cidadela e O Pequeno Príncipe. Sua obra deixa evidente uma experiência humana profunda e inquieta, na qual a solidão, o silêncio, as imagens do deserto, o problema do tédio e da morte, do prazer e da liberdade, do sentido da vida são temas constantes.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Nesta obra “O Pequeno Príncipe” o autor traduz, em termos literários, o diálogo interrompido e reiniciado entre o adulto e a criança que vive dentro de todos nós. Logo no início, surge a criança que observa uma gravura de uma jibóia engolindo uma fera. Imediatamente a criança, por identificações projetivas, estabelece vínculos com a situação da gravura, onde há um devorador, que é a jibóia, e um devorado, que é a fera. A seguir, o pequeno menino, a criança da nossa história, expressa em um desenho, a primeira simbolização concreta de seu núcleo terrorífico, onde surge uma jibóia digerindo um elefante.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A jibóia passa a ser, por identificação projetiva, a figura condensada e perigosa da mãe-pai-devorador e a pequena fera-elefante, a criança-menino devorado. Quando o autor procura relatar a tentativa da criança de dialogar com os adultos sobre seu desenho e encontra neles incompreensão e indiferença, está expressando, através destes adultos, as figuras parentais pouco sensíveis e intuitivas à percepção do mundo infantil. Isto dificultou o diálogo da parte parental-adulta com a parte infantil-criança da personalidade para poder fornecer a esta criança meios de desenvolvimento e de comparação entre o mundo adulto-parental, no vínculo da realidade, com figuras parentais monstruosas, em relação à criança, no vínculo da realidade psíquica.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Este diálogo necessário é expressado nesta obra, como interrompido, em prejuízo do desenvolvimento harmônico desta criança. Aqui há uma identificação introjetiva de figuras parentais não sensíveis e intuitivas na percepção dos sentimentos da mente infantil. Surge uma criança solitária, curiosa e sedenta de compreensão em um diálogo com figuras parentais-adultas e insensíveis.
      Já adulto, a personalidade do nosso personagem procura viajando pelo mundo todo a busca; mas a busca de algo não bem esclarecido, a busca de resposta e do reinício deste diálogo interrompido.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando criança, procurava mostrar o desenho para as outras pessoas e a resposta era sempre a mesma, ou seja, não compreendiam a comunicação implícita. Respondiam como sempre: “é um chapéu” , uma vez que para percepção adulta era um desenho inofensivo e para a percepção da mente infantil, era a simbolização da mãe-pai-monstro devorador, engolindo uma fera-criança. Por meio do enredo e dos diálogos surge um homem-criança, solitário que apresenta-se como que dividido em: uma parte formal-adulta, porém sem vínculos mais profundos nos seus relacionamentos e um menino-criança, que busca alguém que o compreenda e um meio para que possa simbolizar e expressar todo este seu drama psíquico.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Assim se expressa: “Vivi portanto, só, sem amigos com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara”. Com esta frase nós constatamos a vivência de solidão deste homem-criança-adulto que necessitava encontrar alguém sensível para poder reatar este diálogo interrompido.
      A impressão que nos deixa a leitura deste livro é que neste momento em que surge a cena do deserto de Saara é exatamente o momento do reinício do diálogo interrompido, ou seja, figuras parentais e a criança intra-psíquica deste adulto solitário.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Ao surgir um menino-pequeno príncipe, que aparece subitamente no meio do deserto, inicia-se um diálogo com este adulto-aviador, o que nos parece que este menino é a simbolização da criança do aviador em reinício de diálogo com o adulto-figuras parentais do próprio indivíduo. É um splitting (excisão, separação) de duas partes do mesmo sujeito, ou seja, a parte criança e a parte adulto-figuras parentais. Esta criança-pequeno príncipe inicia o diálogo pedindo um desenho de um carneiro. Aqui surge a necessidade da criança de simbolizar suas vivências, suas fantasias inconscientes como meio necessário ao seu próprio desenvolvimento.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Sabemos, pela contribuição da psicanálise, especialmente pelos artigos de Melanie Klein que, o amor, desejos agressivos e libidinosos são transferidos do primeiro e único objeto: a mãe, para outros objetos e desenvolvem-se novos interesses que se convertem em substitutos da relação com o objeto primário. Este objeto primário não é só o bom seio externo, mas também o internalizado. Em todos estes processos, a função de formação de símbolos e de atividade de fantasia é de grande importância. Quando surge a ansiedade depressiva e particularmente, como início da posição depressiva, o ego se sente impelido a projetar, a desviar e distribuir desejos e emoções, assim como a culpa e um anseio reparador entre os novos objetos de interesse.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A importância da formação e elaboração de símbolos no desenvolvimento do ego, foi uma das grandes contribuições à psicanálise por meio dos trabalhos de Melanie Klein.
      Nesta história do Pequeno Príncipe observamos o reinicio da formação de símbolos, da formação de sonhos e do trabalho mental com estas camadas terroríficas da personalidade. O que nos parece, é que até este momento o personagem aviador-adulto-figuras parentais de um lado e o menino-pequeno príncipe-criança do outro, que deveriam estar integrados dentro de uma mesma personalidade, trabalhados e amadurecidos, estavam até então, excisados e estagnados, impedidos desta integração com grandes prejuízos no desenvolvimento integral da personalidade.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Consequentemente a manutenção de uma criança com o diálogo interrompido com a parte das figuras parentais promove vivências de solidão.
      Quando o adulto-figuras parentais-aviador relata que estava com dificuldade de desenhar, já demonstrava nesta expressão que tinha dificuldade de sonhar, de simbolizar. Após várias tentativas e diálogo entre o aviador-adulto-figuras parentais e a criança-pequeno príncipe surge uma caixa desenhada, onde dentro estaria preso o carneiro. Observamos que o carneiro e a caixa se tornaram, por identificação projetiva simbolizada, de partes do self projetadas.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      No transcorrer dos diálogos verificamos que surge um movimento de relação entre o mundo da fantasia, dos sonhos da criança e o mundo da realidade do adulto. O pequeno príncipe representa o mundo da fantasia, do sonho da criança e o aviador o mundo da realidade do adulto que agora começavam a integrar-se. No início os dois mundos estavam excisados, agora porém, começavam a se integrar. Assim, quando neste livro se lê: “dia a dia eu ficava sabendo mais alguma coisa do planeta, da partida e da viagem, mas isso devagarzinho, ao acaso das reflexões, e foi assim que vim a conhecer no terceiro dia o drama dos baobás”.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Todo desenrolar do interesse em relação a este carneiro para que ele comesse os arbustos, era um interesse da criança-pequeno príncipe, de eliminar os arbustos do seu planeta. Nestas condições, o carneiro passa ser a simbolização de uma função protetora. Quando o autor escreve: “com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más, por conseguinte, sementes boas de ervas boas e sementes más de ervas más. Mas, as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que um cisme de despertar. Então ela desperta e lança timidamente para o sol, um inofensivo galhinho.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido. Havia sementes terríveis no planeta do principezinho, as sementes de baobas. O solo do planeta estava infestado e um baoba, se a gente custa a descobri-lo nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta e se o planeta é pequeno e os baobas numerosos, o planeta acaba rachando. É uma questão de disciplina, dizia o principezinho, quando a gente acaba a toilete da manhã, começa a fazer com cuidado a toilete do planeta. é preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobas logo que se distingam das roseiras”.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Constatamos no transcorrer destes diálogos, que o planeta, a roseira, os baobas, o carneiro, são os elementos simbólicos por meio dos quais o aviador reinicia o processo de elaboração, o processo de sonhar e trabalhar com essas fantasias inconscientes terroríficas da figura condensada mãe-pai-devorador e da criança-devorada. Verificamos também que, quando se refere ao planeta do pequeno príncipe, há neste planeta a expressão, na elaboração literária, do processo primário do inconsciente. No processo primário não há noção de tempo real, não há cronologia e há predominância do princípio do prazer, enquanto que, no mundo adulto existe cronologia e a prevalência do princípio da realidade.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Verifica-se por exemplo, a seguinte frase: “mas do teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira e contemplava-se o crepúsculo todas as vezes que desejava-se. Um dia, eu vi o sol se por quarenta e três vezes”. Portanto, dentro deste mundo infantil, deste mundo inconsciente, regido por este processo primário, as fantasias são, de um lado idealizadas e do outro, terroríficas.
      Surge na expressão daquela única rosa, no planeta do pequeno príncipe a simbolização, por meio da identificação projetiva do seio bom idealizado, da figura materna boa idealizada e única.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando observamos a seguinte frase: “se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar, em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Mas, se o carneiro come a flor, é para ela, bruscamente como se todas as estrelas se apagassem”. Aqui temos a simbolização da figura materna como o único objeto de amor e de proteção, e sem ele é a escuridão, é a morte.
      A irritação da criança-pequeno príncipe é devida à falta de sensibilidade e o não entendimento do adulto-aviador-figuras parentais, da vivência da realidade psíquica desta criança e da necessidade que ela tem desta fixação como o único objeto de amor.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Nestas condições todo diálogo é feito no sentido de armar um meio de proteger este objeto de amor, a rosa ameaçada e também o próprio planeta ameaçado de ser destruído. As ervas de sementes más e as ervas de sementes boas são os objetos internos que se exteriorizam no mundo exterior. Os baobas que surgiriam das ervas de sementes más e que se desenvolviam formando árvores frondosas, foram desenhadas pelo autor e surge no desenho de uma árvore muito grande e em cima dela um pequeno menino com um machado.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      A árvore é a simbolização, por identificação projetiva da grande e intensa destrutividade expressada por fatores universais, como voracidade e inveja que no transcorrer do desenvolvimento do menino-homem ameaçam, não só a roseira (objeto bom idealizado) como o próprio planeta (o sujeito e o objeto).
      As angústias persecutórias são simbolizadas nos baobas como uma forma de controle e expressão da destrutividade do ser humano. A figura persecutória central representada pelos baobas (voracidade, inveja) é acompanhada pelas sementes boas, ou seja, a boa relação mãe e filho (a gratidão e o amor).
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      O rito obsessivo da toilete matinal do pequeno príncipe, o arrancar de baobas logo que se distingam das roseiras e ainda o pequeno menino com um machado em cima da árvore para cortá-la, representam os processos primitivos, onde o ruim tem que ser extirpado, eliminado, onde a convivência integrada do bom e do mal torna-se impossível. Isto acontece porque o menino e o grande baoba representam um ego infantil e fraco, frente a fortes forças destrutivas durante o crescimento.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Inicialmente, o carneiro é trazido como proteção para comer os pequenos arbustos baobas. Surge aqui o início do uso da identificação projetiva destes fatores destrutivos que inicialmente são internos e que agora são projetados e simbolizados externamente nos baobas. Como a energia expelida é de destrutividade, os baobas se tornam persecutórios e precisam ser re-introjetados para desaparecer a perseguição externa. Surge então o carneiro-criança que engole os baobas, come os baobas. Como vemos as primeiras funções usadas são a identificação projetiva e a identificação introjetiva.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Esta função de introjeção, de comer no sentido de devorar e eliminar o ruim, se de um lado protege, de outro lado ameaça de engolir, de eliminar o bom. Engolir a roseira. É aqui que a mente primitiva se utiliza de um outro mecanismo, de uma outra função que é a repressão. Surge a idéia da caixa (repressão) que irá aprisionar o carneiro.
      Ao descrever o planeta surgem os vulcões onde existem erupções vulcânicas como fagulhas de lareira. Os vulcões representam as simbolizações dos processo uretrais e anais como funções de expelir, um meio de expelir partes do self.
Jorge Amaro 
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      No transcorrer deste relato literário surge um momento da separação do pequeno príncipe e a rosa.
      Toda separação produz vivências de perda e expressões de luto. Durante o enredo o pequeno príncipe deveria sair do seu planeta (mundo infantil) e começar a conhecer outros planetas, outros mundos (mundo adulto), mas deveria para isto separar-se da rosa. Aqui surge já a alegoria do processo de separação da criança e o seu primeiro objeto de amor, ou seja, a mãe e investir em outros objetos, como por exemplo, o pai.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Observamos por meio do texto o equacionamento desta separação com a vivência persecutória de que o objeto de amor separado, fica ameaçado de morte, ou seja, “os ventos, os bichos, as plantas más que poderiam destruir a rosa” . Esta separação, por meio de vivências primitivas equaciona a separação com o objeto de amor ameaçado de morte, o que fomenta culpa. Verificamos no transcorrer do relato da viagem do pequeno príncipe a outros mundos, que a simbolização feita inicialmente foi de mundos habitados por figuras masculinas.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      O mundo onde havia um rei, outro um homem muito vaidoso, um outro onde havia um alcoólatra, um outro mundo um homem de negócios que contava as estrelas, um outro onde havia um homem que ascendia as lâmpadas. Ao descrever estes diferentes mundos expressava a relação com o segundo objeto, objeto paterno. Muitas funções foram projetadas nestes novos mundos. Assim, a função de idealização e onipotência (o rei), a função narcísica (o homem vaidoso), a função de voracidade (o alcoólatra e o homem que queria mais estrelas, mais estrelas), a função da omnipotência do pênis (o homem responsável pela escuridão e pela luz).
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Quando o pequeno príncipe chega no planeta terra é uma expressão alegórica de suas relação com outras pessoas. Quando verificou a existência de dezenas de rosas iguais a sua, era o contato com dezenas de mulheres semelhantes a sua mãe, ao seu primeiro objeto de amor. Mas, ao verificar a humanidade desta mãe, de ser uma mulher como as outras e a desmistificação, caindo portanto a idealização, surge uma depressão na criança. O texto relata: “e ele sentiu-se extremamente infeliz; sua flor havia lhe contado que era a única de sua espécie em todo o universo.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo. Isso não faz de mim um príncipe muito grande e deitado na relva ele chorou”. Verificamos aqui, o sofrimento pela desidealização do objeto materno.
      O texto a seguir promove o diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe. De um lado, aparecem homens que com os seus fuzis caçam e matam raposas, e a raposa que por sua vez, caça, mata e come galinhas. Então verificamos que através deste diálogo surge um mundo de realidade de ser morto e devorado, onde há um devorador e um devorado.
Jorge Amaro
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY “O PEQUENO PRÍNCIPE”, SEGUNDO A CONCEPÇÃO DA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA 
      Através desta munição de realidade do mundo cotidiano, o texto procura demonstrar a reedição do processo devorador-devorado.
      No diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe, surge a expressão cativar. O texto assim descreve: “é uma coisa muito esquecida, diz a raposa. Significa criar laços. Tu não és ainda para mim, senão um garoto, inteiramente igual a cem mil outros garotos e eu não tenho necessidade de ti e tu não tens necessidade de mim, não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas, mas se tu me cativas nós teremos necessidade um do outro; serás para mim único no mundo e eu serei para ti única no mundo. Existe uma flor, disse o menino, eu creio que ela me cativou”.
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      Surge aqui a primeira manifestação da elaboração da maneira de criar vínculos. De um lado, um vínculo destrutivo, caçador e caçado, devorador e devorado e de outro, um vínculo amoroso cativar e ser cativado, que estão excizados (splitting). Assim, ao elaborar o processo do vínculo amoroso e do vínculo destrutivo, constatamos no texto: “ mas se tu me cativas minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra, o teu me chamará para fora da toca como se fosse música”.
Jorge Amaro 
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      Em uma outra parte do texto constatamos: “o trigo para mim é inútil, os campos de trigo não me lembram coisa alguma, mas tu tens cabelos cor de ouro, então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti e eu amarei o barulho do vento no trigo”. Verificamos aqui que surge a vivência do vínculo amoroso e a vivência da saudade da relação com o objeto bom. Constatamos também, pelas expressões simbólicas no texto a função de responsabilidade pelo vínculo e pelo objeto. No texto lemos: “então tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa”. Surge então a responsabilidade, a culpa na vivência com o objeto de amor, a vivência com o objeto bom.
Jorge Amaro 
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      O objeto bom precisa ser bem diferenciado do objeto único primário materno idealizado, ou seja, a desmistificação do objeto materno idealizado. Em última análise o processo de poder manter o vínculo amoroso em supremacia ao vínculo destrutivo, porém não por meio dos processos primários, onde há um único objeto sem o qual tudo é escuridão e morte. A própria escolha do deserto como meio para simbolização e psicodramatização deste drama é também a simbolização e a expressão do seio seco, esvaziado, perdido e a busca de um poço onde houvesse água; era a busca e o reencontro com o seio bom, cheio de leite.
Jorge Amaro 
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      Surge neste deserto o diálogo entre o pequeno príncipe e a serpente. A serpente fala por enigmas. No texto lê-se: “mas por que falas sempre por enigmas? Eu os resolvo todos, disse a serpente”. Verificamos aqui o problema da esfinge, o problema do segredo, o segredo que deve ser decifrado. A serpente está representando, portanto, também a elaboração do segredo, a mãe que tem o segredo da fecundidade, da vida e da morte. Assim, lê-se no texto: “aquele que eu toco eu devolvo à terra de onde veio, continuou a serpente”. A mãe que devolve a criança para dentro do útero, para aquele mundo maravilhoso da relação mãe e filho; a volta àquela vivência de paz total, a volta ao idealizado.
Jorge Amaro
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      Esta regressão representa no desenvolvimento da criança a morte, portanto, buscar isto, trabalhar por isto é buscar a própria morte. A cobra representa, ao mesmo tempo, a busca da morte. O pequeno príncipe se deixa picar voluntariamente pela cobra, para viajar e aproximar-se de novo da mãe idealizada da rosa e planeta da infância. É retornar ao mundo fantasioso idealizado do processo primário, a um retorno ao estado anterior, primitivo o qual está diretamente relacionado com o instinto de morte.
Jorge Amaro 
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      A impressão que nós obtivemos deste trabalho de Antoine de Saint- Exupéry é que o autor procurou elaborar, com seu gênio literário toda uma estrutura psicodinâmica humana. Sabemos que o mundo da realidade é um mundo relativo, é um mundo limitado e o mundo da realidade psíquica é um mundo ilimitado, é um mundo atemporal. O corpo, as coisas da terra, são coisas relativas e limitadas.
Jorge Amaro 
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      Ao expressar: “eu não posso carregar esse corpo, é muito pesado, mas será como uma velha casca abandonada, uma casca de árvore não é triste”. Observamos aqui a desvalorização do corpo e a desvalorização da limitação no mundo da realidade e a super valorização daquele mundo idealizado, da volta aos objetos primários, aos objetos idealizados, ou seja, a busca da morte.
Jorge Amaro

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