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domingo, 29 de janeiro de 2017



A complexidade da identidade sino-judaica
gustavo perednik

Existe documentação sobre os enclaves judeus que se estabeleceram durante os séculos XIX e XX em várias cidades chinesas, mas nada existe sobre os primeiros assentamentos. A única exceção é a comunidade de Kaifeng, na China central, cidade que se tornou a mais importante do mundo durante a dinastia Song. Em Kaifeng, os judeus se estabeleceram em 1120 e, em 1163, construíram uma sinagoga. Essa comunidade única foi descoberta pela Europa em 24 de junho de 1605 e, por volta de 1860, ela desapareceu. Hoje, mais de 18 séculos após o início dessa comunidade, e um século e meio após o seu desaparecimento, algumas pessoas em Kaifeng afirmam que seus ancestrais foram judeus e desejam preservar sua identidade judaica. Sua situação atual é complexa: eles não são reconhecidos como judeus, nem pela lei judaica nem pela lei chinesa, e são vistos com suspeita. Isto poderá estar mudando, na medida em que a sociedade chinesa continua a se abrir e que essas pessoas aumentam seu contato com os judeus de fora. É difícil prever o futuro dos judeus de Kaifeng, visto que muitas questões políticas moldam sua identidade. palavras-chave Kaifeng judaico-chinesa; Ai Tian;
EstE artigo basEia-sE nas pEsquisas tEóricas E Empíricas dEsEnvolvidas pElo autor, que viajou frequentemente à China durante os anos 2001-2004, como diretor do Programa Ai Tian.2 Sua principal contribuição é sintetizar a bibliografia existente sobre o vínculo entre os judeus e os chineses. O artigo, em grande parte, abre as portas para um campo bastante inexplorado, o do judaísmo chinês. Na época de Carlo Magno (cerca de 750), os judeus “estavam entre os primeiros europeus que, muito antes da época de Marco Polo, estabeleceram contatos muito importantes com o Extremo Oriente. (…) Aproximadamente quatro séculos antes, mercadores pioneiros judeus já costumavam viajar regularmente para a China” (KELLER, 1971, p.179-183). Visto que, durante o século VIII, o papel era produzido apenas na China, a carta de 718 encontrada em Dandan, Uiliq (Turquestão Chinês), escrita em caracteres hebraicos e atualmente em exposição no Museu Britânico, é uma prova documentada da antiga presença dos judeus no país.3 Ainda que, provavelmente, tenha havido comunidades judaicas, na Antiguidade, na costa sudeste 


China (Ningbo e Yangzhou) e no extremo noroeste (Ningxia), nada se sabe sobre elas (XU, 2003, p.151-166).4 Por outro lado, existe alguma documentação sobre um grupo de judeus que migrou para a China já no século XII e farta informação sobre grupos que para lá migraram nos séculos XIX e XX. O primeiro grupo se estabeleceu em Kaifeng; os últimos, em Shanghai e Harbin. De modo geral, na China, os judeus não foram vítimas de judeofobia5 e construíram uma ativa vida comunitária. Eles celebravam as festas, observavam as práticas judaicas e tiveram sucesso tanto no mundo governamental quanto financeiro. Criaram até um refúgio para judeus perseguidos (como se verá, mais adiante, nos casos de Shanghai e Harbin, no século XIX) e, finalmente, desapareceram, devido aos casamentos mistos e à assimilação. Apenas uma comunidade sobreviveu por um milênio, até meados do século XIX: Kaifeng, situada às margens do Rio Amarelo, a aproximadamente 400 quilômetros ao sul de Beijing. Ironicamente, as comunidades de Shanghai e Harbin foram criadas quando a antiga comunidade judaica de Kaifeng já chegara ao fim. Embora não fossem organizados, os judeus remanescentes de Kaifeng, ao contrário dos remanescentes das duas outras comunidades, sobreviveram até a Revolução Cultural (1966-1976). As comunidades de Shanghai e Harbin foram fundadas em 1845 e 1896, respectivamente. Shanghai começou como um porto comercial, graças ao Tratado de Nanjing de 1842 e, três anos mais tarde, foi povoada por judeus de Bagdá, liderados por Elias Sassoon.6 Antes da II Guerra Mundial, Shanghai voltou a receber judeus: cerca de 20.000 refugiados da Europa Central, perseguidos pelo Nazismo.7 Embora essa cidade, então, estivesse sofrendo com as hostilidades sino-japonesas que haviam começado em 1937, ela era, provavelmente, naquela ocasião, a única cidade no mundo que não
exigia visto aos judeus.8 Harbin tem uma história diferente. Quando, em 1896, a China deu à Rússia uma concessão para construir a Estrada de Ferro Chinesa Oriental (CER, sigla em inglês9), a Manchúria tornou-se uma colônia russa. O governo russo criou ali um ambiente mais tolerante às minorias. Visto que a administração da CER se encontrava em Harbin, essa cidade se tornou, de fato, a capital da Manchúria e muitos judeus que escaparam dos pogroms chegaram ali e desenvolveram instituições comunitárias. Tanto em Shangai quanto em Harbin, os judeus desenvolveram uma vida social bem organizada. Em Shanghai, eles organizaram concertos e exposições, bibliotecas, esportes e jornais, apesar de que, entre fevereiro de 1943 e setembro de 1945 (nos últimos anos da guerra), tenham sido confinados num “gueto judeu”, na superpopulosa Hongkou.10 Em Harbin, os judeus participaram ativamente da vida comercial, cultural e pública, e, na década de 1920, seu número se elevou a 15.000, com uma grande afluência de refugiados judeus como resultado da Revolução Bolchevique.11 O êxodo final dos judeus começou com a invasão japonesa em 1931 e sua resultante ilegalidade (MEYER, 2005).12 A história dos judeus de Kaifeng é inteiramente diferente.
A descoberta dos judeus chineses
Embora os judeus nunca tenham representado uma percentagem significativa da população de Kaifeng, no seu auge ela pode ter abrigado vários milhares de judeus. A sobrevivência dessa pequeníssima diáspora judaica, isolada por cerca de mil anos, atraiu acadêmicos, escritores e turistas para desvendar sua história. Os judeus de Kaifeng foram descobertos durante o século XVII, não por judeus, mas por cristãos europeus que vieram em
duas ondas: enquanto uma testemunhou a vida dos judeus, a outra viu o seu declínio.13 A primeira onda era formada por padres jesuítas, que relataram sobre os ritos na sinagoga, as festas e as leis; a segunda era formada por missionários protestantes, que informaram a dissolução do judaísmo em Kaifeng. A presença dos judeus na China era desconhecida até que um fato decisivo aconteceu em Beijing, em 26 de junho de 1605. Foi um encontro sério-cômico entre o missionário italiano Mateo Ricci e o mandarim judeu Ai Tian, que tinha vindo de Kaifeng para melhorar as atribuições do seu cargo de funcionário público (BAINBRIDGE, 1953; XU, 2003, p.103; XU; BEVERLY, 1995, p.67-80).14 Em 1601, um grupo de estrangeiros veio a Beijing. Ai Tian os procurou, visto que havia lido sobre esse grupo em um livro chamado Things I have heard tell (Coisas que ouvi contar). Provavelmente, Ai Tian nunca tinha encontrado alguém de fora antes e estava interessado no fato de que eles acreditavam em um só Deus, mas negavam ser muçulmanos (que era o único outro grupo monoteís
 ta que Ai Tian conhecia, além de seu próprio, o judaico). Ricci, por sua vez, estava perplexo: depois de uma busca de duas décadas, ele finalmente encontrara “um cristão na China”. Ai Tian se sentiu encorajado ao ver “um judeu de fora” e desejava mais informações sobre as diásporas judaicas. Foi assim que começou o moderno conhecimento da comunidade judaica de Kaifeng.15 Ai Tian declarou que ele tinha vindo de Kaifeng, onde muitos outros judeus residiam. Quando viu uma imagem cristã de Maria com o filho Jesus, ele acreditou ser um quadro de Rebeca com Jacob.16 Ricci enviou um jesuíta chinês a Kaifeng e finalmente chegou à conclusão que judeus haviam vivido na China “desde tempos imemoriais” (POLLAK, 1980, p.3). Ai Tian informou a Ricci que a comunidade de Kaifeng compreendia seis ou oito clãs, num total
de cerca de mil pessoas. Eles se chamavam “adeptos da religião de Yi-tzu-lo-ley” (transliteração chinesa para a palavra Israel). Ricci enviou dois delegados a Kaifeng para lhes falar sobre o Novo Testamento, mas, quando esses disseram que o Messias já havia chegado, o rabino Abishai de Kaifeng rebateu dizendo que o Messias ainda não tinha vindo.17 Contudo, o rabino Abishai procurou obter de Ricci os serviços como rabino e professor, desde que ele deixasse de comer porco. Dois anos depois, o rabino Abishai faleceu e seu filho Jacob não estava apto a sucedê-lo. Ricci pretendeu enviar outra missão a Kaifeng para converter os judeus ao Cristianismo antes que eles se assimilassem com as tribos pagãs circundantes, porém os judeus não se converteram e o processo de sua assimilação levou quase quatro séculos. Hoje, Kaifeng é uma cidade com mais de meio milhão de habitantes na província de Henan. Possui poucas lembranças da sua longa história judaica e não tem nenhuma comunidade judaica: a maioria dos descendentes judeus nem se conhecem uns aos outros. Mesmo a pergunta de quantos eles são não tem uma resposta clara, uma vez que tem mais a ver com posturas oficiais do que com simples demografia.18 Portanto, mesmo que as pessoas que reivindicam uma ancestralidade judaica em Kaifeng possam chegar, potencialmente, ao número de milhares, seria razoável estimá-los em não mais do que cem ou duzentos indivíduos.19
A História dos Judeus de Kaifeng
Há poucas referências a judeus na China, tanto nos registros chineses como nos judaicos. Como se verá a seguir, nos registros chineses há menção a seis eventos relacionados a judeus, todos eles ocorridos entre 1277 e 1354. Na literatura judaica, há apenas uma referência anterior ao século XVII
a identidade sino-judaica1

Existe documentação sobre os enclaves judeus que se estabeleceram durante os séculos XIX e XX em várias cidades chinesas, mas nada existe sobre os primeiros assentamentos. A única exceção é a comunidade de Kaifeng, na China central, cidade que se tornou a mais importante do mundo durante a dinastia Song. Em Kaifeng, os judeus se estabeleceram em 1120 e, em 1163, construíram uma sinagoga. Essa comunidade única foi descoberta pela Europa em 24 de junho de 1605 e, por volta de 1860, ela desapareceu. Hoje, mais de 18 séculos após o início dessa comunidade, e um século e meio após o seu desaparecimento, algumas pessoas em Kaifeng afirmam que seus ancestrais foram judeus e desejam preservar sua identidade judaica. Sua situação atual é complexa: eles não são reconhecidos como judeus, nem pela lei judaica nem pela lei chinesa, e são vistos com suspeita. Isto poderá estar mudando, na medida em que a sociedade chinesa continua a se abrir e que essas pessoas aumentam seu contato com os judeus de fora. É difícil prever o futuro dos judeus de Kaifeng, visto que muitas questões políticas moldam sua identidade. palavras-chave Kaifeng judaico-chinesa; Ai Tian; identidade sino-judaica.

EstE artigo basEia-sE nas pEsquisas tEóricas E Empíricas dEsEnvolvidas pElo autor, que viajou frequentemente à China durante os anos 2001-2004, como diretor do Programa Ai Tian.2 Sua principal contribuição é sintetizar a bibliografia existente sobre o vínculo entre os judeus e os chineses. O artigo, em grande parte, abre as portas para um campo bastante inexplorado, o do judaísmo chinês. Na época de Carlo Magno (cerca de 750), os judeus “estavam entre os primeiros europeus que, muito antes da época de Marco Polo, estabeleceram contatos muito importantes com o Extremo Oriente. (…) Aproximadamente quatro séculos antes, mercadores pioneiros judeus já costumavam viajar regularmente para a China” (KELLER, 1971, p.179-183). Visto que, durante o século VIII, o papel era produzido apenas na China, a carta de 718 encontrada em Dandan, Uiliq (Turquestão Chinês), escrita em caracteres hebraicos e atualmente em exposição no Museu Britânico, é uma prova documentada da antiga presença dos judeus no país.3 Ainda que, provavelmente, tenha havido comunidades judaicas, na Antiguidade, na costa sudeste da
A complexidade da identidade sino-judaica gustavo perednik [58]
WebMosaica  revista do instituto cultural judaico marc chagall  v.2 n.1 (jan-jun) 2010
China (Ningbo e Yangzhou) e no extremo noroeste (Ningxia), nada se sabe sobre elas (XU, 2003, p.151-166).4 Por outro lado, existe alguma documentação sobre um grupo de judeus que migrou para a China já no século XII e farta informação sobre grupos que para lá migraram nos séculos XIX e XX. O primeiro grupo se estabeleceu em Kaifeng; os últimos, em Shanghai e Harbin. De modo geral, na China, os judeus não foram vítimas de judeofobia5 e construíram uma ativa vida comunitária. Eles celebravam as festas, observavam as práticas judaicas e tiveram sucesso tanto no mundo governamental quanto financeiro. Criaram até um refúgio para judeus perseguidos (como se verá, mais adiante, nos casos de Shanghai e Harbin, no século XIX) e, finalmente, desapareceram, devido aos casamentos mistos e à assimilação. Apenas uma comunidade sobreviveu por um milênio, até meados do século XIX: Kaifeng, situada às margens do Rio Amarelo, a aproximadamente 400 quilômetros ao sul de Beijing. Ironicamente, as comunidades de Shanghai e Harbin foram criadas quando a antiga comunidade judaica de Kaifeng já chegara ao fim. Embora não fossem organizados, os judeus remanescentes de Kaifeng, ao contrário dos remanescentes das duas outras comunidades, sobreviveram até a Revolução Cultural (1966-1976). As comunidades de Shanghai e Harbin foram fundadas em 1845 e 1896, respectivamente. Shanghai começou como um porto comercial, graças ao Tratado de Nanjing de 1842 e, três anos mais tarde, foi povoada por judeus de Bagdá, liderados por Elias Sassoon.6 Antes da II Guerra Mundial, Shanghai voltou a receber judeus: cerca de 20.000 refugiados da Europa Central, perseguidos pelo Nazismo.7 Embora essa cidade, então, estivesse sofrendo com as hostilidades sino-japonesas que haviam começado em 1937, ela era, provavelmente, naquela ocasião, a única cidade no mundo que não
exigia visto aos judeus.8 Harbin tem uma história diferente. Quando, em 1896, a China deu à Rússia uma concessão para construir a Estrada de Ferro Chinesa Oriental (CER, sigla em inglês9), a Manchúria tornou-se uma colônia russa. O governo russo criou ali um ambiente mais tolerante às minorias. Visto que a administração da CER se encontrava em Harbin, essa cidade se tornou, de fato, a capital da Manchúria e muitos judeus que escaparam dos pogroms chegaram ali e desenvolveram instituições comunitárias. Tanto em Shangai quanto em Harbin, os judeus desenvolveram uma vida social bem organizada. Em Shanghai, eles organizaram concertos e exposições, bibliotecas, esportes e jornais, apesar de que, entre fevereiro de 1943 e setembro de 1945 (nos últimos anos da guerra), tenham sido confinados num “gueto judeu”, na superpopulosa Hongkou.10 Em Harbin, os judeus participaram ativamente da vida comercial, cultural e pública, e, na década de 1920, seu número se elevou a 15.000, com uma grande afluência de refugiados judeus como resultado da Revolução Bolchevique.11 O êxodo final dos judeus começou com a invasão japonesa em 1931 e sua resultante ilegalidade (MEYER, 2005).12 A história dos judeus de Kaifeng é inteiramente diferente.

Embora os judeus nunca tenham representado uma percentagem significativa da população de Kaifeng, no seu auge ela pode ter abrigado vários milhares de judeus. A sobrevivência dessa pequeníssima diáspora judaica, isolada por cerca de mil anos, atraiu acadêmicos, escritores e turistas para desvendar sua história. Os judeus de Kaifeng foram descobertos durante o século XVII, não por judeus, mas por cristãos europeus que vieram em  duas ondas: enquanto uma testemunhou a vida dos judeus, a outra viu o seu declínio.13 A primeira onda era formada por padres jesuítas, que relataram sobre os ritos na sinagoga, as festas e as leis; a segunda era formada por missionários protestantes, que informaram a dissolução do judaísmo em Kaifeng. A presença dos judeus na China era desconhecida até que um fato decisivo aconteceu em Beijing, em 26 de junho de 1605. Foi um encontro sério-cômico entre o missionário italiano Mateo Ricci e o mandarim judeu Ai Tian, que tinha vindo de Kaifeng para melhorar as atribuições do seu cargo de funcionário público (BAINBRIDGE, 1953; XU, 2003, p.103; XU; BEVERLY, 1995, p.67-80).14 Em 1601, um grupo de estrangeiros veio a Beijing. Ai Tian os procurou, visto que havia lido sobre esse grupo em um livro chamado Things I have heard tell (Coisas que ouvi contar). Provavelmente, Ai Tian nunca tinha encontrado alguém de fora antes e estava interessado no fato de que eles acreditavam em um só Deus, mas negavam ser muçulmanos (que era o único outro grupo monoteís
 ta que Ai Tian conhecia, além de seu próprio, o judaico). Ricci, por sua vez, estava perplexo: depois de uma busca de duas décadas, ele finalmente encontrara “um cristão na China”. Ai Tian se sentiu encorajado ao ver “um judeu de fora” e desejava mais informações sobre as diásporas judaicas. Foi assim que começou o moderno conhecimento da comunidade judaica de Kaifeng.15 Ai Tian declarou que ele tinha vindo de Kaifeng, onde muitos outros judeus residiam. Quando viu uma imagem cristã de Maria com o filho Jesus, ele acreditou ser um quadro de Rebeca com Jacob.16 Ricci enviou um jesuíta chinês a Kaifeng e finalmente chegou à conclusão que judeus haviam vivido na China “desde tempos imemoriais” (POLLAK, 1980, p.3). Ai Tian informou a Ricci que a comunidade de Kaifeng compreendia seis ou oito clãs, num total
de cerca de mil pessoas. Eles se chamavam “adeptos da religião de Yi-tzu-lo-ley” (transliteração chinesa para a palavra Israel). Ricci enviou dois delegados a Kaifeng para lhes falar sobre o Novo Testamento, mas, quando esses disseram que o Messias já havia chegado, o rabino Abishai de Kaifeng rebateu dizendo que o Messias ainda não tinha vindo.17 Contudo, o rabino Abishai procurou obter de Ricci os serviços como rabino e professor, desde que ele deixasse de comer porco. Dois anos depois, o rabino Abishai faleceu e seu filho Jacob não estava apto a sucedê-lo. Ricci pretendeu enviar outra missão a Kaifeng para converter os judeus ao Cristianismo antes que eles se assimilassem com as tribos pagãs circundantes, porém os judeus não se converteram e o processo de sua assimilação levou quase quatro séculos. Hoje, Kaifeng é uma cidade com mais de meio milhão de habitantes na província de Henan. Possui poucas lembranças da sua longa história judaica e não tem nenhuma comunidade judaica: a maioria dos descendentes judeus nem se conhecem uns aos outros. Mesmo a pergunta de quantos eles são não tem uma resposta clara, uma vez que tem mais a ver com posturas oficiais do que com simples demografia.18 Portanto, mesmo que as pessoas que reivindicam uma ancestralidade judaica em Kaifeng possam chegar, potencialmente, ao número de milhares, seria razoável estimá-los em não mais do que cem ou duzentos indivíduos.19
A História dos Judeus de Kaifeng
Há poucas referências a judeus na China, tanto nos registros chineses como nos judaicos. Como se verá a seguir, nos registros chineses há menção a seis eventos relacionados a judeus, todos eles ocorridos entre 1277 e 1354. Na literatura judaica, há apenas uma referência anterior ao século XVII

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