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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Biutiful não é beautifull

O cinema é uma i-luz-ão.É um fenômeno ótico que vai das sombras ao digital 3D.
Se imaginarmos o poder da luz na transformação do espaço poderemos entender melhor as diferenças conceituais entre cineastas.
Por exemplo, há 40 anos Paris era uma cidade escura porque havia uma lei que não permitia a retirada da fuligem escura de suas fachadas. O presidente Giscard D’Estaing ordenou que se limpasse sua arquitetura e em menos de um ano Paris se transformou em outra cidade. Depois veio a luz fluorescente, a luz de mercúrio, a arquitetura da luz e a medida que o tempo passava a “cidade-luz” se transformava e adquiria outra atmosfera. Se observarmos as películas de época perceberemos além da cor expressionista do celuloide a cidade se revela como um cenário teatral com iluminadores diferentes
A história de Biutiful é similar em estrutura a outras.Alguém que está prestes a morrer mas com luzes diferentes
Javier Bardem não pode viver a fantasia típica do otimismo Hollywoodiano .Aproveitar o pouco tempo para realizar todos os seus sonhos. A vida sombria de Barcelona é um pesadelo e o único sonho é sobreviver dentro dela com sua própria lus. (ou i-luz-ão)
A “beleza “da cracolandia catalã só tem sentido através de um dialeto, de um”patois” de diversas culturas. As coisas são como se pronunciam (se anunciam) ,tem sua cor tragicamente bela O diretor mexicano Iñárritu percorre a cidade através do sofrimento de um personagem vítima das contradições e complexidades do cotidiano de uma cidade grande .Africanos, chineses, curandeiros ,policiais, exploradores ,corruptos, bipolares, editos, todos vivendo o prazer da sobrevivência, só isso. Não há a pseudo beleza dos shoppings das torres e “business-centers (no filme tudo isto é visto ao longe como um horizonte incolor),ha uma poética de uma Barcelona que não é a de Gaudi mas é terrivelmente “ugly”feia,,suja.É uma leitura do lixo humano no dia-a-dia.
O filme é realmente biutiful, é um olhar com sentimento profundo de um pai que ama desesperadamente seus filhos e se relaciona com seus explorados chineses e africanos com um sentido de compaixão e misericórdia. Um pai que observa a mãe de seus filhos com uma paixão daqueles que esperam as tragédias das depressões e manias bipolares.
A imagem de fundo que percorre a memória de um outro pai numa floresta gelada com sons terríficos de um antigo oceano e que lembra de como os pássaros morrem (com uma pena em seu bico) acompanha impiedosamente o personagem . O amor, sexo é nojento (é difícil tolerar muitas vezes a dialogo sobre titica de nariz e a meleca do sorvete) mas torna-se poético na boca destes artistas.
É essa a qualidade deste filme, um documento raro da tragédia que não é só catalã mas que está ao nosso lado como em todas cidades a espera dos grandes artistas.
www.riscodearriscar.blogspot.com

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