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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Habit(ar) e em Habitando ,Habit(ar)-se

HABIT(AR) O que não é a arquitetura? O Que Titãs Composição: Arnaldo Antunes Que não é o que não pode ser que Não é o que não pode Ser que não é O que não pode ser que não É o que não Pode ser Que não É "A linguagem é a casa do ser. Nesta habitação do ser mora o homem. Os pensadores e os poetas são os guardas desta habitação. A guarda que exercem é o consumar a manifestação do ser, na medida em que levam à linguagem e nela a conservam”. Martin Heidegger “Conserva sempre a liberdade de entrar e sair a vontade “Buda Cit em O dador alegre Mario Satz pg173 Pórtico NAVEGADORES ANTIGOS tinham uma frase gloriosa “Navegar é preciso;viver não é preciso” Quero para mim o espírito (d)esta frase ,transformada a forma para a casar com o que eu sou:Viver não é necessário o que é necessário é criar Não conto gozar a minha vida;nem em goza-la penso.Só quero torna-la grande,ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha deste fogo. Só quero torná-la de toda humanidade; ainda tenha que perder como minha. Cada vez mais assim penso.Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. (Palavras de Pórtico,,O eu profundo e outros Ed Nova Fronteira pg 15) A escada e os livros Um discípulo pergunta ao mestre: qual é o sentido da vida? O Mestre responde apontando para uma longa escada diz: Lave-a muito bem e ao terminar volte. Depois de 20 anos volta ao seu mestre e pergunta: se á vida tem um sentido como alcança-lo? O mestre aponta para a mesma escada e diz:Volte e lave-a novamente O discípulo percebe que a cada degrau lavado a um tempo em que o ultimo passa a sujar-se mas mesmo assim limpa freneticamente cada um dos degraus de cima para mais ,da direita para esquerda até chegar o topo. Passados mais vinte anos volta ao mestre e pergunta: Se a escada é composta de degraus e ao limpar o próximo o ultimo já estará sujo como alcançarei o dharma? O mestre então lhe diz Suba ao topo e limpe a escada de cima para baixo e depois de baixo para cima O discipula assim o faz e passados 20 anos se esquece do mestre e terminada limpeza começa a limpa-la eternamentede Esta metáfora ,como outras,pode ser o inicio de algumas reflexões sobre o nosso ato de subir e descer ou sobre o significado da ascensão presentes no cotidiano espaço-tempo e no ancestral significado arquetípico . Pórtico,portal,porta são metáforas da transição continua no tempo,.Como elemento arquitetônico é o percurso entre o fora e o dentro e mede o teor da liberdade de entrar e sair.Para Fernando Pessoa é a diferença entre viver e criar.Uma é o mundo exterior aparente,a outra interior o universo do inconsciente .Na literatura,na poesia,nas artes é o arquétipo destas duas dimensões .De um lado a vida ,do outro a navegação nos sonhos da criação Este trabalho trata do habitar como reflexão intransitiva.Trata da percepção e a imaginação.Trata do mundo simbólico que habita o homem e principalmente as crianças. São dois eixos que o organizam .O primeiro é con-sagrado através da pergunta –O que é a arquitetura? Este foi o objeto do nosso estudo como professor de Teoria da Arquitetura , começando pelos ancestrais desenhos primitivos das cavernas,dos textos bíblicos e seu arquétipos como a Arca de Noé,o Tabernáculo,o Templo de Salomão passando por Vitruvio ,Brunesleschi onde se constitue com a noção de desenho, Julien Gaudet com sua Teoria dos Elementos da arquitetura e sua visão enciclopedista,As teorias da arquitetura comparada ou da analogia arquitetônica .Mas é a reflexão mais mais profunda iniciada pela filosofia , a estética,a psicologia,a história e antropologia a partir das “origens do movimento moderno” que se dá uma pro-fusão de reflexões sobre a o objeto,que se desenvolvem a partir das 7 in-variantes de Bruno Zevi em “Saber ver a arquitetura” até a Semiologia e a Semiótica da arquitetura. Perguntando- nos o que é a Arquitetura? passamos a perguntar – o que não é a arquitetura.É uma questão de natureza filosófica e principalmente psicológica. Heidegger coloca a questão do habitar não como um fenômeno de edificação mas principalmente como um universo de símbolos que nos habitam Habitar-se seria um verbo intransitivo porque dizemos me habito e não nos faz falta um objeto direto para que entendamos a frase nem podemos utilizar um objeto direto Portanto ,habitar e em habitando,habitar-se é uma construção gramatical composta de três verbos conjugados,habitar é o próprio verbo,habitando seu gerúndio e habitar-se o verbo intransitivo Ao nos referirmos ao habit(ar) colocamos a mesma contradição de quem deseja a-morar,a-morando,amor-ar-se mas é obrigado simplesmente a edificar no sentido de que o ato de abriga-se não possua um caráter simbólico o universo que constitui o individuo e seu mundo exterior não estivesse presente. Todas as ações humanas são constituídas do seu próprio verbo,uma ação no tempo gerundica e seu contraponto simbólico Habitamos e somos habitados.São os elementos da edificação que nos dão a sensação de abrigo.Do abrigo temporário passando pela casa à cidade há um idioma que nos fala e nos insere num contexto cuja compreensão é mais filosófica do que construtiva . O homem se faz humano pelo desígnio,pelo desejo.Se projeta tendo seu corpo como campo de possibilidades (teoria do campo),assim se definindo como ser-desejante. Não seria o desejo um “habitar potencial” pois o homem não é um ser de infinitas possibilidades? O homem é o , autor,ator e espectador desta viajem heróica que se lança como projétil,projeto .Não seria a clausura paradoxalmente a grande questão de sua angustia originada no vazio primordial ? Não seria este horizonte o lugar mítico onde se tocam a terra e o céu,onde os mortais se encontram com os imortais? A arquitetura não é arquitetura é mitopoética ,um arco-iris acima do horizonte .Esta é a fronteira onde não terminam as coisas mas quando sua essência começa.Tornar algo habitável é antes de tudo cultivar o campo de possibilidades.Ao construir ,em construindo ,construir-se como um “poien” (fazer,criar em grego da mesma raiz de poesia)Assim como é um paradoxo imaginar um mundo a-signico ou um infinito que se fez nada (Tohu vabohu,Genesis) pois sempre há um sujeito como referencia do seus fazeres ,um vazio potencial de ações. Portanto o mundo além do “feito” é o campo onde se desdobra o humano da essência para existência,ou seja,a relação com o” exterior” através do estar nele. Assim o habitar é apropriar-se de si mesmo mas como um ser-no-mundo definindo um horizonte cuja forma é mitica A filosofia do habitar quer ser menos filosofica e mais metafísica e a natureza complexa da ciência e do pensamento lógico torna-se impotente para explicar as contradições do habitar Merleau-Ponty em “O olho e o espírito” afirma: A ciência manipula as coisas e renuncia habitá-las” Merleau-Ponty.Olho e o espírito ,p.275. O espírito da ciência é objetivo e as coisa existem para serem explicadas em suas relações casuais,o todo fragmentado em partes sem podermos perceber a relação das partes e o todo . A ciência e o senso comum partem do principio segundo a realidade é uniforme avaliadas pela objetividade em si,independentes de um olhar subjetivo. Substituímos as manifestações artísticas, a religião e a ciência por uma representação escrita ou imagética,estruturas abstratas e genéricas advindas da dinâmica do observador e sua percepção no percurso dos elementos Atrás disso há uma visão do mundo , onde se insere um pensamento universalista do saber.Uma ilusória visão absolutista na percepção do real cega à riqueza inesgotável do real. Enquanto a educação aspira uma condição ética da transformação do individuo a mentalidade positivista instaura uma pedagogia sem valores onde o simbólico se desvanece ,em proveito em patologias de pouco valor hermenêutico,isto é, um esvaziamento do pensamento semântico em detrimento do pensamento sintático . Se o homem é um animal simbólico como afirma Cassirer Em que medida podemos viver uma experiência de natureza simbólica num mundo dominado pela cientificidade e a tecnologia ? Para tal necessitamos consubstanciar o nosso próprio pensr através da idéias de filósofos como Freud,Jung,,Merleau-Ponty,Mircea Eliade,Gaston Bachelard e Teóricos da linguagem da literatura ,da arte,da arquitetura e do cinema referendando –nos como suporte para uma mitopoética ,o único caminho para transição entre os processos lógicos do pensamento, a emoção poética e os mecanismos de interpretação. Este caminho não é o da coisificação do senso comum mas uma crença de que o imaginário é o que fundamenta o real.O imaginário é que nos revela o escondido ,o absurdo, o onírico,o fantástico e o que enriquece a vida no seu sentido mais verdadeiro e profundo de espiritualidade e da alma. Partimos de uma realidade habitada por um homem em sua casa instaurada pelo caos .Um caos que nega a existência da Lua ,a face oculta da terra, repudiada pelo racionalismo.A razão nega a imagem pelo simples fato de que ela representa uma sintaxe que não é científica mas que também tem uma lógica, a lógica do inconsciente. Eu sonhei aquilo. A única diferença entre o sonho e o conto é que, no pesadelo, eu estava sozinho. Estava numa casa.....(1951,Julio Cortazar,Tomada) Começo falando na casa...porque a tinha diante dos olhos.... Aí você tem um caso em que o fantástico não é algo que eu comprove fora de mim, mas que vem do meu sonho. ” (Cortázar, 1982). “Uma coisa é coisa quando é um qualquer ,coisa é sempre qualquer coisa,ou seja,uma das muitas ,muitíssimas” (Cosas e personas,Juan David Garcia Barca) Um qualquer é parte dos todos,indiferente,igual,homogêneo e uniforme.Para o qualquer o desigual É PROIBIDO. existe um qualquerismo,um aquilo, da mediocridade triunfante que cresce numa medida qualquer ,cresce coisificando. Mas como somos pessoas o qualquerismo não é ninguém. “quem casa quer casa” “sinta-se como a casa fosse tua” O amor mora e para não morrer ,habita Rousseau dizia aos pais para não desaprenderem seus filhos a morrer.Pois quando se morre somos alguém,uma história de casos e casas,acasos e ocasos, contra o qualquer morar Shakespeare dizia que não se devia dizer às crianças que os sonhos são bobagens porque os sonhos são exercícios do sono eterno. No Chamanismo também ,o sono ,o sonho,ou a viajem enteogenica é um exercício do sono eterno,Don Juan de Castañeda em “a arte de sonhar “nos fala desta sabedoria,assim como os “ayahusqueiros” tratam a “miração” ou “burracheira” como escolas da “passagem” O homem se perde pela surdez,pela falta de fé na oralidade e pela total ignorancia do seu ser Ao escutarmos a casa encontramos nosso lugar Sem lugar é caos.Num lugar é caso,é estória. “O homem é um composto de qualquerismo e o EU” Garcia Bacca.Um corpo com alma.Uma casa com sentido. Um emerge em relação ao outro ,dentro de diversas casas. Quando MEU caso e Teu caso se encontram por acaso, não estamos vazios;cada um vêm com suas coisa e o ocaso nos torna singulares Compartimos uma comunidade de intenções,NÓS-sa casa Entre-meados de verdades imortais ,como se fossemos coisas. A ciência e suas consequencias não são de ninguém ,aquilo é de uma ordem transcendental,normótica,impessoal. Abaixo (ou acima) há um universo complexo onde somos NÓS ao dividirmos mundos (política,religião,cosmovisão) Há um livro de Laing (Knots,nós) sobre a singulariedade . NÓS, não no sentido coletivo ,mas de complexos fios cuja poética constrói a tragédia das relações a que chamou de teias de MAYA (a deusa da ilusão).Podemos dizer que é uma semiótica do zero ou dos “novesfora” onde o autor desenha um processo onde amor e ódio interagem até a auto-destruição Na cultura incaica os nós (quipus) são instrumentos de memória,uma escrita numérica embora não codificada (como os hieróglifos) também servem como instrumento de interação entre culturas.Entre os judeus, os nós do “talit” do “Tzitzit”, e do tefilim configuram uma “gematria” dos nomes de Deus.Há um “Datum”ou partitura na posição de cada nó como um composição musical.Toda cultura judaica é edificada sobre o tempo.O rabino e filosofo Abraham Heschel contrapõe o que chama “arquitetura do tempo” à “arquitetura do espaço”grega,ocidental.O sentido é atribuído pela temporalidade a um vazio ancestral (o tohuvabohu).Enquanto “o vazio ocidental” é prenchido pela materialidade pela edificação,pela ocupação do espaço. Tanto em Santiago Barbuy como Italo Calvino observam a necessidade de identificar o idioma no vazio Thanatos são os NÓS dos quais nos escondemos .É a pulsão destrutiva..É a imagem da morte ,do dês-habitar. Recorro ao clássico trabalho de Freud sobre o estranho (Das unheimliche, 1919). Freud refere-se ao caráter ambíguo daquilo que costumamos sentir como estranho ou sinistro: algo que tendo sido familiar, deixou de sê-lo. Em sua pesquisa sobre várias acepções de palavra alemã “heimilich” lembro a seguintes: “pertencente à casa, , doméstico, íntimo, amistoso” ou “desfrutar de um contentamento, tranqüilo, ... despertando a sensação de repouso agradável e de segurança, como alguém entre as quatro paredes de sua casa” (Freud,1919, p.279) Tais definições são uma síntese da condição inicial numa casa habitada por símbolos ancestrais até o momento em que aquele ambiente passa a tornar-se estranho (unheimlich), invadido por algo que permanece ao longo da história como oculto, desconhecido .A casa habitada ,dês-habita-se e rehabita-se “Depois de haver sido uma garantia de imortalidade [o duplo] transforma-se em estranho anunciador da morte” (Freud,1919, p.294)1. A morte, portanto, é o tema impregna as ações desse conto conferindo-lhe o caráter sinistro, assustador, presente, talvez, até mesmo no pesadelo de Cortázar. Não apenas como fato biológico natural e inevitável do ciclo vital. Mas à morte como a força silenciosa que nos impele à estagnação, à inércia, à recusa de tudo que possa representar a preservação da vida enquanto movimento no sentido de maior complexidade, de crescimento, de aumento das tensões e dos vínculos criativos. Há culturas que convivem com a morte , e assim vivem intensamente a vida. A recusa à vida tem como resultado a expulsão da casa, a expulsão de si mesmo, a perda da própria identidade. A cena final assemelha-se à expulsão de Adão e Eva do paraíso, mas num sentido inverso. Lá o castigo por terem provado o fruto da árvore do conhecimento é o ingresso no mundo real, a vida com o seu borbulhar de dores e prazeres; aqui a repulsa ao conhecer elimina o que ainda resta de vida; fica apenas a rua, o vazio, o fim da história. Jorge Luis Borges usa ,a BIBLIOTECA , uma casa habitada por livros ,como metáfora para designar o universo que é á vida . Le Corbusier dizia que “a casa é a maquina de habitar” e Paul Valery dizia que “ a biblioteca é a maquina de ler” . Ambos se referiam ao termo “Deus ex machina” cujo significado é não considerar a lógica interna na sua inverossímilhança , terminá-la através uma situação improvável . Deus ex machina descreve alguem ou uma coisa que de repente aparece e resolve uma dificuldade insolúvel. Para um qualquer isto é insatisfatório, na vida real este tipo de figura é “o heroi” Os herois habitam as casas e as bibliotecas pois possuem a mágia de transforma-las constantemente.Tanto a casa como a biblioteca habitam e são habitadas pelo ato de ler , re-ler e numa dimensão singular re-ligar-se.É bom lembrar que ler vem do latim legere que exprime o ato de “colher”,eleger.Ler “entre linha”s tem o mesmo sentido das palavras cabalistas onde é preciso aprender não só as letras pretas como as brancas.É o inter legere num sentido maior qua propria palavra inteligencia. A leitura habita nossas almas como os comodos das nossas casas pois podemos interpretar ,imaginar e identificar o lugar e seu tempo. A ancestralidade da casa dos livros esta na escritura- desde a descoberta de Gutemberg-o impresso como instrumento de comunicação,difusão,democratização das ideias,constituem condutores artezanais e a professia de paz universal. O livro é filho da oralidade ,do uso criterioso da locução da argumentação e da expressão.O livro confere legitimidade a escritura e o pulsar da sinapse respiratória que liga o cerebro ao coração.O livro é a arquitetura da alma ,edifica os contraditórios sentimentos humanos e porisso está ligada intimamente a literatura. O livro desta maneira é sustentáculo da casa habitada por ideias e ideais comuns,o lugar de encontro entre homens,culturas e fio condutor de professias . Italo Calvino em” Seis propostas para o terceiro milenio” ao separar a literatura da literalidade confere a literalidade a função interpretativa através de categorias do fato literário como : a leveza ,a rapidez ,a exatitude ,a visibilidade e a multiplicidade que configuram “momentos” alegórigos e paradigmáticos de modo que se possa identificar o curso histórico e portanto a perspectiva histórica.Calvino assegura a esperança como uma problemática realização do futuro. A importancia deste modo analítico para a semiotica e a psicanalise e a arquitetura é que ela sustenta entre as diferenças aparentes um fio condutor que é a esperança através da temperança poética. A lição que se pode estrair de um mito está na literalidade do relato,não naquilo que acrescentamos” (Seis propostas..p 15)É o mesmo que afirmamos que existe uma arquiteturalidade com um idioma próprio estruturado em categorias que determinarão uma espacialidade ,uma territorialidade prospectiva. A Temperança é a identificação desta trama temporal Harold Bloom fala em sua “Cabala e critica” das diversas maneiras que foram lidos os livros cabalistas revelando seu tempo.Considerando o fato de que o hebraico é uma escrita sem vogais permitindo a quem lê a interpretação a cada momento,a casa rehabita-se de maneiras diferentes ao longo do tempo. O alfabeto é uma edificação(consoantes) carente de sentido (vogais).Cada palavra é habitada por Deus , é número e formula do teorema,do Theorein,do Theos,da contemplação divina e do pensamento.Lêr(legere) é espelho(speculum) inteligente (inter-leger) do teatro da casa Para Borges as Bibliotecas eram” gabinetes mágicos” ,onde estão encantados os melhores espiritos da humanidade. Victor Hugo associa a leitura a maquina .Mais precisamente com as engrenagens “Um livro é uma engrenagem.Tome cuidado com essas “linhas negras” sobre o papel branco,pois são forças,combinam-se,compôe-se,decompõem-se,entremeiam-se entre sí ,rolam e desenrolam-se .enlaçam-se,acasalam-se ,trabalham.Uma linha morde,outra aperta,esmaga e subjuga.E finalmente as ideias são as rodas da engrenagem.Se sentirão atraidos pelo livro e este só o libertará depois de dar uma forma ao seu espirito” Kankô,monge budista do 14° seculo escreveu:”não há maior prazer do que abrir um livro,só,à luz da lampada e tornarmo-nos companheiros do mundo invisível” Do ponto de vista da psicanálise a BIBLIOTECA nos aproxima dos significantes Pois é no processo de Angústia , ao trabalhar a questão da falta no discurso analítico que nos ocorre falar sobre a biblioteca , insistindo, na necessidade de reforçar constantemente o reencontro dessa trilha quando algo estiver se fechando em nossa experiência. "Não há falta do Real, a falta só é apreensível por intermédio do simbólico. É referindo-se à biblioteca pode-se dizer: ' aqui tal volume falta no seu lugar' ora esse lugar já é vazio designado pela introdução do Simbólico . E é essa falta que o símbolo como representação de algum modo preenche e designa o lugar, indicando a ausência e conquistando a “presença da ausência”. Parafraseando Lacan” Construimos a Biblioteca (o discurso)para sermos construídos por ela” Roland Barthes diz que “ler é fazer trabalhar nosso corpo ao apelo dos sinais do texto,de todas as linguagens que o cruzam e formam uma ondulante profundidade das frases”.Com a psicanálise confirma-se o conceito de que o corpo de fato transcende nossa memória e nossa consciência.O corpo é a casa da nossa alma,nossa psiquê Antropofagicamente os livros existem para serem provados,engolidos e para outros mastigados e digeridos (Francis Bacon) Há leitores que grafam as palavras ,frase,parágrafos,outros rasgam páginas. Em “O corcunda de Notre Dame” Victor Hugo faz um verdadeiro exercício de semiótica e psicologia analítica onde se sugerem metonímias,metáforas ,uma arqueologia de transcriações diversas,signos e metalinguagens de uma França mitológica,de Esmeraldas arquetípicas.Paris é mais do que luz,Paris é a descoberta de um corcunda e de uma Esmeralda em cada nós.Um corcunda cheio de valores num universo alquímico em transformação .Só a torre de Pisa é mais importante do ponto de vista simbólico.Exatamente porque é torta Assim como há livros de arquitetura ,há uma arquitetura de livros que conformam,configuram um espaço simbólico Como arquitetura mágica a biblioteca é capaz de conter drogas e substancias que provocam delírios e alucinações.É altamente subversiva e capaz de detonar o ódio e sentimentos de vingança Dom Quixote enlouquecera com a leitura dos livros de cavalaria.E Paulo quando fala diante do rei Agripa da ressurreição dos mortos(provavelmente o Vale dos Ossos de Ezequiel ....) exclamou “Paulo as letras te tiraram o sentido (Atos dos Apostolos XXVI,24) A idéia de Biblioteca também se manifesta nas experiências enteogenicas .A Babel de J.L.Borges , é uma metáfora do Universo de cada um e de nenhum ,dos livros que se pode ler e não se lê e só nos vemos através deles como num espelho. É interessante a descrição de um sonho recorrente em que o paciente se vê num teatro onde há dois espectadores que se sentam um ao lado do outro.A peça é a “Opera do Três vintens “ de Brecht e o teatro é também uma espécie de Biblioteca com balcões e escadas helicoidais.Uma parte é interpretada por um cantor lírico em português e alemão e outra é a prostituta Geni da “opera do Malandro” de Chico Buarque Acabando a peça “o outro” o convida para uma festa num estranho edifício ecleticista onde há no seu ultimo andar uma torre coberta por uma abóbada.Nesta festa encontram-se todos os tipos trangressivos,homossexuais,drogados,etc o que faz com que o o personagem se sinta mal e abandone o lugar preferindo caminhar por uma imensa galeria paraguaia através de uma rampa em espiral repleta de gadjets.O desejo de possuir os objetos dá ao paciente uma sensação de bem estar enorme. Observamos nesta descrição um discurso parecido com a obra de Hesse.O outro(a) é a manifestação do lado masculino e feminino.O teatro-biblioteca é o mundo mágico que se parece à vida cheia de patamares ,pontes,labirintos ,livros e espaços onde faltam livros (porque se sabe que já existiram). A peça teatral é uma hibrido de seriedade do personagem Brechtiano( do gangster Mickey Mouse,o rato) e a prostituta Geni a quem se joga merda .É o conflito entre a consciência intelectual e a realidade factual A festa numa torre abobadada ,é a nossa Babel, fragmentação dos nossos eus( que falam diversas línguas) e cobertos por um céu imaginário ,a Cúpula , a representaçã arquitetônica do céu,figura muito comum nas construções religiosas. E por fim o fenômeno da miniaturização e o prazer que o “inútil” nos dá (o essencial é invisível para os olhos ,Saint Exupery). A ideia de uma galeria de lojas ligadas por uma rampa é na verdade uma linha continua (oroboro) e parece ,de fato ,reproduzir o fenômeno da singulariedade comuns aos sonhos e viajens alucinógenas. O museu Gugenheim de New York de Frank Lloyd Wright analisado sob ponto de vista semiótico é uma elevador que ascende e que se liga a uma rampa em espiral ((significante) descendente é um Oroboro (símbolo) Sua forma externa orgânica contrapõe-se ao vazio interno.É possível afirmar que a verdadeira obra de arte a “Deus ex machina” é o próprio Gugenheim e seus habitantes.As pinturas ,esculturas e instalações aparecem como meros elementos decorativos e não é por acaso que as pessoas terminam na loja de souvenirs tentando possuir sua experiência singular. A idéia de “Promenade “de Le Corbusier não tem uma razão somente funcional mas é a primeira vez na história que um arquiteto representa o obvio , o exercício de configuração sinergética do corpo,do olhar do todo interno e externo. Na Torre Einstein em Potsdam , Eric Mendelsohn ao projetar um observatório astronômico constrói não só um invólucro para o sistema de lentes de observação ,mas um cenário onde estão presentes a torre ,o vazio interno e a luz ,um espetacular teatro expressionista. Mas o edifício onde a sintaxe e a semântica se escondem no cenário é a igreja de Ronchamps de Le Corbusier praticamente toda baseada no bricolage de uma Madona cubista.No “construto”do grande mestre relojoeiro suíço a experiência do promenade ,do percurso na Ville Savoye, em Ronchamps há um percurso da experiência sagrada,no encontro com a feminidade ,com o anima de Maria. O esquecimento de uma edificação é como uma leitura trágica de um edifício histórico ,a degradação do centro da cidade ou da construção desordenada da periferia Segundo o historiador Andrew Hersher há um idioma,uma forma de projeto de profundidade como Bachelard fala em “a terra e os devaneios do Repouso repleto de significantes tão importantes quanto uma obra nova.” Quando um edifício deixa de existir,é como um livro que desapareceu da biblioteca,um processo intermediário de significação onde os fantasmas ainda habitam o local Portanto , a arquitetura não foge dos arquétipos das outras manifestas artísticas ou humanas. A casa quer ser mais amorizada lembrando Teillard de Chardin,portanto o amor na morada é mais que uma oração. Constrói e construindo controi-se Ao re-ligar-se resgata-se o sentido do espaço sagrado,do sonho inacabado,do Ad-HOC ,da arte efemera e perene. A arte Ad-hoc ou o Adhocismo contemporâneo incorpora os conceitos do Dadaismo,do Cubismo da colagem e Bricolagem adicionando um conceito de natureza ética que é a sustentabilidade e a reciclagem. A ideia do “work in progress” no teatro ,no cinema,na musica e na arquitetura tem o mesmo percurso. No ”Gracias señor” do grupo Oficina praticamente não há texto e se constroe num ritual entre os atores e os espectadores. Um dos mais fantásticos cenários teatrais foi o realizado por Victor Garcia e Wladimir Pereira Cardoso para a peça de Jean Genet “O balcão “no reatro Ruth Escobar.Uma grande espiral de aço com um vazio onde se desenvolve a interpretação Alexander Klog em 2008 faz uma releitura do roteiro de Eisenstein baseado em “O Capital” de Karl Marx fazendo uma re-edição que é um Bricolage de filmes ,documentários ,peças teatrais,operas onde a questão ideológica desenvolvida por Marx é desenhada dentro de uma perspectiva contemporânea como uma obra inacabada. Renato Cohen com seu “Work in progress” retoma este movimento como um hibridismo de mídias.Como teórico denominava seu trabalho de “pós teatro”, uma referencia ao conceito de Flusser de “pos história”. Cohen caminha em zig-zag,como um “borderline” desnorteado,onde o bricolage se faz através da do gesto,da visualidade e sonoridade. Como Borroughs resgata o mito e o ritual mas através da construção projetiva carregada de passado e futuro. Novamente recupera o conceito de obra inacabada , aberta com o que denomina “processo de trabalho” um “fazer e em fazendo fazer-se” entendido como constante ressonância do espírito de época. A incompletude como o teorema de Godell (é bom lembrar que Renato Cohen era formado em engenharia e um semiótico pierceano) se não é uma verdade pelo menos é uma virtude. O arquiteto pensador Paul Virillio trata este processo como um fenômeno acidental e que as manifestações artísticas como humanas caminham sem saber de fato o que são. O apocalíptico Virillio mostra que tudo é acidente bastando somente que se tome conhecimento disto. O pos teatro como a pos historia ou a pos-guerra é a fotografia do óbvio ou como explica Benjamin onde a arte é o dialogo do lixo com a erudição . O arquiteto John Turner afirmava em seu “housing by people” “que a favela era solução e os conjuntos habitacionais são problemas”.Ao fazer apologia da auto-construção tratava a edificação como um “work in progress”.Se observamos as nossas cidades o incremento de loteamentos clandestinos e a posterior urbanização criaram uma “arquitetura” rica em elementos simbólicos e um teatro de eventos culturais e dramáticos. Ou seja ,aquilo que aparentemente é catastrófico aos olhos de uma classe revela- se no seu trajeto na sua incompletude um desfio criador de novos significados onde o acidente e o incidente configuram uma nova realidade existencial .Os procedimentos utilizados por Cohen como narrativas sobrepostas, a noção de obra progressiva inspirados em James Joyce a múltiplas variáveis circulando num fluxo livre de associações, evitando a conclusão do sistema Tais procedimentos substituem o desenvolvimento dramático, procedimento clássico do teatro. Cohen cita, constantemente, a arte minimalista, com suas fases e defasagens, com o uso de repetição que varia na sua diferença e que instaura planos meditativos. Faz uso de diversos instrumentos, desde aqueles que foram transmitidos no âmbito da atividade artística, quanto daqueles que vêem do ritual, como o caso do xamanismo. A performance, para Cohem, é tanto um campo sombrio e sinistro, carregado de ironia, quanto uma viagem de iniciação – daí suas constantes referências na obra do alemão Joseph Beuys Um ritual de iniciação que não se dá em moldes pré-estabelecidos, mas a partir das próprias mitologias pessoais . “A ALEGRIA É UM NOVES FORA” (manifesto antropofágico,Oswald de Andrade) Assim como “ a alegria é os nove fora” de Oswald de Andrade Avalovara de Osman Lins é um alquimista em seu laboratório secreto procura o segredo do Zero,o noves fora da singulariedade,da plenitude. Aqui, Partindo de um velho palíndromo - SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, que o narrador traduz por “O lavrador sustém cuidadosamente a charrua nos sulcos” ou “O Lavrador sustém cuidadosamente o mundo em sua órbita”, assim insinuando dois dos sentidos simbólicos da figura, - Osman constrói um romance como um jogo espaço -temporal. Três mulheres, identificadas com cidades, cruzam a vida de Abel, o herói . Um exótico pássaro feito de pássaros - o que dá título à narrativa -, um relógio, um tapete de míticas imagens presenciam os encontros amorosos, inscritos no quadrado palindrômico atravessado por uma espiral interminável, símbolos do Homem e da Mulher. Ou do Tempo e do Espaço, inseridos numa figura geométrica hieroglífica, de esotérica significação. O autor concebe um romance ecumênico, universal; as cidades onde contracenam os amantes e por meio das quais as heroínas se deixam reconhecer, podem ser quaisquer, assim como as personagens que representam. O lugar e cronologia do enredo desobedecem à convenção: tudo se passa numa esfera e num tempo míticos, da mesma forma que pertencem ao mundo dos mitos o pássaro imaginário que nomeia a história, o relógio surrealista e suas horas aleatória a La Magrite, o tapete e tudo o mais. História de um mito, ou o romance como narração de um mito. O Amor como Mito e arquétipo fundamental no jogo da vida Avalovara reproduz, na estrutura em palíndromo,uma mandala configurada num quadrado e numa espiral representando a ordem cósmica. Como esta ordem se rege pela entropia, daí o seu caráter multifacetado, anárquico buscando o personagem principal da obra,o scriptor,o leitor reinventando-se (inventar e inventando reinventar-se) Uma arquitetura poética,labiríntica, ubíqua, de utópicas emoções . Meta-linguagens infinitas regidas por uma geometria ,uma matemática a procura da palindromia graalica Julio Cortazar em seu “Jogo de amarelinho” também cria o personagem do scriptor semelhante a Avalovara Em seu “a volta ao dia em oitenta mundos” incorpora a linguagem do mass-medium permitindo que o leitor viaje literalmente em um segundo Embora a metalinguagem seja ancestral,estórias dentro de estórias (como a “torah “ou “As mil e uma noites”) a incorporação do universo multi-midia é recente com Jonathan Safran Foer em sua duas obras. Os personagens existem como alter-ego do autor.São fragmentados revelando histórias reais que se se articulam com ficções arquetipicas que convidam o leitor ou o espectador (na versão cinematográfica a descobrir a essência do fatos e o cenario contemporâneo com personagens interpretando simulacros atemporais. È evidente novamente que se trabalha com o Bricolage, a colagem e o mosaico dentro da tradição da literatura americana A vida é sonho para Calderom de La Barca , e teatro é vida para Shakespeare. Calderon de La Barca se inspirou nos trágicos “autos da fé” inquisitórios para realizar sua obra. Shakespeara na revolução Coperniana da astronomia Para Shakespeare ,a vida também é sonho ,efêmera e portanto cenário legítimo da morte e assassinato .Quadro vivo de uma época onde a tragédia se mesclava a ironia de um tempo em mutação,um dialogo entre a violência e a moral,a revolução astronômica,o contato com um mundo novo,as Utopias de Tomas More Macbeth é metafísico quando passa enfrentar o nada.Antes senhor do mundo o agora aterrorizado enfrenta seu “não-lugar” velado por sua ignorância cega Mas jamais nos desprendemos desta SOMBRA que trata Jung e que Herman Hesse chamou de “TEATRO MÁGICO” , o nosso percurso entre o Eu e TU onde somos muitos e ninguém,e num terceiro nível somos singulares.Um caso de amor na morada sombria e louca da droga,da musica e do sexo. Tanto as leis da natureza ,como as normas da cultura somos um entre muitos:qualquerismo como diz Garcia Bacca ou normose como nos diz Pierre Weil como filósofo e Jean Pierre Leloup como religioso e Roberto Crema na psicanalise Estes nos tornam “bordeliners” vivendo entre a loucura e a criatividade. A coisa,o caos ,o caso e a casa representam a tríade recorrente do ego,super ego e e o id ,do animus,da anima e da plenitude. Do significado,significante e do símbolo O homem é o único animal que vive através do símbolo num contexto diabólico. Villem Flusser em sua “História do Diabo” e Bertrand de Jouvenel em sua” Teoria das Conjecturas” traçam este papel deste homem em três níveis. O Ego ,sua Biblioteca e o Mágico instado a uma constante criatividade numa viajem diabólica.Diante do nada é conjectura,projeto e designio Em “Anna dos seis aos dezoito” o cineasta russo Nikita Mikhalkov mostra a antiga União Sovietica aos olhos de sua filha ,de criança ate a idade adulta.Há neste olhar cinematográfico dois personagens que exercitam a percepção da existência,habitam um mundo com uma memória e um desígnio incerto. “a linguagem é a casa do Ser, nela habita o homem “ Heideger Bachelard na sua Poética do espaço ,o homem esta no céu como o céu está no homem. Nos habitamos a casa mas o universo poético habita em nós. Em ,(Ar)risc(ar), a perene alquimia do abrigar , o teólogo e filosofo Antonio Marchionni fala como metáfora fundamental a pagina que é dedicada a filha do autor mostrando um desenho de sua casa quando tinha 5 anos. Um esboço de uma escada de Jacó diante de uma azul infinito ;Marchionni lembra que esta morada escondia uma dimensão sagrada cuja coluna vertebral era a a escada que ligava a terra ao céu .Uma escada com todos degraus e formas diferentes cujo objetivo não era subir nem descer mas ascender e descender .Cinco andares que se articulam num “Bricolage” como fala Vera Bonemassu na sua análise semiótica desta casa .Um mundo re-ligado onde a criança aprendeu a conviver com todos os perigos .A casa passou a habita-la A Esta linguagem busca o sêr desta menina através do desenhos ,fotos ,vídeos ,e sua percepção do e no espaço desde os 5 anos até os 22 . “Casa da Estrela” como denominou esta habita-ação é a sincronia destes fenômenos cujo tempo singulariza. “Eu ,minha biblioteca e a magia do teatro” estão presentes no meu todo pois as palavras de uma vida tem uma mesma origem :teoria,theorein,teatro,contemplação,sagrad “O homem habita no poeta” Holderlin O corpo a casa e o mito de Sísifo A alegria é a prova dos nove” Oswald de aAndrade Nove vezes nove ´oitenta e um ,oito mais um é nove,nove menos nove é zer Como a soma dos algarismos do primeiro termo deu igual ao resultado (0), a soma está correta. O arquiteto tem sido discípulo de uma Utopia prometida mas somos testemunhas da “morte” do arquiteto diante do fracasso da arquitetura e dos problemas reais que afetam a crise da habitação e a qualidade urbana edificação e na cidade. Diante disso consideramos dois textos post mortem como autopsias ,Collage City(1973),escrita por Collin Rowe e F.Koetter e “Morte do autor” de Roland Barthes Dentro de uma perspectiva contemporânea a”Morte do autor”estuda a relação entre a literatura e a critica literaria ou seja a produção propriamemente dita (ou realizada) e a escritura sobre o produto.Este modelo serve para qualquer campo de criação e em particular a arquitetuta. Na “morte do autor” esta presente numa critica a obsessão do humanismo moderno sujeito ao autor e sua biografia como expressão do individuo estendendo-se na contemporaneidade como negação do leitor e do usuário A questão da “autoria “ se desfaz diante do personagem que Barthes chama de scriptor Baseado numa inter-textualidade recria constantemente o texto onde funciona uma mecânica constante de ler e escrever .Portanto o Scriptor é ao mesmo escritor e critico do que faz. A palavra Script provem da idéia de um roteiro em andamento um “work in progress” Barthes ao criar o Scriptor revela a tensão do momento estruralista,pós histórico utilizando de um modelo inegavelmente semiótico onde a de-construção e a nomeação determina novas metalinguagens Na morte do Arquiteto identificamos como protagonista a discussão da arquitetura moderna através dos olhares sociológicos,antropológicos,psicanalíticos e da História e teoria da arquitetura Em primeiro lugar tratando de dismitificar o conceito universal do projeto e a introdução de metodologias de projetação dando ao arquiteto um idioma e uma linguagem . Após isto há uma tendência oposta com leituras ecleticas como “a arquitetura sem arquiteto” “vernacular””autoconstrução” e as modernas técnicas de ‘escrita automática e a morte do arquiteto Os arquitetos modernos e contemporâneos passam a sofrer criticas que provem de outras disciplinas tais como a antropologia,a sociologia e a psicanálise. Collen Rowe coloca pela primeira vez as contradições entre as idéias utópicas da arquitetura e suas conseqüências de fato.Os arquitetos modernos e os críticos não estavam preparados para fenômenos como a Disneyworld e o Archigram ou Coolhas . . Tupsicanalismo e a mística judaica Só a mistica judaica em particular a Cabala pode entender porque a alegria (Simcha) é o novesfora do tupsicanalismo de Mario e Oswald de Andrade Porque a prova dos nove busca o zero ,o nada,o “tohuvabohu” que é a imensa transcendencia no infinito , a felicidade no sentido mais pleno do verbo e seu principio (davar,dvorá, a mesma raiz de verbo ,palavra,abelha,mel,trabalho) "Os futuros historiadores chamarão, talvez, à nossa época: o SÉCULO DO SUBCONSCIENTE" (Carpeaux, 1946, p. 347) "Ela não veio com certeza... Que bem me importa! Saiba a cidade de S. Paulo Que nela vive um homem feliz!" (Andrade, M., 1980, p. 97) Existe um pais ,acho que é o Brasil onde as pessoas são felizes (Mayakovsky") “escutar” é a “Alegria da prova dos nove ( a interpretação numerológica) O Teatro mágico de Herman Hesse faz parte de um dos livros mais fascinantes acerca do “conhecimento do ego”,O lobo da |Estepe.É uma construção complexa de muitos Eus .Enquanto a obra de Kafka é uma reflexão sobre o ego e seus escritos são fortemente simbólicos onde se observa uma visão global com uma vasta ironia e terror ligado a vida do autor O Lobo da Estepe ,ao contrário,é fragmentado.Não se sabe quem são os personagens e qual a relação com Hesse e os leitores .O personagem principal Harry Haller (alter ego de Herman Hesse) é o próprio lobo solitário,isolado do mundo,da sociedade e sem passado Para Hesse, as pessoas necessitam se confrontar com a morte para viver a vida intensamente Esta idéia recebe tratamento especial no Lobo da Estepe Em uma cena complexa e fantástica ,Harry Haller comparece a um Jam-session onde se droga no Teatro Mágico do jazzista Pablo. Num estado transpessoal Herman achando Pablo e Herminia(o) adormecidos lado a lado, acabando de esfaquear o transsexual Ainda fantasiando, imagina uma conversação com Mozart sobre a necessidade de aprender rir e permanecer atento a um só ideal onde é condenado à vida eterna pelo assassinato desta figura imaginária. Mozart de repente se torna Pablo que desaparece, com Herminia(o) no bolso de colete até Haller recobrar os sentidos retomando o jogo de vida, sofrendo suas agonias mas capaz de sorrir como Mozart. , libertando-se dos limites convencionais e artificiais. O Lobo da Estepe é neste sentido uma obra revolucionária,uma metalinguagem, um jogo da amarelinha, um texto dentro de um texto como a alma dentro do corpo As cenas mais tênues do Lobo da Estepe formam uma interseção intrigante entre o enredo, o autor, uma alta percepção visual, e o ambiente de Hesse. No Teatro Mágico extingue –se a o elo entre o ego , a mortalidade, e a ubiquidade é claramente a revelação da experiência enteogenica ou uma intuição proveniente do cubismo,do Dadaismo de artistas como Picasso, Braque e Gris de que desenvolveram à idéia da pintura viva. “A Arte não é a verdade. A Arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade". Pablo Picasso Uma das variantes deste movimento foi a COLAGEM sobre a superficie da pintura. "A colagem em fotografia é um modo para viajar... Deve ser usado com habilidade e precisão se desejamos chegar [...] A colagem é um idioma ,um hieróglifo flexível de justaposição: Uma colagem faz uma declaração." - WSB (1962) William Burroughs que fez diversas experiências enteogenicas ( inclusive com a Yahuasca ) se utilizou da colagem para representar este universo onírico.Só o Mosaico,o bricolage ,a justa-posição pode se aproximar deste estado. Talvez o mais importante estes trabalhos revelam Burroughs que recria em muitas formas uma composição visual o "Interzone" do seus romances, uma "cidade imaginária" que era "uma combinação de Nova Iorque, Cidade do México e Tangier" nos quais ele "constrói narrativas alucinatórias, com suas características interconetadas" Com a incorporação de numerosos elementos pessoais--fotografias levadas por seus companheiros Gysin e Ginsberg, onde se vêm além de suas imagens e de seus amigos, paisagem de lugares onde havia vivido e viajado--as colagens encerrram temas autobiográficos e inspirações ainda não escritas do autor. Não se pode deixar de estabelecer uma relação com os “Caçadores de Andróides” e “Matrix” que também usam a idéia do “inter-zone” e a “cidade imaginária” eclética vivendo um sonho (virtual) e um desígnio alucinatório .Ambos os filmes usam a técnica do “Bricolage” e a sublimação similar à boneca do Teatro Mágico (a andróide ) Num mega-evento em Londres Bourroghs utiliza o OXone de William Reich e diversas “dreamachines” (maquinas de sonhos que farão parte de seus livros “ O lobo da Estepe é uma COLAGEM literária ,como o Mosaico de Walter Benjamin o autor pinta um romance enquanto escreve e escreve enquanto pinta Uma pintura entremeando elementos da vida pessoal,e os reconstruindo numa entidade independente . Enteogenia,fantasia,realidade e ficção são os elementos desta obra que demonstram uma relação com a psicanálise e o desejo de explorar o subconsciente De acordo com Jung “Todo homem leva dentro de si a imagem eterna de mulher, não a imagem desta ou aquela mulher de particular, mas uma imagem feminina definida... chamada 'anima'." Desde Demian e sua “marca de Caim” ,Sidartha e no própria “arte de viajar” Hesse dialoga com a psicanálise e a espiritualidade seja na procura de sua essencia dual anima-animus,a sexualidade,o complexo de Édipo (na relação de Emil Sinclai com Eva) e a metafísica. Em seu “Jogo das contas de vidro” percebe que só o silencio de um “magister ludi” pode ensina-lo a dialogar com o mundo”folhetinesco””,fragmentado,superficial lembrando as teorias de Huizinga em seu”Homo Ludens” O personagem Herman,Hermine são alter-ego do autor e a transformação de Hermine em uma boneca é o ponto crítico desta narrativa. Bachelard em sua “psicanálise do fogo” mostra a tendência dos aditos a minituarizar suas viajens alucinógenas e lembra os autores infantis,a maioria alcolatras. Alice no País das maravilhas é um exemplo onde o mundo é habitado por pequenos personagens dialogando hora com seus espelhos hora com seus monstros até encontrar a plenitude. “Alice no País das Maravilhas” o clássico de Lewis Caroll é uma longa e fabulosa experiência enteogenica cujos personagens são similares ao Teatro Magico de Harry Heller O autor como Hesse, brinca com a normose e falsa sanidade . Desde o começo, se faz presente o mito de Chronos, do tempo, representado pelo coelho confuso que está sempre com pressa, . E uma Alice (Hermine)que passa a segui-lo sem nunca alcançá-lo. Com a aparição do gato de Cheshire(Pablo), que não só tem o hábito de aparecer e desaparecer subitamente, como muitas vezes deixa para trás o seu sorriso marcante,(Heller e Mozart e arte de rir) podemos fazer uma relação direta com um dos alter egos de Alice (os diversos eus de Harry Haller) Um provoca-o a tomar decisões diferentes das que tomaria normalmente, criando dúvidas em sua cabeça e levando-a a explorar novas situações. Fica bem clara a “transição” de Alice que está passando da infância para a adolescência e experimentando, muitas vezes com medo e sofrimento, a vida de adulta. A analogia do “chá das cinco”, que tem sido apresentado como uma crítica a Inglaterra,trata-se evidentemente de uma comunhão de um coquetel alucinógeno, oferecido por um senhor cujo nome é “Chapeleiro Maluco”( no tatro mágico é o bolso do colete) Quem o bebe fica extremamente empolgado, rindo (como Haller aprendeu com Mozart a sorrir) Uma das cenas mais indiscretas e perturbadoras da obra de Lewis carrol é que Alice fuma um narguilé, oferecido por uma enorme lagarta ou um oroboro (que significa a roda da vida,similar ao bolso do colete cuja forma se parece ao oroboro)e o tabaco ,ópio ou haxixe, é o que ajuda Alice a fazer uma relação referente à problemática de seu tamanho( a boneca do Lobo da Estepe).Diante do terror desta viajem Alice indica um cogumelo (outro enteogenico) para superar este estado Alice entrando uma floresta onde nada, inclusive ela, tem nome algum,ou seja,é um qualquer. Na leitura poética de Alice diante do espelho se perdem o tempo,a geografia e o território e mais uma vez arquétipos recorrentes se sucedem quando Alice Vê a tempestade e corre para a floresta parando sob uma grande árvore.Não seria quiçá a arvore da vida?O que liga a terra ao céu? E esta nuvem se parece a um corvo maior que a arvore e bate asas como um furacão.Não seria este corvo-tempestade ou arquétipo do corvo ´Prades implacável. do mito de Pericles,o corvo sinistro de Poe Reven que no espelho significa Never ,nunca ou seja atemporal,infinito. Este espelhamento de Poe nos coloca a questão de que ao não podermos ter certeza nenhuma de que os nomes que damos às coisas correspondem ao que elas são de fato e ao sermos muitos somos ninguém ,nos damos conta do absurdo que é a “realidade” Vemos também o senso de justiça presente no Rei de Copas e a loucura exacerbada de sua Rainha, no baralho, representada por Judite, uma personagem bíblica, que retrata a história de Arfaxad, rei dos medos e que justifica a ira e a força empregadas na famosa frase “Cortem-lhe a cabeça!”(parar de pensar,ou sonhar,no teatro mágico o assassinato de Pablo e Hermine) Como o Gato de Cheshire afirma " aqui somos todos loucos "( no Lobo da estepe é o teatro só para loucos) a volta à realidade nada mais é que uma dimensão de singulariedade (ou prosaica como escreve o autor). Como em diversas culturas ambas as histórias tratam do que se chama o “rito de passagem”. Ambas constituem pelo conteúdo e forma uma linguagem revolucionária,ambas são metalingüísticas,textos que falam de textos e ambas são colagens,bricolagens poéticas sublimes No caso específico da dissertação analisada pelo filosofo Antonio Marchionni o “Arriscar” a alquimia do abrigar presente na tese .Arriscar como risco e representação é o “rito de passagem “ presente no processo interativo (alquimia) de habitar (ou abrigar-se) Alice é o nosso componente feminino nosso “anima” e sua história é uma viajem do “herói” como diz Claudio Naranjo um encontro com a plenitude. Conceitualmente em O Lobo da estepe ,Hermine nunca foi real mas era indubitavelmente o anima ,o lado feminino de Haller , e sua sublimação no contexto da fantasia induzida pela droga , permitiu sua liberação espiritual e o encontro da plenitude ou “self” A habit-ação portanto é um “ritual” ,uma celebração que festeja a existência humana que encontra “lugar” o “repouso” onde o sonho é real como a vida (Calderon de La Barca) e se centra no mais intimo do ser.Mircea Eliade considera o ato de morar uma hierofania,uma manifestação do sagrado carregado de epifânias simbólicas anterior à clausura. A habit-ação é o que torna o ser “espaciante”.Êle é centro e periferia, campo de energias temporais ,um processo de atu-ação. Toda cosmogonia adota uma visão especifica da natureza,da realidade e da história ordenadas por um discurso espacial.Tal representação é o próprio mundo (cosmos) que se contrapõe a noção de caos,de dês-ordem.O discurso,a narração ou estória não quer ser história,factual,um tempo paralisado quer ser mais uma fábula como diz Derrida onde o homem deixa de se-lo e converte-se em personagem com sua própria mascara , simulacro do que não é . Os heróis míticos,Orfeu,Prometeu,Narciso são simulacros,mascaras de outros personagens mas habitando alguram o reconhecimento do outro e ao serem lidos habitam a si mesmos Podemos assim ler o mundo como é ,ou seja ,um teatro da inter-atuação e finalmente entendermos que a nossa obra é na verdade uma complexa construção do mundo que insere a nossa cosmovisão dentro de uma criação coletiva.É um “work in progress” uma obra inacabada porém continua ... Lyn Margulies e Dorian Sagan (o que é a vida pg 31) fala de H.Maturana e F.Varela que vêm no metabolismo a essência da vida a que deram o nome de “autopoiese (auto,si mesm) e poieis poiesis ,fazer poesia)” ou seja a autopoese é a produção continua pela vida O que observamos no homem como nos ensina a psicanalise é que existem duas ordens uma consciente que obedece o discurso da razão e outra inconsciente que obedece o discurso da emoção. A realidade é um conceito de realidade ,um dado em si do que se pensa como real,uma fotografia estática. O importante,porém,é saber qual é o “sentido”que esta complexidade tem e sua relação com o corpo,a consciência e o mundo-como observou Merleau-Ponty.Diz respeito primeiramente á percepção.Perceber é uma “intenção”antes de tudo.(existe uma consciência voltada para um objeto que é exterior a ela).A percepção começa através das relações que o corpo estabelece com o mundo,constituindo seu “espaço próprio” .O espaço Vivido como afirma Gisela Pankow se refere ao processo entre o apresentado e a representação .O presente é o espaço da imaginação onde se dá a ligação entre o corpo e a mente. Na análise que Pankow faz em seu livro “O espaço vivido” do filme Dersu Usula de Akira Kurosawa mostra a complexa relação do presente(a percepção),o vivido e a construção (a representação) quando O topógrafo russo e o caçador siberiano enfrentam uma severa tempestade de neve,o siberiano percebe rapidamente e constrói o abrigo demonstrando em que medida este fenômeno da percepção ,da imaginação e o real se dão.Atrás disso há uma enorme dimensão simbólica porque para Dersu há alma em tudo e o espírito mágico da criação é que determina suas ações concretas Merleau-Ponty ao referir-se a imaginação usa um paradoxo, a falta de imaginação quando trata da pintura em O olho e o espírito comparando-a com a fotografia: O artista é que é verdadeiro, e a foto é que é mentirosa, porquanto, na realidade, o tempo não pára. Para o topografo russo o tempo pode ser fixado ,representado pela matemática e pela geometria.Entretanto para Derzu o tempo é dinâmico,é vivo e tem uma dimensão transcendental Os desenhos da casa Vaidergorn e do Projeto Sol tem como objetivo evidenciar estas duas perspectivas ,da percepção e da imaginação.Estas percepções demonstram os estágios da transformação da criança fruto do universo simbólico inerentes no ser humano similares aos relatos infantis,mitos dos povos primitivos,poesias,sonhos Porque então o imaginário quer seja literário,artístico ou arquitetônico não poderia ter origens inconscientes? A obra literária ou arquitetônica são tão significativas quanto os sonhos e fantasias,onde os personagens nascem e renascem como um drama num cenário projetivo,simbólico e criativo. No plano da literatura e das artes há inúmeros trabalhos enfocados sob a perspectiva da psicanálise e a psicologia analítica de Jung. Além da casa Bolligen de Jung que foi analisada pelo autor, na arquitetura há um raciocínio subjacente que se manifesta na análise do objeto Há também uma semiótica da arquitetura desenvolvida por Umberto Eco Renato de Fusco e Decio Pignatari ,mas é recente as incursões nesta área e ainda mais precisamente através dos cenários da literatura que aborda dos nos seus relatos diversas de diversas formas seja ela a casa,o lugar,a paisagem.Ou seja há uma análise do objeto enquanto projeto e edificação mas não sob seu caráter simbólico. Neste trabalho enfocamos a questão da representação através da vivencia e criatividade de uma criança dentro de um principio temporal que distingue o espaço externo e interno.Há o espaço objetivo-claro,translúcido-fiel a realidade,fotográfico - e o espaço subjetivo-obscuro,opressor- do sonho,infantil,da arte e do habitar.Há ainda o espaço da configuração,do percurso na arquitetura e no cinema onde a temporalidade se faz presente e pode ser analisada através de tipologias ,modelos,sintaxe e semântica. ________________________________________ . Foi Freud é que nos apontou esta ruptura essencial para a compreensão do ser humano .A afirmação positivista “Penso longo existo” é substituída pela transdução Lacaniana da frase de Descartes “Penso onde não sou,portanto,sou onde não penso”. O ser não se identifica ao pensar,o homem é um ser onde o pensamento é sobre-passado por um universo que é mais que o pensamento ,que é a estrutura do pensador. Nisso Lacan e Krishnamurti se encontram porque antes do pensamento ha um pensador ancestral que constrói seu discurso para ser pensado.Sem a consciência deste cruel ordenador nada se transformará. Neste “cogito” o lugar da verdade esta precisamente em admitir que há um lugar também para o desconhecido. Krishnamurti se refere a um dos seus mestres “Quem disse que encontrou o Buda,não encontrou a Buda” Quem disse que encontrou o sentido da vida,não encontrou o sentido da vida Quem entende só de arquitetura ,não entende nada de arquitetura. “As idéias sempre engendram conflitos.Se você só entende de livros ,de esquerda ou direita,de livros sagrados,então depende de meras conjecturas,sejam elas as de Buda,de Cristo,do capitalismo,do comunismo...São ideias,não a verdade.Um fato nunca pode ser negado.Mas a conjectura sobre o fato pode ser negada ” ( a liberdade primeira e ultima) O bem maior do homem é que gera idéias.O mal maior é que se afunda nelas. Conjecturas que se impõem, mas são somente idéias imagens,riscos,ilusões.É esta a teoria de Krishnamurti.Somos um outro que nos possui,um outro no invadem com uma autoridade divina e logo nos controlam.Krishnamurti nega a qualquer tipo de autoridade seja ela religiosa ou espiritual inclusive a sua própria. Krishnamurti não nega a validez das idéias emergentes de uma atividade intelectual mas nega toda e qualquer manifestação de natureza egoica. Do ponto de vista judaico , o monoteísmo bíblico coloca uma posição similar .No Decalogo Deus é indefinível,--”não terás outros deuses” e Deus em si não é também definível.Em conseqüência não há divindade possível ,não há representação igual ou similar,só conjecturas .Deus é indizível,o infinito que se fez nada (tohuvabohu),o não eu do meu eu.O eu é inimigo de si mesmo.Este eu se crê livre mas está encarcerado pela representação do que é a liberdade . “Liberdade significa ser livre de qualquer temor ,qualquer forma de resistência.A liberdade verdadeira implica num movimento em que não haja isolamento nenhum...” Krishnamurti A liberdade requer”espaço”.Espaço é “vazio de”.O contrario é “ocupado”.O espaço é vital para todo ser. “Nossas mentes estão tão ocupadas de tantas idéias que não há espaço nem entre dois pensamentos” nem para amar-se . “onde não há afeto para si mesmo procura-se afeto nos outros”(Princípios do aprender).Este outro que Martim Buber chama de “Êle” trata-se do impessoal.Se é impessoal é coisa,matéria.Um outro coisificado,um qualquer ,objeto de uso que substitue o afeto nos seu sentido mais profundo.Um amor que jamais satisfará o nosso vazio.. Nós somos escravos Diz Krishnamurti e para sermos livres devemos atravessar o deserto dos condicionamentos das escravaturas.É por isso que na Páscoa judaica repetimos. “Escravos fomos no Egito e lembremo-nos que se não fôssemos libertos estaríamos cativos até hoje” Nos lembramos que fomos escravos e sofremos ainda as conseqüências desta escravidão porque ainda adoramos o bezerros de ouro. Krishnamurti vê na fragmentação do homem,em hierarquias ,em valores como responsável pela dês-umanizaçaõ . Sri Aurobindo fala “o homem antes de tudo é um ser social,um individuo.Mas o individuo não é ainda homem, ´um projeto de homem .A vida é projeto, a história é projeto. O homem se encontra na alma,uma alma que deve realizar-se ,que não nasce,faz-se.Crer-ser buscando no divino,não como culto ou religião mas numa hierofania singular “ O ser-essencial é algo oculto;nãoé seu corpo,nem sua vida,nem sua mente por mais que a evolução do homem seja o ser-mental,o Manu (o ciclo humano). Manu é a energia mental,criadora mas poucos acenderam ao grau superior do ser_essencial. Há um arquétipo recorrente deste ser essencial,Moises no Monte Sinai,Jacó e sua escada e Jesus no sermão da Montanha,uma força ascendente que busca algo superior,sua plenitude. Entretanto ao mesmo tempo que se alcança um desenvolvimento do individuo, sua existência se torna um peso,um vazio e sua liberdade perde-se no rebanho das massas,aquilo que Heidegger chama de “Das man” o se: vive-se ,compra-se ,vai-se , rie-se ,dança-se e faz o que todos fazem. Há uma história hassidica que fala de um estudante que queria saber quem era Deus.Foi a um mulah sufí e este lhe disse.-Pronuncie o nome de Allah muitas vezes e Este te dará a resposta.Depois de muitos anos sem uma resposta procurou um filosofo para responder o que é a vida e este lhe respondeu :--leia os grandes mestres e assim terá uma resposta.Passado mais alguns anos já idoso e tendo lido a maioria dos livros que existiam , e não encontrando uma resposta foi a um rabino cabalista e perguntou: o que é a morte?. O sábio lhe respondeu :esqueça tudo e vá dormir..... Dormir,sonhar são metáforas do inconsciente.A cabala nos ensina que ao nascermos sabemos ,a vem um anjo ,assopra, e esquecemos . Ela se refere não ao saber intelectual mas um conhe-cimento ancestral sob domínio da alma e seu guardiões.A “Torah” é o instrumento de recordação.A cada momento estamos nos lembrado de um significado .Harold Bloom em “a cabala e crítica” fala das diversa interpretações do “livro do esplendor” em partícula o termo “tohuvabohu” Podemos de-construir um objeto,nomear sua partes,identificar suas relações mas é no plano metafísico que encontraremos a sua razão de ser. Uma é diabólica e a outra é simbólica.Uma é gerundica,faz-se no tempo e a outra é intransitiva habitada pelo universo mágico .Diabólica (dia-abulum,que separa as partes) e Simbólica (sinbolum,que junta as partes) Villem Flusser em sua “história do diabo) advoga o principio existencialista do fazer e fazer-se como o responsável pela evolução material .O diabo(Satan) ao construir a “civilização”deleta toda dimensão simbólica,(alma,nefesh,atman,tas)destrói os valores do inconsciente,da magia,do fantástico,do moral e ético , os verdadeiros significados na construção das coisas. Ao analisarmos a percepção de uma obra arquitetônica por uma criança podemos ver que não é uma dimensão fotográfica mas muita mais um exercício de imaginação. Qual a relação do projeto (da “intenção) ,da concepção do arquiteto e a percepção da criança? Partimos do principio que o risco,o croqui que expressa as idéias mais abstratas do arquiteto se assemelham a percepção da criança.De certa forma a criança re-cria a obra edificada a partir de sua imaginação. Partimos também da crença de que existe uma força ,arquetípica que determina o principio de toda concepção arquitetônica.Se estabelecermos um método comparativo não somente identificaremos tipologias construtivas mas um universo simbólico rico em significados de natureza psíquica. O sentido deste trabalho não é o de criar uma semiótica do projeto arquitetônico nem tampouco uma psicanálise do pensamento arquitetônico.Primeiro é a de identificar as semelhanças analíticas do ponto de vista da edificação e o caráter simbólico da obra e depois identificar os mecanismos de percepção da criança e sua imaginação simbólica. O trabalho navegará entre os textos arquitetônicos , a análise do objeto arquitetônico e finalmente da psicologia .É esse o percurso entre o desígnio e o signo e o símbolo.Este é o pórtico deste trabalho o que é preciso e o que não é preciso. Para consubstanciar nosso trabalho utilizaremos além dos teóricos da psicanálise e da psicologia analítica , mestres da Teoria da arquitetura e do objeto como Bruno Zevi Rudolf Arhein ,Renato de Fusco,Charles Jenks,Rob Krier,Norberg Schultz ,Umberto Eco,assim como o pensamento poético de Oscar Niemeyer e o discurso semiológico de Decio Pignatari. O processo criador é inexplicável porque irrompe nas profundezas do Ser.A arte no seu sentido mais amplo é dos fenômenos essenciais da nossa vida.O espaço da imaginação é a fonte de onde se formam as imagens em que se estruturam as idéias Como disse Bachelard:Os pólos da poesia e da ciência são primeiramente inversos.Toda Filosofia deseja tornar-se poesia e toda ciência as une complementando-as como dois contrários harmônicos” La psicanalise Du feau ,Gallimard A “experiência originária” como concebe Merleau Ponty além de ser estruturante é filogenética no sentido que se estrutura como um conjunto interrelacionado de linguagens e metalinguagens “um esquema sublinguistico ou espírito de uma civilização.Porém,trata-se da descrição do próprio momento da experiência, a emergência do significado e o ato de dar significado que é próprio do homem. Para Jung,a noção de inconsciente coletivo se dá através do espaço vivido,tomando corpo,forma,transformando-se revelando-se nas artes,na literatura ,no cinema,na dança,na arquitetura e nas linguagens que se estruturam através de imagens. Estas imagens que se manifestam em todos os povos e épocas são os “arquétipos” ,núcleos ancestrais da psique que habitam a imaginação,tem vida própria e existem de modo autônomo.Quando Jung descreve os arquétipos da anima e do animus,da grande mãe ,do velho-sábio,do self, esta sempre se referindo ao seu caráter singular entrando e saindo da consciência do individuo.Observaremos mais adiante como a igreja de Ronchamps de Le Corbusier expressa claramente o espírito da Madonna reconhecida através de cortes longitudinais do projeto que se assemelham aos quadros cubistas do próprio autor e de sua atmosfera de sombra e luz que nos lembra o mistério do sagrado e de como Frank Lloyd Wright rompendo com sua linguagem tradicional projeta o Gugenhein Museum como uma espiral, ou Oscar Niemeyer na Catedral de Brasilia representando a transcendência através de um discurso espacial que se inicia num túnel escuro e vai dar num espaço iluminado. O Projeto Sol, enfim, expressa um conjunto de arquétipos mas é através dos desenhos de crianças que identificamos as questões de percepção e imaginação entrelaçadas no que entendemos por mitopoética.Ao se instalar no centro uma arena,um espaço teatral a criança interpreta a si mesma Neste teatro que é a psiquê humana os arquétipos estão presentes independentemente do tempo e espaço e seus personagens dialogam com os conteúdos da vida prosaica. Segundo Jung a o termo inconsciente coletivo foi utilizada para que abrangesse a idéia de uma consciência ampliada onde o mistério e a fantasia estão presentes.

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